Distantes Em Breve

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Carreguei a Sakura para a minha casa.

Na metade do caminho ela acordou uma vez, vomitou, e voltou a dormir.

Droga!
Me pergunto se eu dei esse trabalho para ela quando me carregou bêbado.

Empurro a porta de casa com o pé e a mesma se fecha, tranco rapidamente e subo com a Sakura para o banheiro o quanto antes, evitando que acorde e vomite por aí.


- Ei, fique acordada.

A balanço um pouco no meu colo e depois coloco a mesma sentada em um banco perto da banheira, que ligo para encher com água morna.

- Sa-Sasuke-kun... Tô com frio, volta aqui.

Ela resmunga e estende as mãos como uma gatinha carente. Uso todas as minhas forças para negar com a cabeça.

- Tira a roupa, Sakura.

Estico meu corpo e ando até uma prateleira ao lado da pia, olho entre as espumas e sais pra preparar o banho para ela.

- Nã-nã-nina-não! Gosto muito mais quando você tira... E eu também quero aqueles seus beijos pelo meu corpo, e o seu pau. Ah... Com certeza o seu pau!

Meus lábios se esticam um pouco enquanto seguro a vontade de rir. Não estou acostumado com ela sendo tão sincera.

- Não é pra isso, Sakura. Quero que tire a roupa pra tomar banho.

Ouço-a bufar atrás de mim.

- Huh! Vai ser você quem vai me banhar?

Escolho os sais em que está escrito "Flor de Cerejeira" no potinho -que ironia- mas como não tenho o costume de usar isso, minha escolha se baseou no "pressiona e relaxa" escrito no rótulo.
Irônico, realmente.

Disperso meus pensamentos idiotas e volto para o momento.
Espero que isso realmente ajude.
Me viro para colocar os sais e as espumas na banheira. Repentinamente me pego encarando os seios da Sakura e, por respeito, minha primeira reação é desviar o olhar. Mas volto a olhar para ela quando me dou conta de que está com a blusa presa em volta dos braços e da cabeça.

- Sa-Sasuke-kun, isso não sai...

Ela resmunga enquanto deixo os sais e a espuma de lado para ir ajudá-la.
Agarro a blusa e a puxo devagar por cima do corpo da Sakura, desviro a peça de roupa, que quase cai das minhas mãos quando mais de 100.000 fios de cabelo cor-de-rosa aparecem repentinamente logo abaixo de mim.

- Obri... Obrigada.

Ela está me abraçando e sorrindo.
Sakura está sendo perigosamente ingênua demais para lidar comigo agora.
Me apresso a sair do seu abraço e, diante do seu olhar confuso, jogo os sais e deixo as espumas se formando dentro da banheira. Então me viro novamente para guardar os potinhos.

- Hã! Olha, Sasuke-kun! Espuma! Eu vou tomar banho com bolhinhas!

Minha cabeça entra em parafusos com essa mistura de ingenuidade e perversão que constitui a Sakura bêbada.
Um minuto, pede por mim, e no outro, olha completamente fascinada por nada mais e nada menos que uma banheira com espumas.

- Que lindo...

Ela entra na banheira logo após conseguir terminar de se despir, me apresso para desligar a água antes que transborde.

- Vou buscar uma toalha pra você.

- Eu posso usar a sua.

Ah, eu gosto dessa ideia.

- Poderia, mas eu quero usá-la também.

Os olhos dela se arregalam e colam em mim.

- Você também vai tomar banho? Por que não vem comigo?

- Porque não.

Respondo já saindo do banheiro.

Ao retornar, encontro Sakura dormindo.
Largo a toalha sobre a pia e me agacho ao lado da banheira, chamo por ela para terminar seu banho sozinha, mas a mesma não responde.
Tsk! Eu devo isso a ela.
Subo as mangas da minha camiseta e ensaboo minhas mãos. Começo pelos braços dela, passo pelos ombros e o pescoço, o colo e os seios também.
Mas meu toque congela quando um pequeno gemido escapa pelos lábios dela.
Está acordada!

- Você é irritante.

Sibilo por entre os dentes e Sakura ri enquanto continuo a limpá-la.

- Eu já entendi.

Ela diz e abre os olhos.

- Não quer se banhar comigo porque vai querer transar, né?

Sua sinceridade volta e me desarma sem aviso prévio, mas não quero me justificar.
Apenas me concentro em limpá-la.

- Sasuke-kun... Não acha que deve ser legal transar bêbado?

Ela solta uma risadinha ao perguntar. Não preciso pensar muito na resposta.

- Não.

- Não? Por quê?

Sakura levanta uma sobrancelhas com disconfiança, e depois as duas juntas, com surpresa.

- Você já transou bêbado?

Eu não respondo, porém infelizmente Sakura já aprendeu que sempre que meu silêncio sucede a pergunta dela, é porque não me orgulho da verdade.

- Nossa! Quero dizer... Nossa!

Pois é, Flor de Cerejeira... Nossa!

- Então, Sasuke-kun, por quê?

Encolho meus olhos enquanto penso na pergunta dela.

- Não sei. Por que as pessoas ficam bêbadas?

- Ah, bem, a maioria faz para esquecer, eu acho. É "um gole de coragem".

Ela ri do que a própria diz, mas para ao se dar conta da mesma coisa.

- Queria esquecer, Sasuke-kun?

- Talvez.

- Queria ter coragem?

- Talvez.

- Então você não queria realmente?

- Talvez.

Para, Uchiha! Por que está se abrindo tão facilmente para essa garota bêbada?
Não, eu já sei qual é a resposta idiota que tenho guardada:
Porque talvez eu precise falar, e talvez ela não vá se lembrar de nada disso amanhã.
Tantos talvez...

- Como foi?

Ela pergunta e sinto sua mão deslizando pelo meu antebraço sob a água, enquanto limpo suas pernas -me sinto tentado a chegar até o meio delas, mas não é certo agora.
Me foco na conversa.

- Confuso. Eu não tinha bebido muito, mas não me lembro de tudo.

- Do que se lembra?

- De fazer como eu sempre fazia, era monótono e coreografado... Ou quase, dessa vez.

- O que deu errado?

Seu toque não me alcança mais quando abaixo minhas mãos até suas panturrilhas.

- Eu tenho flashs. Acho que não quis ir até o fim e tentei parar antes. Não sei.

- Ah, então você não transou bêbado!

Ela acusa como se tivesse pego uma criança mentindo.
Mas não é esse o caso.

- Por que não?

- Porque você disse que tentou parar.

- Verdade, eu tentei.

Penso que Sakura não está entendendo, até eu enfim olhar nos olhos dela.
Vejo o exato momento em que ela capta a situação, fica pálida e muda de repente.
Alivia isso logo, ou ela vai acabar em choque!

- Não imagine coisas. Eu disse que só tenho flash, então nada é certo.

- Sasuke, isso foi abuso.

A voz dela racha minha consciência por um segundo.
Aquelas três palavras após o meu nome me trazem uma sensação estranha e familiar.
Minha dignidade quebra em mil pedaços antes que eu me lembre:
Ela está bêbada!

- Não foi, não.

Digo rapidamente e solto uma risada estranha, quase não reconhecendo minha voz.

- Eu me lembro do dia seguinte, Sakura. Acordei na minha cama, no esconderijo. Escutei Kabuto falando ao Orochimaru que a mulher foi eliminada.

Dei de ombros e voltei a limpar os pés da minha Flor de Cerejeira.

- Nada mais importa.

Olho para Sakura e a vejo inconsciente de novo.
Tento me convencer de que ela dormiu, e não desmaiou por conta das merdas que deixei sair da boca.
Eu bebi um pouco demais também.




O Silêncio do UchihaOnde histórias criam vida. Descubra agora