Sozinhos por um dia - Parte 1

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Segurar Sarada no colo foi uma das experiências mais incríveis da minha vida. Sasuke-kun estava certo: ela era muito pequenininha. Leve. Delicada. E estava esfomeada.

Eu pensei que não dava para ficar mais feliz do que já estava, até que consegui amamentá-la com uma facilidade incrível, e me senti ainda melhor. Ela se comportou e se alimentou... cinco vezes nas últimas três horas. Eu não sabia que recém-nascidos mamavam tanto.

Sarada tinha olhos claros como os meus, mas Karin riu de mim quando eu comemorei a semelhança.

- Ela ainda está desenvolvendo a melanina, então os olhos vão pigmentar. Se eu fosse você, não comemoraria tão cedo... Aposto que vão ficar escuros como os olhos de Sasuke-kun.

- Poxa, Sarada... Eu te carreguei por sete meses. Não poderia parecer um pouquinho mais comigo?

- Já era de se esperar. Dizem que quase todos os Uchihas tinham cabelos bem escuros. Os genes deles são dominantes, obviamente.

- Me custou muito introduzir os meus genes a esse clã, ok? Um dia vamos ter um Uchiha de cabelos rosas ou olhos verdes para me representar em uma outra geração.

Eu falei sério, mas acabei gargalhando junto à Karin, animada com a esperança de estar certa. Todos os Uchihas a partir daqui teriam um pouquinho do meu DNA e seriam lindos e fortes como eu e o meu marido. E falando nele...

Sasuke-kun não falou muito hoje. Ele parecia muito esgotado, mas ficou esperando por mim durante várias horas, assistindo Sarada como se fosse de outro mundo, até que o sono o obrigou a desligar. Ele dormiu na cadeira por quinze minutos e depois acordou de novo.

Meu marido pensava que não entendia a nossa filha, mas os dois já tinham criado uma compreensão particular. Era isso o que eu conseguia ver no jeito cuidadoso que ele segurava a mãozinha dela enquanto nossa filha mamava. Um dia se daria conta da conexão que tinham. Até lá, eu o deixaria lidar sozinho com o novo sentimento. A maternidade era novidade para mim também.




Bastou os três primeiros meses para que Karin se provasse certa novamente: os olhos da Sarada estavam escurecendo progressivamente. Ela estava crescendo e respondendo bem a tudo o que um bebê normalmente fazia. Eu estava completamente apaixonada. Ela era a coisinha mais linda.

Embora eu estivesse certa sobre querer ser mãe, não sabia explicar de onde vinha essa vontade. Já agora, é como se as coisas nem precisassem de justificativas. Eu sei que não são todas as mulheres que querem isso, mas comigo o sentimento era bem real, então sinto como se tivesse alcançado mais um dos meus sonhos.

Eu passava a maior parte do meu dia mexendo nos cabelinhos dela, conversando com ela, amamentando e amando-a. Ainda era cedo demais para sentir falta da vida de antes, mas confesso que foi cansativo desde o começo. Ter uma pessoinha dependente o tempo todo é um desafio e tanto.

Sasuke-kun aprendeu muito também. Ele mantinha seu hábito discreto de conversar com a nossa filha quando acreditava estar sozinho com ela -ok, ok... eu deveria dar espaço para eles, mas às vezes ouvia um pouquinho.

Ele também aprendeu a trocar a fralda da Sarada com só uma mão, aprendeu a acalmá-la, a reconhecer o que queria dizer com cada choro, e ele foi o primeiro capaz de encontrar um padrão no sono dela. Eu e Karin ficamos boquiabertas, pois pensamos que Sarada ficasse cansada de modo aleatório e isso estava me deixando maluca.

Mas de alguma forma, Sasuke-kun notou que o sono dela seguia um calendário que se repetia de quinze em quinze dias, dependendo de quão confortável estava. Isso facilitou muito as coisas, tornou mais previsível os momentos em que ela se acalmava.

O Silêncio do UchihaOnde histórias criam vida. Descubra agora