BIANCA:
Finalmente chegamos ao hospital. E a primeira coisa que eu faço é procurar a Dra. Esther. Ela é a única em que posso confiar para essa situação.
Eu comunico com a recepção, e eles me respondem que ela está no quarto de minha madrinha. Respiro fundo e puxo Lucca comigo.
Caminhamos pelo longo corredor, até chegarmos no quarto. Porém, eu não entro. Apenas observo pela janela da porta.
Lucca me cutuca e indaga:
— Ela deve estar sentindo muito a sua falta. Por que não entra?
— É melhor não. Apesar de sentir saudades, ela está segura aqui. Não posso deixar que ela descubra sobre a troca de identidades. — suspirei.
Nesse instante, o meu olhar com o da Dra. Esther se cruza e eu faço um sinal para conversarmos em particular.
Dá-se um tempo, e a médica finalmente sai do quarto, e me encara preocupada, ao ver o estado de Lucca ao meu lado.
— Meu Deus, Bianca! O que aconteceu? — ela berrou baixinho.
— Eu vou te explicar tudo, prometo. Mas você pode me fazer um favor? — pedi, meio receosa.
Entendendo a situação, Dra. Esther nos guia até o seu escritório. Lucca se senta na cadeira, enquanto a médica fazia os curativos em seu rosto, e eu explicava o que tinha acontecido.
— Não sei onde vocês estavam com a cabeça! Onde já se viu arranjar confusão com a família LeBlanc?! Por acaso vocês não sabem quem eles são?! — discutiu Esther.
Lucca deu de ombros e retrucou:
— Eles podem ser ricos, mas eles não têm o direito de humilhar os outros! São todos bandidos e...
Então, Esther aperta a gaze na ferida da sobrancelha de Lucca, que grunhiu de dor.
— Ai! Isso dói! — ele reclamou.
— Mesmo? Não senti nada! — respondeu Esther irônica.
Não pude deixar de rir. Esther possuía uma postura séria e elegante, mas quando você a conquistava, ela mostrava um lado doce e divertido.
— Olha aqui, sua...
Antes que Lucca falasse, Esther se apressa em dizer:
— Sou uma médica renomada neste hospital. Caso me ofenda, eu posso muito bem chamar a polícia. Você decide!
— Bianca, olhe o jeito que ela fala comigo! Isso é jeito de tratar um paciente?!
— Lucca, eu confio na Dra. Esther. Então, obedeça-a, sim? — sugeri, tentando prender o riso.
Céus! Eles até parecem cão e gato. Isso me faz recordar de como eu era assim com Lorenzo. Meu Deus, o Lorenzo! Eu preciso voltar pra casa e ver como ele está!
Mas antes que fizesse tal ato, Lucca me chamou.
— Bianca. Eu preciso te contar uma coisa. Fique, por favor.
Esther termina o curativo e me encara:
— Bianca, eu não sei qual história de vocês, mas... Acredito que chegou a hora de vocês se resolverem. Escuta o que seu amigo tem a dizer.
Então, Esther sai, nos deixando a sós.
— Lucca... Eu...
— Bianca, eu pensei muito. E quero te contar o que realmente aconteceu naquele dia em que fui embora. Por favor, sente-se. — ele disse finalmente.
Respiro fundo e sento ao lado dele.
— Naquela época, eu ainda estudava na faculdade, e você, sempre vendia doces por lá. Lembro do primeiro dia que nos conhecemos, você havia se metido numa confusão, e eu te salvei de ser enxotada para fora.
— Claro que me lembro. — falei.
— Eu tive um problema familiar. Meus pais são divorciados, eu cresci com a minha mãe, mas ela faleceu quando eu entrei na faculdade. Meu pai apareceu de repente, dois meses depois. Ele era dependente químico e sempre me procurava em busca de dinheiro. Então, eu comecei a vender os móveis e objetos que tinha em casa. Mas chegou uma hora que eu não podia mais fazer isso. — explicou Lucca meio nervoso.
— Por que você nunca me contou? — perguntei.
— Eu não queria te envolver nisso! Você já tinha problemas suficiente e eu não contei, pois não queria que se preocupasse tanto comigo. Você tinha a sua madrinha para cuidar. — respondeu Lucca num tom meio choroso.
Pego na mão de Lucca e falo:
— Você é meu amigo! Você foi o primeiro estender a mão quando mais precisei. Você devia ter me contado, certamente eu não pouparia esforços para ajudá-lo!
Lucca balança a cabeça negativamente.
— Até que um dia, meu pai descobriu sobre a nossa relação. Ele a usou para me ameaçar... Tive medo de colocar a pessoa mais importante para mim em perigo! Então, eu não tive escolha. Naquele dia, quando você me perguntou o que você era para mim, eu te enganei e contei uma mentira. Pensava que desde que estivesse longe de mim, eu conseguia mantê-la segura do meu pai. Sempre me arrependi de ter feito isso, mas ao saber que você estava bem e feliz, aquilo me reconfortava.
— Feliz? Acha que eu fiquei feliz? Lucca... Você era mais que um amigo para mim. Eu te amei e você me enganou, me descartou e escondeu de mim a verdade! Eu sofri muito por você, pois eu pensava que eu era a culpada nisso tudo. Depois que você me disse tais coisas, você simplesmente desapareceu e eu nunca consegui confessar o que sentia por você. — discuti, em meio as lágrimas.
Lucca toma minhas mãos, desesperadamente e me encara aflito:
— Me desculpa mesmo, Bianca! Mas para mim, parecia o jeito certo de te proteger. Mas agora, estamos juntos outra vez! E eu quero continuar de onde a nossa história parou. Bianca, seja a minha namorada! — Lucca declarou-se, emocionado.
Engulo em seco ao ouvir tal coisa. Mas, agora eu tenho a resposta para isso. Afasto-me de Lucca e respondo com toda a sinceridade em meu coração:
— Não posso fazer isso. Agora, meu coração pertence a outra pessoa, e essa pessoa é o Lorenzo. Lucca, a nossa história foi linda, mas ela teve um começo, meio e chegou a hora de darmos um fim. Neste momento, só te vejo como amigo. Se pudéssemos voltar no tempo, acho que o rumo da nossa história não faria diferença. Somos ótimos juntos, mas como amigos. Agora, eu te desejo que encontre a garota certa pra você e seja feliz, meu amigo. — confessei.
Lucca então me respondeu:
— Então vá atrás dele, Bianca. Não o perca, desta vez!
Sorrio para ele e saio às pressas do hospital, indo para casa.
— Chegou a hora de seguir seu coração, Bianca! — pensei, sorrindo.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Coração em Chamas
RomanceNuma noite de lua cheia, a mansão Rodríguez incendeia-se misteriosamente. O culpado tinha como o objetivo de apossar das empresas da família Rodríguez aniquilando todos que viviam naquela casa. O que ele não esperava, é que as gêmeas sobrevivessem...