O Silêncio do Uchiha

SasuSaku Extra #5.1

Era uma noite quente de verão em Konoha.Eu dormi com a janela aberta para deixar correr a brisa fresca, mas acordei com algo além disso. Ou alguém.

Foi a sensação de estar sendo observada que me despertou. Infelizmente minha visão demorou a funcionar de forma que eu pudesse entender quem era. E quando entendi, ele já não estava mais lá...

- Sasuke-kun!

Eu chamei, pulando da cama tão tonta que até tropecei.

- Sasuke! Volta-

Me calei assim que me dei conta que estava gritando pela janela no meio da madrugada.

O que tinha acontecido?

Olhei para os dois lados: a rua estava vazia.

- Meu Deus...

Apertei o punho contra meu coração acelerado. Aquilo nunca tinha acontecido.

Já acordei sentindo-me observada ao longo dos anos, mas achei que fosse paranoia minha. Dessa vez, eu tinha certeza de tê-lo visto. Ou Uchiha Sasuke estava aqui, ou eu estava definitivamente enlouquecida.

O relógio na mesinha de cabeceira me mostrou que eram quatro horas da manhã. Ofegante, voltei para a cama e me cobri até a cabeça, tentando processar o que tinha acontecido.

Impossível, era melhor dormir.

Se ele estava mesmo ali, não queria ser visto. E para o meu coração apaixonado, bastava saber que seu dono estava vivo e por perto.

Isso me confortou de tal maneira que o sono voltou depressa, junto ao cansaço acumulado da semana. Abaixei o cobertor da cabeça e me aconcheguei na cama.

Esta aqui!

Me sentei num pulo ao ver sua silhueta na minha janela de novo.

- Espera, não vá!

- Eu não vou.

O sussuro de Sasuke-kun era como o bufar de um felino arisco: baixinho e profundo.

- Eu não consigo ir.

Seus movimentos não emitiram som algum quando ele entrou pela janela e a fechou.

Com medo que ele sumisse de novo, eu me estiquei na cama para acender a luz do abajur. A pouca claridade revelou seu olhar matador para mim.

Meu marido tinha o tipo de imagem que gritava para todos tomarem cuidado, a representação carnal de ameaça. Apesar dos meus pelos arrepiarem e da minha visão se atentar às penumbras do quarto como se estivesse em uma situação de perigo, eu era atraída para ele. Apenas isso.

- Você está mesmo no meu quarto? Não estou sonhando de novo, estou?

Me aproximei tão cautelosamente quanto se faz com um gato rueiro que não quer que fuja de você. Levantei da cama, parei na frente dele e toquei seu rosto.

Ele estava gélido e recuou ao toque da minha mão por um segundo, como se tivesse se esquecido de como é receber um toque gentil. Mas seu corpo reconhecia o meu. Pertencia a mim. E fácil assim, ele esfregou o rosto da minha mão, me aceitando e pedindo por mais.

- Minha nossa...

Minha voz saiu baixa e trêmula.

- O que é que você está fazendo aqui, Sasuke-kun?

- Eu precisava ver você. Precisava de você.

Sua confissão teve um efeito potente na liberação de endorfina do meu cérebro, me deixando tão alegre que eu quase ri. Ele, por outro lado, parecia decepcionado consigo mesmo.