Festa Surpresa Reversa

457 42 61
                                    

Sakura me devolveu para a cela antes do anoitecer, ela se divertiu me prendendo e me vendando novamente.

Eu cochilei algumas vezes durante a noite -graças aos remédios- e tive um sonho com Sarada, ou talvez apenas uma bela memória. Foi sobre o dia que eu a ensinei a fazer a coroa de flores que antes Sakura ensinara para mim. Foi tão lindo quanto aquele momento. Por isso, eu estava de bom humor quando apareceram para me tirar daquela cela e levar até o tribunal.

Ainda vendado, caminhei pacientemente para onde me guiavam.

- Bom dia.

- Bom dia, senhor.

- Não responde ele, seu idiota!

Segurei a risada, imaginando que fossem dois jounins novatos morrendo de medo de escoltar Uchiha Sasuke.

- Eu não mordo.

Sorri, virando-me para um deles. O barulho de shurikens e kunais tilintou.

- Está derrubando tudo! Toma cuidado!

- Desculpa!

Eles discutiram.

- É, tenha cuidado. Eu mordo, na verdade.

Ouvi o tilintar das armas se virarem contra mim com velocidade; fiquei satisfeito por terem colocado-me nas mãos de pessoas treinadas.

Não eram páreos para mim, no entanto. Mas eu não daria problemas -não hoje. Só estava brincando, feliz por ter conseguido, pela primeira vez em muitos, muitos, muitos anos, ter pensado em coisa boa enquanto dormia.

- Vá em frente e não se mexa.

Continuei parado.

- Meu Deus, você é burro?

- O que foi?

- É pra ele ir ou pra ficar parado?

Houve um silêncio, então uma fungada.

- Eu tô nervoso, cara.

Sorri, querendo muito que Sakura ou Naruto estivessem aqui para ouvir isso comigo.

- Vai.

Subimos a escadaria e eu senti o ar mais leve assim que deixamos o subsolo. Fui guiado para algo que fechou e depois se moveu, me senti incomodado por imaginar que havia pessoas carregando aquilo, sendo que eu podia caminhar.

Eu sabia que não estava sozinho ali dentro, mas deixei pensarem que não impedirem a minha audição ou meu olfato na expectativa de me impedir de saber o que acontecia ao meu redor. Claro, porém, que não funcionaria.

Era uma mulher, eu senti o cheiro dela. Dos hormônios. Além de não ter odor forte de cachorro sujo e lixão, o que já a excluía de 90% de chance de ser um homem.

- Você realmente tirou as bolas daquele cara?

Voz aguda. Uma mulher. Eu acertei. Talvez na casa dos 20 anos? Não sendo muito mais velha que eu, tudo ficaria bem.

- Tirei.

Dentre várias outras coisas que arranquei dele.

- Nossa...

Segundos silenciosos passaram, mas eu praticamente podia sentir a ansiedade dela. Eu não sabia se estava com medo ou se estava empolgada.

- Você parece tranquilo.

- Estou preso em uma camisa de força o dia e a noite toda. Acha mesmo que estou tranquilo?

- Não na sua postura. É na sua voz...

O Silêncio do UchihaOnde histórias criam vida. Descubra agora