O Silêncio do Uchiha

Foi Uma Despedida

Eu fiquei de almoçar com Naruto e Sai naquela tarde -não me deram escolha-, então decidi que precisava trabalhar em algo rápido pela manhã, que não ocupasse mais que seis horas, para que eu pudesse abrir a pausa para o almoço sem deixar nada feito pela metade. Contando com isso, foi a manhã que escolhi para terminar a formatação do projeto financeiro do meu clã com os conselhos que Kakashi me deu e as novas informações que recebi de um dos organizadores dele.
Eu já estava terminando a revisão quando pressenti uma nova presença. Fingi ignorância e tédio, para que a pessoa notasse que eu estava ocupado, me interromper não era uma opção para qualquer um que fosse. Mas não funcionou... Essa insistência me indicou uma única pessoa.

- O que está fazendo aqui, Sakura?

- Ops! Fui pega...

Eu ainda não tinha me virado quando ouvi ela entrar na sala, pulando pela janela.

- Eu tirei um tempinho para vir ver o meu marido.

- Você não deveria fazer isso.

- Hmmm... Vamos lá, seja bonzinho comigo.

Eu senti os braços de Sakura me rodeando por trás, logo o peso dela se fez sentir em minhas costas.

- Não deita em mim.

- Sasuke-kun...

Ela resmungou meu nome lentamente, ainda toda solta contra meu corpo.

- Vamos lá pra casa?

- Ainda estamos no meio do dia. Os hospitais estão te confundindo de novo, Sakura.

- Eu sei as horas dessa vez, mas quero um dia com você. Estou sentindo sua falta.

- Hm, péssima ideia. Você tem aqueles tais compromissos que exigem sua presença imediata.

- Eu decidi me dar o resto do dia de folga hoje, mas só vai rolar se você topar ficar comigo. Vamos lá, vai ser só eu e você presos em casa, prometo que você vai gostar.

- Com certeza eu gostaria.

- Então... qual é o problema?

- Eu já disse: você tem trabalho a fazer, Sakura.

- Esquece isso por um momento.

As mãos da minha esposa abaixaram e subiram de novo, mas dessa vez por baixo da minha blusa.

- Para ser sincera, eu vim a fim de conseguir uma rapidinha com você, mas quando te vi... A saudade ficou maior que o tesão.

Eu larguei a caneta na mesa, virei algumas folhas para ocultar o conteúdo e girei dentro dos braços de Sakura. Ela ajeitou a postura e levantou a cabeça para me olhar com um biquinho.

- Eu posso ser rápido, se ainda quiser isso. Quer a minha boca? Meus dedos? Os dois? Ou mais?

- Ah, Sasuke-kun... Qual é?

Com as mãos agora em minhas costas, ela abaixou até minha cintura e me puxou mais para perto.

- Eu estou pedindo mais que isso, por favor. Eu quero um tempinho com você. A gente anda tão distante desde a lua de mel... Você ainda está chateado quanto àquilo? Quer conversar agora?

- A gente não vai ter essa conversa. Eu nem penso no fato de nosso tempo ter sido pisoteado.

- Sei...

- É sério. E aí? Você ainda não escolheu. Eu tenho quinze minutos.

- Um abraço, Sasuke. Seria bom começar com um mero abraço, o que acha? Já faz dois minutos que estou te abraçando e você nem levantou suas mãos para retribuir o gesto.

Havia uma considerada dose de chateação na voz da minha esposa, foi o que eu precisei para perceber que estava sendo indelicado com ela de novo. Soltei um suspiro devagar para que fosse baixo, e então abracei Sakura com força. Eu sabia que me faria bem.