Capítulo 2 - Proposta de Casamento

195 10 0
                                    

 BÁRBARA:

Minha mente estava um turbilhão, só conseguia ouvir o ponteiro do relógio na minha parede, fazendo "tic-tac" a cada 5 segundos. Sentada na minha poltrona de diretora da empresa Diamond, fundada por meu avô, e antigamente controlada por meu pai, sinto meu corpo pesar e minha cabeça prestes a explodir de tanto tédio! 

  Nos últimos anos, meu avô me educou e me ensinou a como direcionar a empresa e fazer sucesso de bilhões de dólares com ela. Sempre fui a melhor aluna, mas sentia-me farta de cuidar especificamente de todos os processos gerais da empresa que meu avô encarregou pessoalmente.

  — Diretora Rodríguez? Diretora!

  Volto minha atenção para meu secretário que continha várias pastas em mãos, me olhando com uma cara meio nervosa, precisamente, mais assustada.

  — Pois não, Kaleb? — suspirei tristemente.

  — Diretora, os ministros pediram para você avaliar as propostas e assiná-las. Em cerca de uma hora você tem uma reunião com os clientes da Áustria. Há também o concerto beneficente para arrecadar fundos para nossa próxima colaboração e...

  — Ok, ok... Pare de falar! — gritei, enojada de ver mais documentos insignificantes.

  De repente, ouço o barulho do meu celular vibrando em minha mesa de vidro. Pego e atendo ao ver que era meu avô:

  — Oi, vô. O que foi? — digo, mudando minha voz para um tom mais ameno.

  — Querida, estava pensando em almoçarmos naquele restaurante chique que você tanto gosta! O que me diz? Que tal me encontrar às 13:00? Já fiz a reserva em meu nome! 

  — E tem algum motivo especial para você me levar no meu restaurante favorito hoje, vô?

  — Sei que minha neta está ocupadíssima com os assuntos da empresa. Por isso, convido-a para relaxar um pouco, ao lado do avô que tanto a ama. Prometo não falar de trabalho na sua presença novamente.

— Hm...

  Analiso o tom de voz do meu avô, sentia-se um ar de ansiedade durante a ligação. Ele nunca foi bom em mentir, então certamente esse almoço tinha segundas intenções. 

— Ok. Estarei aí em vinte minutos. Beijo, te amo. Tchau. — desligo o telefone e vejo Kaleb com uma expressão curiosa.

Encaro-o de maneira fria e ele consente.

  — Vou desmarcar todos seus compromissos, diretora. E adiá-los para a próxima semana.

  Levanto-me, pego minha bolsa, meu celular e meu blazer. Saio pelos corredores, sem dar importância dos acenos e as palavras falsas dos empregados como "tenha um bom dia, diretora" ou "olá, diretora". Eles não estão nem aí pra mim, apenas me subestimam que sem o meu avô ao meu lado, eu não sou nada.

— Um dia, mostrarei a todos quem é Bárbara Rodríguez. — murmurei baixinho.

  Rapidamente chego ao estacionamento, entro no meu carro, meu bebê! Minha ferrari vermelha Lizzy. Ganhei essa belezinha do meu avô com quinze anos, mas tive que esperar mais um pouco para tirar a carteira e dirigir com as minhas amigas para a balada.

  Entro no carro e dirijo até o restaurante La Famiglia, que em italiano significava "A Família".

Reparo que a atendente que estava de frente na porta, possuía cabelos encaracolados ruivos, olhos castanhos, seus trajes, pareciam meio desajeitados, certamente deve ter chegado atrasada no trabalho. Que feio! Terei que dar uma palavrinha com o gerente dela mais tarde.

  — Boa tarde, senhorita. Fez alguma reserva?

  — Família Rodríguez, Sr. Samuel.

  A atendente olha precisamente o caderno das reservas e encontra na terceira fileira.

  — Aqui está, sala 350. Pode pegar o elevador, é por ali.

  — 350? É uma sala privada. Se somos só eu e o vovô, por que ele reservaria uma sala privativa? Tem algo de estranho. — pensei, a caminho do elevador.

  Não demora muito, ao chegar na sala, encontro meu avô brindando com um rapaz. Ele estava bem vestido, tinha uma aparência recatada, olhos verdes penetrantes, cabelos loiros meio despenteado, mas carregava um certo charme. Encaro meu avô que ainda não tinha notado minha presença. Ele ria e ria pra cima do homem misterioso, brindava como fosse da família. Meus olhos se estreitaram, quem era esse cara?

  — Vovô.

Finalmente, eles percebem a minha presença. 

  — Olha aí, a minha neta favorita e...

  — Quem é esse homem? Por que ele está aqui? — perguntei, os encarando seriamente.

  Meu avô fecha a cara e se levanta na minha direção. 

  — Bárbara! Tenha modos com o nosso convidado especial e...

  — Se não me contar o que está acontecendo aqui, não vejo razão para ficar. Com licença!

  — Sou o seu noivo, Sra. Rodríguez.

Paro ao ouvir tal coisa absurda. Confusa, viro-me para o homem com a taça de vinho vindo em minha direção. Ele olha para meu avô e depois me encara maliciosamente, com um sorriso provocador.

  — O que disse? — perguntei, ainda meio incrédula.

  — Olá, ainda não nos conhecemos. Sou Lorenzo LeBlanc. Seu futuro noivo. E muito brevemente, seu marido!


O Coração em ChamasOnde histórias criam vida. Descubra agora