O Silêncio do Uchiha

Uchiha Sarada

Sakura tinha entrado em trabalho de parte há cinco horas. Os minutos, os segundos, as batidas do meu coração... Tudo estava passando extremamente devagar.

Karin continuava repetindo que ainda não tinha dilatação o suficiente e ver a minha esposa dando duro estava me deixando fora de controle. Os livros diziam que isso era normal, mas não parecia normal para mim. Por que eu não podia fazer nada? Por que não sofria junto com ela? Por que não compartilhávamos todo o trabalho? Era muito injusto que ela tivesse que aguentar tudo sozinha.

As contrações pareciam estar acabando com ela. Eu daria tudo para poder agilizar o processo, mas não era assim que as coisas funcionavam.

Dar à luz... Se era uma coisa natural, por que eu estava entrando em pânico? Queria que Sakura ficasse bem, e tudo indicava que ela não estava nada bem.

Na sétima hora, os ossos da minha mão estavam quase sendo esmagados pelo aperto da mão da minha esposa. Eu não soltaria por nada. E na hora seguinte, eu estava implorando.

- Karin...

- Cala a boca, Sasuke! Vamos lá, Sakura. Você pode fazer isso!

E de repente, o tempo parou completamente.

Eu ouvi o suspiro da minha esposa mais detalhadamente que nunca, indicando que havia ativado meu Sharingan por puro instinto. Vi o sorriso no rosto da Karin. Senti o aperto na minha mão relaxar. E ouvi um choro. Meus pelos se arrepiaram.

Foi como se plumas brotassem no meu cérebro e se acomodassem no meu crânio, como se meu coração não precisasse bater e meus sentimentos não precisassem pesar. Era uma nova vida...

Algo cresceu no meu peito e transbordou nos olhos até deixar minhas bochechas molhadas.

Ela chegou.

- Rá! Eu acertei: é uma garotinha!

Karin comemorou, e a risada da minha esposa chamou a minha atenção. Ela era realmente muito, muito, muito forte. Rir depois dessas últimas sete horas foi arrebatador.

- É a Sarada.

Sakura anunciou, pegando-me de surpresa com o nome -mas ficou claro que ao menos Karin estava ciente da escolha.

- Sarada.

Eu quis dizer também, só para experimentar o nome saindo da minha boca. Parecia como um paraíso construído em trinta e duas semanas.

Sarada era pequena e frágil, e só parou de chorar quando Karin a colocou ao lado da mãe, avisando que precisaria levá-la para a assistência dos aparelhos logo, logo.

Os cabelinhos de Sarada eram escuros como os meus, mas o afeto instantâneo era um traço da Sakura.

Sentindo-me o homem mais sortudo do mundo, deixei que minhas emoções cumprissem o trabalho através da minha Kekkei Genkai e registrei as duas pessoas que eu mais amava juntas.

Eu morreria com aquela lembrança cravada em mim mais fortemente que minha própria alma.

- Vou levá-la agora e volto para cuidar de você.

Karin anunciou, contente demais para notar os apitos ensurdecedores das máquinas ligadas à minha esposa. Nós dois tivemos um estalo. Tinha algo errado. Tinha muita coisa errada. Absolutamente tudo errado.

O coração da minha esposa não estava mais batendo. E, como se as vidas ainda estivessem completamente conectadas, minha filha voltou a chorar com ruídos que assustaram a mim e a Karin.