O Silêncio do Uchiha

Eu e Ela

- Como é que é, Sasuke-kun?

Ino está com um olhar de reprovação em sua íris, lançando-o a mim. Isso é irritante.

- Quero que distraia a Sakura enquanto eu estiver fora, faça companhia a ela.

Repeti o meu pedido pela segunda vez.

- Mas... Por que vai sair de novo? Você nunca para em Konoha.

E o que você tem a ver com isso?
Reprimi minha impaciência, afinal, ainda estou falando com Ino porque quero sua ajuda.

- Você tá sempre saindo...

Dei de ombros para os protestos contínuos e desnecessários.

- Eu realmente preciso que você foque em sua amiga agora, Ino. Então, vai fazer o que estou pedindo?

Ela se encostou no batente da porta de sua casa, franzindo o cenho para mim.

- A Sakura não precisa da ajuda de ninguém para viver a vida dela. Ela é forte e independente, você sabia?

Porra, é claro que eu sei.
Nesse momento, Ino realmente está conseguindo me irritar.

- Não estou pedindo para cuidar dela, apenas faça com que se divirta. Estou confiando isso a você agora, Ino. Não deve ser difícil, você é amiga dela.

- Claro que sou!

Franzo levemente meu cenho diante do seu tom de voz, sem entender por que ela está sendo rude comigo. Eu apenas quero o bem-estar da Sakura, não estou pedindo muito.
Começo a ver Naruto como minha última esperança em segunda proteção da minha Flor de Cerejeira, já que a "amiga" dela não parece interessada. Mesmo que eu não pretendesse contar sobre a minha ida ao meu amigo...

- Tudo bem.

Ino enfim diz, com a voz fraca de repente, talvez envergonhada.

- Tudo bem?

- É... Eu vou ficar de olho na Sakura. Afinal, ela é minha amiga.

Só agora se lembrou disso?
No fundo, ainda quero confiar isso ao Naruto -o que ainda não é a uma boa ideia.
Com a resposta de Ino, assinto em agradecimento e me viro para ir embora, mas paro quando ouço-a dizer algo mais.

- Como pretende me agradecer?

Como é que é?
Me viro para encará-la novamente, que balança a cabeça para mim.

- Vou fazer algo que me pediu, então também deve fazer algo que eu peça quando eu precisar.

Já não basta fazer com que a Vila continue pacífica para você viver?
Ela é mesquinha e infantil, estou perdendo meu tempo.

- Eu não fico devendo nada a ninguém, Ino. Se não quer fazer isso, pode simplesmente dizer, mas não vai nem pensar em me submeter ao seu egoísmo. Esqueça.

Volto a me virar, partindo com a certeza de que procurá-la foi uma péssima ideia.

- Sa-Sasuke-kun! Não leve tudo tão a sério... Nossa!

Continuo andando, sabendo pela voz de Ino que está logo atrás. Não pretendo insistir ou explicar de novo algo que ela já entendeu, então não perco meu tempo.

- Espera um pouco, você anda muito rápido.

Minha visão periférica capta o movimento da mão que tenta tocar meu ombro, então me viro a tempo, evitando que ela toque em mim. Meus pés firmam no chão e não me importo de encarar Ino com toda a minha impaciência, o que a faz recuar no mesmo instante.
Diga logo. Diga logo o que tem para me dizer antes que eu seja rude.

- Sasuke-kun...

Ino vira o rosto e seu perfil me mostra que está intimidada. Não precisei abrir a boca para ser rude, afinal.
Por que todos aqui são tão sensíveis? Não sei lidar com pessoas assim.

- Eu. Estou. Te. Ouvindo.

Me esforço para dizer calmamente, cerrando os pulsos sob a capa.
No fundo, sei que Ino não tem nada a ver com minha irritação. Não posso descontar isso nela.
Lentamente, a mulher a minha frente volta a olhar para mim, balança a cabeça com um aceno positivo. No momento em que sua franja loira balança e encontro seu olho direito, vejo aquele olhar de quem tomou uma decisão.

- Não se preocupe... Eu sou devota à minha amiga. É que... Me irritou que tenha vindo pedir isso a mim, porque não precisava, eu sei qual é o meu papel na vida da Sakura.

Ela cruza os braços enquanto eu procuro qualquer rastro de palavras falsas, por uma fração de segundos.
Ótimo.
Aceno com a cabeça, relaxando os dedos das mãos. Ino se vira e percorre o caminho até entrar em sua casa novamente, só então posso soltar e o ar dos pulmões.
Minha Flor de Cerejeira não estará sozinha.