- O que você sente, Sasuke?
A voz da minha mãe... Era mesmo a voz dela... Eu tinha me esquecido que soava desse jeito. Era linda. Tentei dizer a ela que eu sentia saudade, mas ela não correspondeu, e então repetiu a pergunta:- O que você sente, Sasuke?
- Eu não sei.
- Por que você não sabe?
- Eu não conheço.
- Você é um pequeno ser humano, meu filho. Você conhece os próprios sentimentos.
- Não, mamãe. Eu não os conheço.
- Sasuke.
- Eu não sei.
- Então eu vou partir.
- Não vá, não...
Eu repeti para ela que sentia saudade e que não queria ficar sozinho, mas ainda assim o cenário mudou.
A minha mãe era linda e forte, e no final a minha última lembrança era o cheiro do sangue dela.- O que você sente, Sasuke?
A voz mudou. Se tornou a mais familiar de todas, aquela que fazia meu coração bater feliz até morrer.- Irmão... Eu não sei.
O cheiro que vinha dos corpos ensanguentados ficou mais forte, a voz de Itachi ficou mais alta, minha cabeça mais pesada e as cores, se contorceram.
Ao abrir meus olhos, a gravidade não era mais maçante do que sempre fora. Eu me sentei depressa na cama e agucei a audição.
Eu tenho que ouvir mais uma vez! Eu ainda quero ouvir a voz dela!
Contudo, eu me dei conta de que já havia me esquecido novamente. Estava lá em algum lugar, mas eu era incapaz de acessar.
Eu cobri o nariz com o braço e olhei ao redor, me perguntando de onde vinha aquele cheiro horrível. Rapidamente e sem a minha permissão, o acesso errado se fez na minha memória e eu lembrei da coisa errada.
Ah, meu Deus...
Meu estômago girou e a bile subiu até a garganta. Eu tropecei no caminho até o banheiro, mas consegui fechar a porta e me agachar na frente da privada a tempo.
Quando cheguei no ponto em que não tinha mais nada para ser colocado para fora da minha boca, dei a descarga e cheguei um pouco para trás, ainda no chão, apoiado à parede. Coloquei os braços sobre os joelhos, onde descansei a testa e aguentei firme, ciente de que não ia adiantar implorar.- Sasuke-kun, o que houve?
Eu não levantei a cabeça, mas a voz de Sakura indicava que já estava ao meu lado.- Tudo fede! Não dá nem pra respirar.
- Querido... Não tem cheiro nenhum.
- É o sangue. É o cheiro do sangue da minha mãe. Está por todo lado! Você não está sentindo?
Eu levantei a cabeça para encará-la e, mesmo que não tivesse me dado uma resposta, eu enfim notei pelo jeito que me olhava... Era coisa da minha cabeça de novo.
Foi assim até os meus dez anos. Eu sempre demorava para perceber que não era real, então tomava banhos, abria as janelas e jogava minhas roupas fora quase toda semana, acreditando que o cheiro do sangue estava preso a mim. Mas já tinha completado uma década desde que consegui bloquear essa memória também, não entendia por que deixei escapar agora.- Sasuke-kun, isso não é...
- Real. Não é real.
Ainda bem que não é real!
Uma vez que a percepção foi realizada, se tornava quase fácil me desprender e deixar o cheiro voltar para o seu lugar nos baús de memórias bloqueadas na minha mente... Era para o meu bem.- Preciso escovar meus dentes.
Eu fiquei de pé bem rápido, mas quase na mesma velocidade voltei ao chão. Sakura me segurou pelos braços na metade do caminho e tentou me abraçar, mas eu me afastei e repeti que precisava escovar meus dentes. Eu não ia deixá-la se aproximar de mim quando tinha acabado de vomitar as tripas na privada.
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O Silêncio do Uchiha
عاطفية✅ HISTÓRIA CONCLUÍDA ✅ E se a história jamais contada por trás do relacionamento entre Haruno Sakura e Uchiha Sasuke fosse descoberta? SasuSaku é o casal mais intenso do anime(Naruto), e apesar disso, infelizmente não foi relatado sobre o longo traj...