Capítulo 67 - Confissão

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BIANCA:

Finalmente chegamos ao hospital. E a primeira coisa que eu faço é procurar a Dra. Esther. Ela é a única em que posso confiar para essa situação.

Eu comunico com a recepção, e eles me respondem que ela está no quarto de minha madrinha. Respiro fundo e puxo Lucca comigo.

Caminhamos pelo longo corredor, até chegarmos no quarto. Porém, eu não entro. Apenas observo pela janela da porta.

Lucca me cutuca e indaga:

— Ela deve estar sentindo muito a sua falta. Por que não entra?

— É melhor não. Apesar de sentir saudades, ela está segura aqui. Não posso deixar que ela descubra sobre a troca de identidades. — suspirei.

Nesse instante, o meu olhar com o da Dra. Esther se cruza e eu faço um sinal para conversarmos em particular.

Dá-se um tempo, e a médica finalmente sai do quarto, e me encara preocupada, ao ver o estado de Lucca ao meu lado.

— Meu Deus, Bianca! O que aconteceu? — ela berrou baixinho.

— Eu vou te explicar tudo, prometo. Mas você pode me fazer um favor? — pedi, meio receosa.

Entendendo a situação, Dra. Esther nos guia até o seu escritório. Lucca se senta na cadeira, enquanto a médica fazia os curativos em seu rosto, e eu explicava o que tinha acontecido.

— Não sei onde vocês estavam com a cabeça! Onde já se viu arranjar confusão com a família LeBlanc?! Por acaso vocês não sabem quem eles são?! — discutiu Esther.

Lucca deu de ombros e retrucou:

— Eles podem ser ricos, mas eles não têm o direito de humilhar os outros! São todos bandidos e...

Então, Esther aperta a gaze na ferida da sobrancelha de Lucca, que grunhiu de dor.

— Ai! Isso dói! — ele reclamou.

— Mesmo? Não senti nada! — respondeu Esther irônica.

Não pude deixar de rir. Esther possuía uma postura séria e elegante, mas quando você a conquistava, ela mostrava um lado doce e divertido.

— Olha aqui, sua...

Antes que Lucca falasse, Esther se apressa em dizer:

— Sou uma médica renomada neste hospital. Caso me ofenda, eu posso muito bem chamar a polícia. Você decide!

— Bianca, olhe o jeito que ela fala comigo! Isso é jeito de tratar um paciente?!

— Lucca, eu confio na Dra. Esther. Então, obedeça-a, sim? — sugeri, tentando prender o riso.

Céus! Eles até parecem cão e gato. Isso me faz recordar de como eu era assim com Lorenzo. Meu Deus, o Lorenzo! Eu preciso voltar pra casa e ver como ele está!

Mas antes que fizesse tal ato, Lucca me chamou.

— Bianca. Eu preciso te contar uma coisa. Fique, por favor.

Esther termina o curativo e me encara:

— Bianca, eu não sei qual história de vocês, mas... Acredito que chegou a hora de vocês se resolverem. Escuta o que seu amigo tem a dizer.

Então, Esther sai, nos deixando a sós.

— Lucca... Eu...

— Bianca, eu pensei muito. E quero te contar o que realmente aconteceu naquele dia em que fui embora. Por favor, sente-se. — ele disse finalmente.

Respiro fundo e sento ao lado dele.

— Naquela época, eu ainda estudava na faculdade, e você, sempre vendia doces por lá. Lembro do primeiro dia que nos conhecemos, você havia se metido numa confusão, e eu te salvei de ser enxotada para fora.

— Claro que me lembro. — falei.

— Eu tive um problema familiar. Meus pais são divorciados, eu cresci com a minha mãe, mas ela faleceu quando eu entrei na faculdade. Meu pai apareceu de repente, dois meses depois. Ele era dependente químico e sempre me procurava em busca de dinheiro. Então, eu comecei a vender os móveis e objetos que tinha em casa. Mas chegou uma hora que eu não podia mais fazer isso. — explicou Lucca meio nervoso.

— Por que você nunca me contou? — perguntei.

— Eu não queria te envolver nisso! Você já tinha problemas suficiente e eu não contei, pois não queria que se preocupasse tanto comigo. Você tinha a sua madrinha para cuidar. — respondeu Lucca num tom meio choroso.

Pego na mão de Lucca e falo:

— Você é meu amigo! Você foi o primeiro estender a mão quando mais precisei. Você devia ter me contado, certamente eu não pouparia esforços para ajudá-lo!

Lucca balança a cabeça negativamente.

— Até que um dia, meu pai descobriu sobre a nossa relação. Ele a usou para me ameaçar... Tive medo de colocar a pessoa mais importante para mim em perigo! Então, eu não tive escolha. Naquele dia, quando você me perguntou o que você era para mim, eu te enganei e contei uma mentira. Pensava que desde que estivesse longe de mim, eu conseguia mantê-la segura do meu pai. Sempre me arrependi de ter feito isso, mas ao saber que você estava bem e feliz, aquilo me reconfortava.

— Feliz? Acha que eu fiquei feliz? Lucca... Você era mais que um amigo para mim. Eu te amei e você me enganou, me descartou e escondeu de mim a verdade! Eu sofri muito por você, pois eu pensava que eu era a culpada nisso tudo. Depois que você me disse tais coisas, você simplesmente desapareceu e eu nunca consegui confessar o que sentia por você. — discuti, em meio as lágrimas.

Lucca toma minhas mãos, desesperadamente e me encara aflito:

— Me desculpa mesmo, Bianca! Mas para mim, parecia o jeito certo de te proteger. Mas agora, estamos juntos outra vez! E eu quero continuar de onde a nossa história parou. Bianca, seja a minha namorada! — Lucca declarou-se, emocionado.

Engulo em seco ao ouvir tal coisa. Mas, agora eu tenho a resposta para isso. Afasto-me de Lucca e respondo com toda a sinceridade em meu coração:

— Não posso fazer isso. Agora, meu coração pertence a outra pessoa, e essa pessoa é o Lorenzo. Lucca, a nossa história foi linda, mas ela teve um começo, meio e chegou a hora de darmos um fim. Neste momento, só te vejo como amigo. Se pudéssemos voltar no tempo, acho que o rumo da nossa história não faria diferença. Somos ótimos juntos, mas como amigos. Agora, eu te desejo que encontre a garota certa pra você e seja feliz, meu amigo. — confessei.

Lucca então me respondeu:

— Então vá atrás dele, Bianca. Não o perca, desta vez!

Sorrio para ele e saio às pressas do hospital, indo para casa.

— Chegou a hora de seguir seu coração, Bianca! — pensei, sorrindo.

O Coração em ChamasOnde histórias criam vida. Descubra agora