Capítulo 70 - Marca de nascença

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LORENZO:

Sinto um feixe de luz reluzir em meus olhos, o que me faz acordar totalmente. O sol já havia aparecido e seu brilho estava refletindo na janela de nosso quarto. Percebo que alguns feixes estavam iluminando a face de Bárbara. Gentilmente, coloco minha mão na frente de seus olhos, bloqueando a passagem de luz.

Eu não queria que ela acordasse agora.

— Ela é tão fofa dormindo. — pensei, admirando-a.

Por sorte, ela se vira de frente para mim. Abaixo a mão e começo a deslizar pelos seus longos cabelos. Seu penteado estava desarrumado, mas a deixava bonita.

Desço o olhar em seu corpo e algo me chama a atenção. Uma marca de meia lua no ombro esquerdo de Bárbara. Eu nunca tinha reparado nisso.

A marca de meia lua era um pouco mais escura com a cor de sua pele.

— Linda! — elogiei, dando um beijo delicado em seu ombro.

Logo, Bárbara se espreguiça e abre finalmente os olhos. Aquele seu olhar cintilante reascende para mim, encantando-me de uma maneira inexplicável.

— Bom dia. — ela cumprimentou-me com um lindo sorriso.

Dou um beijo suave em seus lábios. Era doce e quente. Era perfeito!

— Bom dia, meu amor. Dormiu bem? — perguntei gentilmente.

Ela me fez uma cara provocativa e respondeu:

— Ontem a noite tive um sonho tão doce... Tenho medo de acordar...

— É melhor que um sonho, pois é de verdade.

Seguro seu queixo e a surpreendo com um beijo apaixonado. Sinto suas mãos percorrerem pelos meus cabelos e descerem pelas minhas costas. Causando-me arrepios. Intensifico ainda mais o beijo, porém somos interrompidos por uma batida na porta. Nos afastamos, e acho a atitude de Bárbara fofa, se escondendo embaixo do lençol.

— Quem é? — perguntei meio seco, por terem interrompido esse nosso momento.

De repente, a porta é simplesmente escancarada e entram Tomás, Lídia e Madalena com chapéus de festa, língua de sogra, e explosões de confete e o mais importante, um grande bolo em mãos.

Mas ao entrarem, todos se entreolham pasmos, confusos e principalmente envergonhados.

Por exemplo, Bárbara puxa o lençol todo para si, cobrindo suas partes expostas, Madalena encara o estado de dentro do quarto, vidros e objetos quebrados ao chão. Já Tomás e Lídia ficaram chocados ao flagrar Bárbara ao meu lado na cama.

Logo um burburinho de vozes ao mesmo tempo preencheu aquele quarto:

— O que houve com esse quarto?! — exclamou Madalena.

— Patrão! Vocês... Dormiram juntos? — perguntou Tomás empolgado, sem acreditar.

— Ah, senhorita! Não sabe o quanto fico feliz! — elogiou Lídia emocionada.

Sinto Bárbara me beliscar na barriga embaixo do lençol. Ela me faz uma expressão séria, do tipo, "faça alguma coisa".

— Chega! — exaltei-me.

Todos param de falar e me encaram.

— Primeiro, vocês invadiram a nossa privacidade e isso é inadmissível! — falei de maneira seca e fria.

Logo, Tomás, Madalena e Lídia ficam cabisbaixos por suas atitudes tão grosseiras.

Pego a mão de Bárbara e entrelaço na minha, tiro-a para fora e digo as seguintes palavras, com o meu melhor sorriso:

— Segunda coisa, eu e a Bárbara... Nós estamos juntos finalmente!

Então aplausos, gritos e assobios preencheram aquele lugar. Eles sorriam de alegria, enquanto isso, sinto Bárbara tenta se soltar de minha mão, mas mantenho-a firme.

— Ah patrão, aproveite e faça um pedido! — exclamou Lídia se aproximando com um bolo em mãos. — Feliz aniversário, patrão!

Pela primeira vez, Bárbara sai o rosto debaixo do lençol e me olha confusa:

— Hoje é seu aniversário?

— Está surpresa? — provoquei.

Daí, Tomás puxou os parabéns e logo todos começaram a cantar. E aos poucos, fico feliz ao ver Bárbara cantar para mim também. No final da música, assopro as velas e recebo vários elogios.

— É um prazer comemorar o meu aniversário com vocês, meus amigos. E agora, com o amor da minha vida ao meu lado! — confessei, abraçando Bárbara.

Logo ouço gritinhos de empolgação e não pude deixar de rir, pois as bochechas de Bárbara ficaram rosadas.

— Agora, voltem ao trabalho. Eu e a minha esposa queremos um momento a sós. Depois nós desceremos para comer o desjejum, sim? — falei.

Tomás, Madalena e Lídia saem de sorrisos a orelha a orelha. Quando a porta se fecha, Bárbara se afasta de mim, com um olhar de chateação.

— Vai ficar com raiva de mim no dia do meu aniversário? — perguntei num tom de deboche.

Ela não responde, mas começo a enchê-la de beijos até chegar em seu pescoço. Então, Bárbara sorri e diz:

— Você teve sorte dessa vez.

— Agora, me diz... Que marca linda é essa no seu ombro?

Os olhos de Bárbara recaem sobre si e ela coloca sua mão em cima, como se quisesse esconder. Mas eu a impeço.

— Por que quer escondê-la?

— Ela é feia! Tenho vergonha de mostrá-la. — ela respondeu meio tímida.

Encosto suavemente meus lábios em cima de sua marca carinhosamente e respondo:

— Ela só revela que você é única. Exatamente o meu amor por você. Ninguém pode te substituir! — declarei.

Mas estranho o olhar de Bárbara, que mudou para um semblante mais triste.

— O que foi? Eu disse algo de errado? — questionei.

— Lorenzo... Se existisse uma outra moça, exatamente como eu... Você ainda me amaria? — ela indagou meio apreensiva.

Sinto um certo receio em sua voz. A envolvo em meus braços e respondo:

— Só existe você em meu coração! 

O Coração em ChamasOnde histórias criam vida. Descubra agora