Lua de Mel - Dia 2

1.1K 44 38
                                    

Tinha alguém me beijando.
Como é que isso está acontecendo?
De acordo com a lei natural das ocorrências e suas consequências, se aplicada a tudo o que fiz, eu deveria estar em cárcere agora, sendo torturado e torturando a mim mesmo, ou talvez morto. Mas o que estava acontecendo era algo bem longe de tais possibilidades.
Minha esposa tinha começado pela minha boca e meu pescoço, agora estava descendo seus beijos um pouco demais pelo meu corpo, então achei que fosse hora de detê-la.

- Sakura, já está bom.

Com o rosto na altura dos meus quadris, ela levantou a cabeça e olhou para mim.
Apoiei-me no cotovelo e não resisti à vontade de deslizar a mão livre por cima de sua bochecha, adentrando os cabelos.
Ela parece ser tão delicada às vezes...
Com o polegar, alisei sua sobrancelha e fiz com que precisasse fechar o olho assim que quis tocar seus cílios.

- Você é extranatural, Uchiha Sakura. Eu deveria temer a sua existência.

Contornei a orelha dela com o dedo do meio.

- E houve um tempo em que temi.

Seus olhos se abriram rapidamente, como faíscas verdes liberadas pela curiosidade.

- Sasuke-kun... Já teve medo de mim?

Minhas sobrancelhas se franziram um pouco, mas eu já deveria esperar sua surpresa.

- Saber que você existia não era lá a coisa mais fácil para mim, digo, há quatro anos atrás. Você era a subsistência mais controversa da minha mente.

Confessei, colocando o cabelo dela para trás da própria orelha.

- Eu queria preservar sua vida. Eis aí o desejo que eu não podia permitir a mim mesmo.

Ver o rosto daquela de quem eu estava falando, e a quem estava falando, tornou mais difícil concluir.

- No fim, as circunstâncias me obrigaram a fazer uma escolha. Você foi a segunda incógnita a quem eu quis responder com a morte.

- E quem foi a primeira?

- Meu irmão, é claro.

Eu tinha matado Itachi e realmente tentei matar Sakura também. Com certeza mais uma parte de mim iria com ela, lógico que sim, mas eu sabia que era o mínimo que eu merecia por cometer tal pecado àquela que me amava.
Era terrivelmente irônico...

- Parece que sou bom em matar as pessoas erradas.

Soltei uma gargalhada bem curta, a qual rapidamente o vento levou e no fim sobrara apenas a dor do fato, como sempre.

- Você não é bom nisso. Eu estou aqui, afinal de contas.

Sakura comentou, deslizando a ponta do dedo indicador entre as extremidades dos meus quadris, de um osso ao outro. Eu acompanhei seus movimentos por alguns segundos, o suficiente para perceber que o carinho dela estava mandando mensagem para mais baixo.

- É. Você está meio certa.

Eu me sentei, tentado pela paisagem à nossa frente.

- Tira a sua roupa. Vamos nadar.

- Sério? Eu quero!

Era bem sério. Eu precisava de bastante água gelada pra esfriar a cabeça.

Aquele era o mar mais claro que já vi. A água era cristalina, ao ponto que dava para ver a areia branca no fundo, às vezes alguns peixes passavam como um reflexo em cores diversas, refletor dos raios solares que alcançavam lá embaixo. Eu já tinha seguido alguns bons metros a partir do ponto em que a água se arrasta na areia, mas até agora a água só batia em minhas coxas. Parecia só ficar mais fundo distante daqui.

O Silêncio do UchihaOnde histórias criam vida. Descubra agora