Capítulo 55 - Desaparecer

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BIANCA:

Engulo em seco ao ver os olhares de Lorenzo, meu avô e principalmente do Sr. Franklin. Agi por impulso e sem pensar dei essa resposta. Sinto-me envergonhada com tais olhares. Droga, Bianca! Você é muito boa em arranjar problemas! O que eu faço agora?

Diante da situação tento me recompor e digo:

— Quero dizer, eu infelizmente tenho que recusá-lo. Pois já possuo um compromisso essa noite. Sinto muito, senhor Franklin.

Levanto o olhar para o avô de Lorenzo, ele parecia irritado por não ter aceitado seu convite. Então reforcei mais um pouco:

— Mas prometo que amanhã de manhã, eu o visitarei pessoalmente, e Lorenzo virá logo mais tarde.

O olhar de meu avô e do Sr. Franklin se cruzam e ele finalmente sorri.

— Está bem. Encontro vocês às nove horas pela manhã em minha humilde casa. — ele respondeu.

Sorrio de satisfação. Mas por dentro, tremia de medo e suspirei de alívio. Então é isso que Bárbara faz, ela é uma designer de joias de uma empresa multinacional. Caio pra trás quando ouvi o vovô falar tal coisa! Céus, onde fui me meter?! Eu devia estar louca em ter aceitado esse acordo logo de cara, sem ao menos saber com o que Bárbara realmente trabalhava!

— Bárbara? Bárbara! — cutucou-me Lorenzo.

Saio de meus pensamentos e direciono meu olhar para ele.

— Temos que ir. Vou te levar para almoçar. — ele diz suavemente.

Olho para o sr. Franklin e depois ao avô de Bárbara:

— Vovô, está na nossa hora. Mas outro dia venho vê-lo com muito gosto!

— Vá com Deus, minha neta querida. — ele respondeu de volta.

Assim seguro no braço de Lorenzo e saímos juntos do quarto.

Entramos no carro e seguimos a estrada. No meio do caminho, o sinal fica vermelho, e ele para o carro. Há um silêncio entre nós, até que ouço Lorenzo perguntar:

— O que você quer comer, querida?

— Não estamos mais no hospital, Sr. LeBlanc. Pode me tratar como antes. E eu não sou a sua "querida". — resmunguei.

Lorenzo ri rapidamente.

— Na verdade... Eu queria passar na feira depois.

— Na feira? Por quê? Isso é tão classe inferior. — disse Lorenzo.

Aquilo me fez se encher de raiva. Agora vai me dizer que tem divisão de lugares para as classes distintas? Que audácia!

— Se não quiser me levar, eu posso ir sozinha! — declarei.

— Ok, ok. Nós vamos. — ele respondeu de imediato.

Depois disso, Lorenzo me levou a um restaurante italiano. Foi a minha primeira vez a comer esse tipo de massa. E foi divino!

Saímos do restaurante e como meu pedido, Lorenzo me levou a feira. Mas percebi pela sua cara que ele sentia desconfortável em estar ali e tudo que eu comprava, ele reclamava que no supermercado tinha a mesma coisa.

Não aguentando mais aquilo, paro e o encaro.

— Pare de me atrapalhar! — exigi.

— O que eu fiz? — ele me olhou sem entender.

— Olha, se você não gosta desse lugar, sente-se naquele banco e deixe o resto comigo.

— Não entendo! A minha casa é abastecida com comida da melhor qualidade. Por que então estamos aqui?! — disse Lorenzo chateado.

— A sua casa não tem os ingredientes de que preciso. Hoje, sou eu que irei fazer o jantar da mansão LeBlanc. Por isso tenho que caprichar!

Lorenzo fica boquiaberto. Respiro fundo e o guio para que sentasse no banco de uma vez. Feito isso, continuo o meu caminho, analisando cada barraca.

Até que vejo um comerciante ambulatório. Ele me para e me pede para ver suas mercadorias. A maioria é substâncias em frascos.

— O que é isso? — pergunto com um frasco na mão.

— São soníferos. Que não prejudicam a saúde, mas melhoram o sono. — disse o comerciante.

Sonífero? Por que não pensei nisso antes? Isso irá servir! Quanto mais forte, melhor!

— Por favor, me dê dois frascos. O que tiver o efeito mais rápido e eficaz. — pedi.

O homem embrulha dois frascos pra mim, que tinha uma coloração transparente. Ninguém desconfiaria o que tinha nos recipientes. Feito isso e verificado que eu tinha tudo em mãos, volto para Lorenzo.

— Podemos ir agora. — falei gentilmente.

Ele se levanta e voltamos para o apartamento dele.

Ali mesmo, anunciei a Madalena, Lídia e Tomás, que eu faria o jantar naquela noite e que finalmente eles experimentariam a minha comida. Sou uma cozinheira, afinal sempre cozinhei para minha madrinha. E avisei que não precisaria de ajuda, pois queria surpreendê-los de certa forma.

Espero as horas passarem. Finalmente chegou o anoitecer e vou a cozinha pessoalmente para preparar a comida.

Olho para as sacolas que comprei, havia: bananas, camarão, pimenta, gengibre, laranja e cebolinha. Já vi minha madrinha fazer essa receita antes. O jantar de hoje será: Nhoque de banana com camarão.

Começo a preparar o nhoque e no meio de misturar os ingredientes, derramo o primeiro frasco todo nele. E uso mais a metade do segundo frasco para ter certeza de que iria funcionar!

No final, ouço o aviso de que todos esperavam na mesa para comer. Tiro o nhoque do forno e levo-o para a sala, onde todos estavam.

— Nossa, o cheiro está ótimo! — elogiou Madalena e Tomás.

Ao provarem, eles comeram cada vez mais. E naquele mesmo instante, todos, incluindo Lorenzo, adormeceram bem diante dos meus olhos.

Sorrio vitoriosa, pego minhas coisas e vou embora dali.

O Coração em ChamasOnde histórias criam vida. Descubra agora