Lua de Mel - Dia 3

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Determinei que eu e Sasuke-kun dormiríamos mais cedo essa noite, para que pudéssemos acordar cedo e aproveitar um banho de piscina no hotel após o café da manhã; ele, é claro, iria preferir que gastássemos horas e horas juntos no chão do cômodo principal e na cama. Mas foi bastante cooperativo com meus planos, então adormecemos pouco antes da meia-noite.
O quarto estava submerso na penumbra quando a pressão em meu pulso me obrigou a despertar, assustada e desnorteada, tentando entender o que estava ouvindo.

- Eu vou matar você.

Reconheci a voz de Sasuke. Deduzi que fosse um pesadelo e me apressei a sair da cama antes que ele começasse a lutar, em reação à realidade criada pelo próprio subconsciente, como sempre acontece. Mas não consegui sair do lugar, com o pulso preso dentro do aperto descomunal da mão dele.

- Não quero!

Algo se intensificava na cabeça dele.
Seus pesadelos me aterrorizavam, mas eu estava aprendendo a me defender mesmo nessas horas, então fechei os olhos para deixar o abalo emocional de lado, assim conseguindo concentrar melhor meu chakra, ampliando minha força. Eu livrei minha mão e pulei pra fora da cama.
Com a visão acostumada ao escuro, procurei entender como e onde exatamente ele estava agora.
Sasuke estava deitado de bruços na cama. Os olhos se mantiveram fechados desta vez, tanto quanto os punhos que esmagavam o tecido branco da cama. Com a boca entreaberta e a mandíbula travada, eu via seus dentes presos uns nos outros, rangendo pela força da mordida.
Ele parecia furioso e assustado. E eu queria ajudá-lo mais que qualquer coisa.
Os pesadelos do meu marido tinham dado um tempo nas últimas semanas, mas a julgar o que a data significava para ele, creio que o esteja fazendo mal. Ele não consegue fugir totalmente dos traumas, não pode ignorar as lembranças.
Começou. A parte mais medonha é aquela em que Sasuke perde o controle do próprio corpo e enfim reage, chutando e puxando os lençóis, rugindo, bravo como um leão faminto.
Eu me perguntava qual das situação de sua vida foram responsáveis por levá-lo a tal estado de estresse elevadíssimo, mas as opções são diversas.

- Eu… E-Eu não... conseguia entender.

Ele começou a tremer no meio dos murmúrios.

- Eu não entendia!

Vê-lo assim era tão insuportável que, quando me dei conta de mim mesma, estava de volta na cama, tentando acalmar seu sono, já que não podia acordá-lo.

- Sasuke, por favor-

- Eu matei!

-N-Não… Está tudo bem.

As pernas dele pararam de chutar a cama, mas os punhos continuavam rasgando os lençóis toda vez que ele puxava para si, e então os afastava -por sorte, o curativo na mão direita permanecia em branco. Eu não ousei tocá-lo agora, ainda estava alterado demais.

- Querido, isso já faz muito tempo. Você pode descansar agora.

- Não posso. Não sei… o que fazer com o corpo dele.

Sasuke estava flutuando entre seu sonho e o que me ouvia falando; era loucura! Eu não sabia como ele conseguia ficar preso nessa linha tênue entre o pesadelo e a vida real -o que só reforçava minhas suspeitas de que seus sonhos eram, na verdade, suas piores lembranças.

- O corpo dele vai descansar em paz, Sasuke. E então você poderá seguir em frente.

- Tô cansado.

A voz dele não passava de um sussurro agora, seu corpo tinha parado. Me apressei no momento e estendi uma mão para tocar seu cabelo fofinho, a fim de lhe servir um pouco de carinho enquanto lidava com o pesadelo.
Eu gostaria tanto de acordá-lo. Queria acabar com o tormento.

O Silêncio do UchihaOnde histórias criam vida. Descubra agora