O Silêncio do Uchiha

Ele merece paz

Eu vi meu marido abrir os olhos através das lentes da minha mais nova filmadora digital.

- Bom dia, gostosão.

Sonolento, ele fez um beicinho e enfiou o rosto no travesseiro, fugindo da gravação. Para a minha sorte estava deitado de bruços e eu gravei aquela bunda bem-feita.

- Sasuke-kun vai ganhar um tapa se continuar bobeando com a bunda pra cima.

- Sério...

Eu ri, subindo em cima dele e me deitando em suas costas. Levantei a câmera para nos gravar.

- Uchiha Sasuke não dorme muito, mas quando dorme, ele fica preguiçoso.

- Tô com sono.

- E eu tô com tesão, você não quer?

Houve um segundo de silêncio, e então Sasuke-kun começou a se mexer embaixo de mim. Eu ri enquanto era jogada para o lado na cama.

- Tô brincando com você, bobinho. Agora dá um sorriso para a câmera, vai.

- Não.

- Ih... Parece que alguém acordou de mau-humor.

- Tenho consulta hoje.

Ele comentou, voltando a deitar a cabeça no travesseiro. Eu entendi imediatamente seu desânimo e deixei a filmadora de lado para que ficasse mais à vontade em falar sobre isso comigo.

Por mais que eu tenha torcido para que as consultas mostrassem algum progresso, meu marido ainda não parecia nada confortável. Eu sabia que ele estava fazendo um esforço enorme porque eu e Kakashi sensei pedimos, por mim e Sarada, mas as coisas não pareciam estar correndo como deviam. E essa seria a terceira consulta, então eu meio que esperava que ele já estivesse ao menos aceitando o psicólogo.

- Do que é que vocês estão falando, querido?

Tentei conversar, a fim de fazer com que ele visse tudo com mais naturalidade, mas o que aconteceu a seguir me pegou de surpresa.

- Escuta, Sakura. Tem algo que eu não te contei. A consulta de hoje não é com o psicólogo.

Sasuke-kun se sentou.

- Eu recebi um encaminhamento para o psiquiatria na semana passada.

Com a boca aberta e o coração na mão, eu me sentei também.

- Semana passada?

Sasuke-kun não repetiu, só virou a cabeça para o lado oposto ao que eu estava e puxou o cobertor para cima das pernas.

Havia alguma coisa errada. Ter que começar a tomar remédios era o maior medo dele com relação à medicina, era por isso que não queria ir ao psicólogo. E agora que aconteceu, eu não conseguia acreditar que passou a semana toda sem me contar.

- Por que não me disse nada? Uma semana inteira e nem pensou em me falar?

- Você está de volta à Konoha e está tomando conta dos dois hospitais, contar só faria a sua semana desandar. Você ia querer ficar em casa de novo, em cima de mim como se eu precisasse de algum apoio emocional.

- Bem, normalmente as pessoas precisam em situações como essa.

- Eu não preciso.

Ele saiu da cama bem quando eu abri a boca pra falar, então quase gaguejei, muito perto de me distrair com sua nudez.

- Odeio isso, sabia? Aqui dentro você deixa eu ser ausente por causa do trabalho e dos amigos, e lá fora você deixava eu me distrair com as novidades do mundo. No fim das contas, acho que você só usa meus compromissos como desculpa para manter uma distância que considera segura.