BÁRBARA:
A chuva continuava a cair, porém, não mais tão forte como antes. Mas aquilo não me importava mais, pois a coisa mais inexplicável acaba de acontecer. Estou de frente para uma jovem que possui a mesma aparência que a minha.
— Será que estou sonhando? — pensei, sem acreditar no que via.
— Cara, que loucura! Você é igual a mim... Quem é você? — pergunta a menina inquieta com tal situação.
Limpo as lágrimas em meu rosto. Pelo menos ela está viva. Estou aliviada por não ter que enterrar um corpo em segredo como nos filmes de assassinatos.
— Olha, sei que isso pode parecer estranho e sem sentido... Mas quer tomar um café comigo? - indaguei com a chance de descobrir o que realmente estava acontecendo.
— Acho que sim... Mais bizarro que isso não pode ficar, né? — respondeu a garota rindo de nervoso.
Eu a convido para entrar no carro, e a levo para minha cafeteria favorita, Le Petit Café. Não pude deixar de notar, que aquela menina ficou deslumbrada ao ver onde íamos comer, logo deduzo que ela poderia ser alguém de uma origem mais humilde do que a minha.
— Vamos entrar. — convidei-a.
Sem tentar chamar atenção pelas nossas aparências, empresto meu chale e meus óculos escuros. A menina agradece, e rapidamente os coloca. Finalmente chegamos na sala privada e nos sentamos na mesa.
— O que gostaria de beber? — perguntei, para tentar quebrar aquele clima constrangedor.
Porém, a menina não responde. Então noto embaixo da mesa, ela esfregando frequentemente suas mãos, suas pernas estavam tremendo também, logo descubro que ela está desconfortável com tudo aquilo. Então, tento tranquilizá-la da melhor forma possível.
— Não tenha medo, querida. Eu não vou te machucar. Sei que essa situação é esquisita pra você, mas para mim também é. A propósito, meu nome é Bárbara. Como você se chama?
A garota respira fundo e responde de forma bem tímida:
— Bianca. Prazer em te conhecer, senhorita. — ela diz me estendendo a mão.
Cumprimento-a suavemente, mas não pude deixar de rir. Ela percebe o sorriso em meus lábios e tento explicar.
— Desculpa, eu não estou rindo de você. É que... Parece que estou cumprimentando meu próprio reflexo. Isso soa meio estranho!
Finalmente, Bianca se solta e ri junto.
— Tive essa mesma impressão também!
— Mas me conta, Bianca. Você é daqui de Boston mesmo? Qual a sua idade? Tem família? Como eles são? — pergunto meio curiosa.
No entanto, percebo o olhar de Bianca. Ela deve estar se assustando com todas essas perguntas.
— Me desculpa. É que eu apenas queria conversar com alguém hoje e... Acho que me precipitei um pouco em pensar que poderíamos ser amigas. — respondo meio sem-graça.
— Não, tá tudo bem. Na verdade, eu não sei se nasci realmente em Boston, mas fui criada por minha madrinha. Sou órfã desde que consigo me lembrar. Hoje eu falei pra mim mesma que seria um dia normal, já que é o meu aniversário.
— Que coincidência! Hoje também é meu aniversário.
— Jura? Não brinca! Além de sermos semelhantes na aparência, fazemos aniversário no mesmo dia. Que loucura! — exclamou Bianca animada.
Tento falar algo, mas desisto.
— O que foi? — indagou Bianca sem entender.
— Eu ia parabenizar a você, mas fiquei sem jeito. Acho estranho parabenizar meu próprio reflexo.
Bianca consente e rimos rapidamente.
— Hein, já que é nosso aniversário, quer dar um passeio comigo? Apenas nós duas. — pergunto meio esperançosa.
Afinal, aquela seria a primeira vez saindo com a minha "gêmea" pela cidade.
— Claro. — aceitou Bianca.
Depois dali, tomamos um café com bolo. Ao pagarmos a conta, fomos a praia, vimos o comércio juntas e conversamos sobre várias coisas. Por fim, para nossa última parada, decidi levar Bianca a loja de departamento, onde faço compras semanalmente. Que também é o lugar onde eu vou quando estou chateada com algo. Mas desta vez, era por uma boa causa.
Experimentamos diversos looks e no fim paramos para descansar nas poltronas da loja. Olho para Bianca que claramente estava se divertindo com tudo aquilo.
— Foi legal, né? — perguntei meio hesitante.
— Tá brincando? Foi demais! Isso é algo que eu nunca poderia fazer.
— Mas por que não? — questionei sem pensar.
Ela desfaz o sorriso e responde meio entristecida. Em seguida, Bianca solta um suspiro franco.
— A minha realidade é muito diferente da sua. Sou uma garota órfã e pobre... O mundo em que você vive, é bem diferente do meu... Quem me dera se tudo fosse igual a sua vida, Bárbara. Você tem sorte!
Foi aí que vi a oportunidade certa para o meu problema.
— Bianca, tenho uma proposta para te fazer. — falo a encarando seriamente.
— Proposta? De que tipo exatamente? — ela questiona sem entender.
— Eu proponho nós trocarmos de lugar. Você se torna eu e eu me torno você.
Ao revelar o que planejo fazer, sinto Bianca dar um passo pra trás nessa ideia. Mas ela não me escapa! Só Bianca pode me ajudar a reverter essa situação toda do casamento com a família LeBlanc. Ela é a chave para o meu problema.
— Bianca, vamos trocar de lugar! — digo novamente, com um sorriso malicioso no rosto.
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O Coração em Chamas
RomanceNuma noite de lua cheia, a mansão Rodríguez incendeia-se misteriosamente. O culpado tinha como o objetivo de apossar das empresas da família Rodríguez aniquilando todos que viviam naquela casa. O que ele não esperava, é que as gêmeas sobrevivessem...