Coroa de Flores

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Recebemos uma carta ao amanhecer. Minha águia mensageira trouxe uma missão.
Eu reconheci os kanjis da Shizune e não pude culpá-la por aquilo, pois não fiz nenhum pedido sobre deixar missões de lado enquanto estava fora com Sakura, embora devesse ter feito.
Konoha precisava de informações de uma pessoa que estava na divisa entre o País do Fogo e o País do Ouro, bem onde estávamos. Sakura se prontificou antes mesmo do café da manhã, mas eu jamais poderia concordar com a ideia de colocar ela e uma futura vida em contato com uma pessoa supostamente perigosa.
E foi como nós combinamos em casos assim: Sakura cedeu à minha preocupação e me deixou assumir. Nós nem discutimos dessa vez... Mais uma vez, nossa relação se fazia provar com os mais malucos dos acordos que criávamos um com o outro.
Não havia pretensão alguma sobre usar a minha antiga abordagem para conseguir as informações, mas ainda assim... Não sei se era porque havia uma mulher grávida perto de mim o tempo todo, ou porque escrevi uma carta para Karin recentemente e eu já a machuquei antes, não sei... Mas por algum motivo, eu estava me sentindo extremamente relutante sobre invadir a mente de uma outra mulher. Estava sensibilizado de um jeito ao qual não podia me permitir. Não queria machucá-la, e embora eu soubesse que minha invasão seria certeira, estava tendo um pouco de dificuldade para comer, incomodado com a minha própria ideia.
No final das contas, o mais importante era terminar com isso rápido o suficiente para que Sakura não mudasse de ideia e resolvesse se envolver.
Sentados à mesa do café da manhã, Aiko e os irmãos já estavam a todo vapor. A minha esposa também se distraiu fácil com nossa companhia.

- Para onde vocês estão indo agora?

- Para o País da Luz. Sasuke-kun disse que tem algo que preciso conhecer lá.

- Ah! A mamãe e o papai sempre nos levam para passar o réveillon lá. É lindo demais!

- Jura? Todo mundo diz isso! Então eu ficaria feliz se nosso bebê nascesse no País da Luz.

Um estalo de hashis e tossidas interrompeu todo o clima relaxado da manhã. Meu chá esfriou na boca e as cabeças viraram na minha direção. Eu sabia o que estavam pensando: ele vai ser pai?
Já era de se esperar. A minha esposa era como um anjo, a melhor na medicina ou na maternidade, com certeza. Não havia nada que ela não pudesse fazer e não dava nem para duvidar de suas capacidades. Já quanto a mim...

- Vocês estão esperando um filho?

- Ou uma filha.

Sakura respondeu com uma felicidade que me fez querer chorar ali mesmo. Eu faria tudo de novo por nós dois.

- Agora? Quer dizer, você está grávida agora?

- Estou, sim.

Os três irmãos nos parabenizaram, embora o crédito fosse claramente todo da minha esposa. Eu podia sentir a insegurança deles quanto a mim na paternidade. Eu sentia o mesmo.

- Faz quanto tempo?

- Estamos na décima terceira semana agora.

Metade da décima terceira semana. Noventa e três dias. Duas mil, duzentas e trinta e duas horas. Agora só faltam mais cento e setenta dias, mais ou menos, até o bebê chegar à vida...
Eu fiz minha contagem diária já involuntariamente, prestando atenção na conversa enquanto colocava na boca um pedaço de salmão grelhado.

- E quanto ainda falta?

- Mais ou menos umas vinte e sete semanas.

- Você está com medo, Sakura-san?

- Não. Estou muito animada, na verdade. Eu sonho com a maternidade há muito tempo!

- Então você e Sasuke-kun decidiram isso juntos?

Aiko fez a primeira pergunta que não recebeu uma resposta imediata da minha esposa. A mesma quis ganhar tempo comendo o café da manhã, e eu assumi para não ter que fazê-la responder aquilo.

O Silêncio do UchihaOnde histórias criam vida. Descubra agora