Hora de ir ambora

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- Os onigiris estão uma delícia, Karin! Sasuke-kun ajudou?

- Não muito, ele estava um pouco desajeitado, sabe? Deve ser difícil só com um braço. Mas ficou me fazendo companhia.

- Ah.

Lembrei-me do tempo em que a casa de Sasuke-kun tornou-se só nossa, éramos algo entre amigos e amantes. Pessoas normais chamariam isso de namoro, mas não sabia dizer se dava para definir dessa forma.

Naquela época, fazíamos as compras juntos e ele cozinhava para mim quase sempre que nossas refeições eram completas. Ele gostava, estava acostumado, e fazia pratos deliciosos. Senti um aperto no coração por saber que era um hobby que meu marido não conseguiria mais dominar.

- Aí, Sakura. Você vai me contar sobre o tempinho a sós de vocês ou eu vou levar um gelo como Sasuke-kun me deu?

- Nossa, por que parece que todo mundo está interessado no nosso relacionamento? E... você perguntou pra ele?

- Uhum... Péssima ideia, eu sei.

Karin encolheu os ombros e mordeu seu onigiri. Eu soltei uma risadinha nervosa, me perguntando de onde ela tinha tirado aquela coragem. Eu ficaria com a cara no chão se Sasuke-kun me desse uma cortada. Ele tentava ser um pouco mais manso comigo, mas eu sabia que não tinha esquecido nada sobre como cortar as asinhas de alguém.

- Foi muito renovador. Obrigada de novo por ficar com a Sarada, ok?

- Tá, mas só isso? E essas pulseiras aí?

- Foi um presente. Lindas, não são? Quer detalhes?

- Rá! É o meu pagamento.

Soltei uma risada e comi mais um pouco para escolher as palavras com cuidado. Engoli a comida e disse apenas um pouco mais do que meu marido gostaria.

Me inclinei para sussurrar para Karin.

- Levei ele pra um motel.

Ela se afastou com a boca bem grande.

- Quê? Sasuke-kun é todo conservado, como fez ele entrar num lugar desses?

Eu soltei um riso comigo mesma, amando o fato de que ninguém fazia ideia do quanto ele se expunha para mim quando ninguém estava olhando. Meu marido sabia mesmo como esconder suas versões.

- Nós cedemos às vontade um do outro de vez em quando, fazemos acordos, é assim que funciona. Deu um trabalhão, mas aprendemos a confiar um no outro.

- Tá, tá, mas como foi no motel?

- Maravilhoso.

- Sério?

Eu assenti. As lembranças vieram tão rápido que não consegui segurar o sorriso.

- Ai, meu Deus! Tanto assim?

Karin avisou, indicando minha blusa molhada de novo. O leite vazava sempre que eu me contraia, mesmo sem perceber. E fiquei morrendo de vergonha porque Karin também sabia disso.

É culpa daquele Uchiha!

- Hum, preciso me trocar.

Avisei, saindo da mesa às pressas.

- Ok...

Karin deu um aceno vago. Eu tinha quase certeza de que a cabeça dela estava tentando construir o mesmo cenário que eu tinha guardado nas memórias. E eu nem falei demais dessa vez, foi meu corpo que me denunciou.

Sasuke-kun e Karin compraram roupas para mim e para Sarada com o passar dos meses da gestação, então agora bastava eu ir para o quarto onde minha filha passava a maior parte do tempo e escolher uma roupa nova, um pouco grande para mim agora. Ao chegar lá, porém, encontrei as cartas que tinha visto no quarto mais cedo. Não as li porque pensei que fossem para o meu marido, mas já que elas estavam abertas e largadas ali agora, deduzi que ele tinha deixado para que eu lesse também. Sasuke-kun e Sarada provavelmente tinham saído para passear juntos. Eu não me preocupava, não tinha como algo passar por cima da proteção do meu marido de forma imperceptível. Eles estavam bem.

O Silêncio do UchihaOnde histórias criam vida. Descubra agora