O dom de não deixar Sasuke bravo

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Com a mão sobre a pia do banheiro da suíte do motel, eu estava olhando o pequeno relógio e acompanhando cada segundo quando a minha esposa prendeu a toalha ao redor do corpo e veio até mim.

- Hummm... Sabe de uma coisa, querido?

Ela me abraçou por trás, espalmando as mãos no meu abdômen e no meu tórax.

- Posso ficar de joelhos aqui mesmo e retribuir o favor que me fez quando entramos nesse quarto, basta você querer.

Ela deslizou as mãos para baixo pra tirar a toalha dos meus quadris, mas eu segurei.

- Eu tô bem.

Aquela resposta fez os olhos da minha esposa ficarem enormes pelo reflexo do espelho.

- Quê?

Eu nunca tinha negado ganhar um boquete, então Sakura percebeu rapidamente que eu tinha um motivo muito relevante para ter essa primeira vez, ainda mais porque sentiu com as mãos que sua simples sugestão me deixou semiereto por baixo do tecido da toalha.

Suas sobrancelhas rosadas franziram. Eu não sabia se ela estava mais surpresa pela rejeição ou por algo ter feito eu deixar meu tesão de lado. Intuitiva e esperta, o olhar dela recaiu para o relógio perto de onde minha mão estava.

- Você quer ir embora.

Minha esposa concluiu, deitando o rosto nas minhas costas, assim eu não podia ver sua expressão. Ouvi sua respiração profunda e senti o suspiro na minha pele.

- Certo, eu esperava ter vinte e quatro horas com você, mas consegui dezesseis.

- Desculpe.

- Não, você provavelmente está certo.

Sakura me abraçou tão forte que segurei a respiração.

- Eu fui ingênua em pensar que conseguiria um dia inteiro só nós dois. Mas estou feliz pelas horas. Obrigada, Sasuke-kun.

Ela tentou me soltar, mas coloquei meu braço sobre os seus e apertei em mim mesmo.

- Desculpe.

Repeti, sentindo o gosto ainda mais amargo que minha preocupação em tempo integral tinha quando sobrava para Sakura também.

Ela beijou minhas costas.

- Para de se desculpar... Você sabe como eu sou, fico feliz demais e esqueço da realidade. É bom que me dê um alerta de vez em quando.

Virei nos braços da minha esposa e encarei seus olhos diretamente.

- Vamos voltar para a nossa filha, Sasuke-kun.



Eu odiava aquele esconderijo, tinha nojo das minhas decisões, sentia o pesar das emoções que tive enquanto ali estava. Me deixava claustrofóbico. Mas ainda assim foi um alívio estar de volta.
A voz na minha cabeça só ficou baixa quando Karin apareceu com a Sarada no colo.
Está viva!
Aquela criaturinha cheia de cabelos escuros viu eu e Sakura e soltou um gritinho, estendendo os braços. Um estalo agradável fez meu coração pular e bombear o sangue morno dentro das veias.
Karin colocou ela no meu colo e se virou para Sakura com os olhos brilhando de curiosidade... Foi quando notei que Ino, Naruto e Kakashi não eram os únicos sempre a fim de saber o que acontecia entre mim e a minha esposa. E como sabiam que eu não diria nada, tentavam tirar informações com a Sakura.
Em outro ano, eu teria achado isso um inconveniente, mas agora tomei um tempo para nada além de abraçar a minha filha.
Com cuidado. Ela ainda é bem pequenininha.
Eu precisava me lembrar o tempo todo. Já tinha me apegado à delicadeza de um bebê.
Sarada, porém, não estava nem aí para o meu afeto. Ela tateou meu peito e babou na minha blusa, procurando por algo que não encontraria em mim.
Ouvi a risada de deboche da minha esposa e olhei feio pra ela.

O Silêncio do UchihaOnde histórias criam vida. Descubra agora