Raissa
O dia das mães foi tranquilo, tirando a falta que eu senti da minha mãe, até que foi bom, deu pra curtir e matar a saudade desse povo.
Sempre considerei mais o pessoal de Mangaratiba do que os meus parentes de Santa Catarina.
Família da minha mãe sempre foi mais presente em tudo da minha vida do que eles, tanto que nem tenho contato e nem intimidade com ninguém, é bem cada um no seu canto mesmo.
A mãe do Wallace se comportou razoável, tentou arrastar asa pro meu tio Eriberto e ele mesmo cortou ela, a de adoro, além de inconveniente ainda é talarica ? Eu hein !?
Sorte a dela é que dona Elaine não viu, se não a giripoca ia piar pra cima dela.
Queria voltar no último final de semana e ficar lá pra sempre sabe ? Minha vida tá um caos, tanto no trabalho quanto dentro de casa.
Wallace e as paranóias dele se tornaram cada vez mais frequentes, tinha dado um tempo no ciúme, mas agora tá ficando cego de novo, obsessão nas alturas.
Pelo a Deus muito discernimento e força de vontade pra trabalhar, só assim consigo pagar a consulta na psicóloga e não pirar.
Esse mês ainda não fui, tinha acertado as contas da casa com o bonito, mas ele gastou a parte dele e eu tive que cobrir de última hora, que ódio.
Hoje parece até que esse homem tá com um encosto, eê. Resmungando o tempo todo, cavando atrás da mancada e não tá achando, tá pensando que eu sou ele.
Wallace - Tu tá de conversa com aquele cara né !?
Raissa - Que cara ?
Wallace - O Fernando! _ se referiu ao um ficante antigo meu.
Raissa - Não falo com o Fernando tem dois anos Wallace!
Wallace - MENTIRA! _ gritou bem perto do meu rosto.
Raissa - Acredita no que você quiser, MALUCO! _ disse já alterada e continuei o que tava fazendo.
Wallace - Você tá pagando! _ parei o que tava fazendo e olhei nos olhos dele _ Tá pagando toda essas conversas com esses caras com a morte da tua mãe, teu castigo aí ó, me traiu e tua conta chegou! _ falou completamente fora de si.
Raissa - LAVA A SUA BOCA PRA FALAR DA MINHA MÃE! _ me descontrolei.
Wallace - Era boa pessoa, mas pagou o preço da tua putaria com a vida! _ me provocou.
Raissa - VOCÊ É UM LIXO, VOCÊ NÃO É HOMEM, NÃO RESPEITA O MEU LUTO, SEU VERME! _ esbravejei e bati nele.
Parecia até que eu tava fora de mim, quebrei copo, o tampo do meu fogão, peguei um canivete que era do meu pai, cheguei perto e encostei no rosto dele.
Raissa - Eu te avisei que ia cansar, você não ouviu, brincou comigo! _ fiz um corte longo e ele me olhou perplexo.
Por um momento de impulso passei o canivete pelos meus cabelos, parecia uma verdadeira louca.
Wallace - Você tá doida! _ me olhou assustado _ Tá possuída, vou ligar pro Wiliam!
Raissa - Agora você firma seu toco, quem procurou foi você! _ apontei o canivete na direção dele, que se afastou.
Corri atrás dele pela casa, Wallace conseguiu chegar no quarto, pegou o telefone e quando tava chamando eu peguei e desliguei.
Ele tentou me segurar pra eu não destruir mais as coisas, tentei me esquivar, mas ele tem o dobro do meu tamanho.
Raissa - Você não vale nada, eu precisando de apoio e você fazendo da minha vida um inferno! _ cuspi na cara dele _ VAI EMBORA DA MINHA CASA!
Wallace - Calma, você tá nervosa! _ tentou acalmar os ânimos.
Eu queria que ele sumisse das minhas vistas, da minha casa e da minha vida, mas ele não sumiu, deitou do meu lado depois do meu surto e ficou comigo até o sono chegar.
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17/02/2021
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Mulher Ideal - Finalizado
Short StoryO mal veio disfarçado de boa intenção, de amor, veio em forma de preenchimento de um vazio. Vazio que nem eu mesma sabia que existia em mim, abri as portas da minha vida pra uma pessoa que nunca visou o meu bem querer.