O Coração em Chamas

Capítulo 32 - Apenas um favor

BIANCA

  Esperava no ponto de ônibus. Checo o horário mais uma vez, o ônibus estava atrasado a 20 minutos. Recebo uma notificação do celular e vejo que era uma mensagem da Dra. Esther.

*Mensagem de texto*:

"Bom dia, Bianca. Surgiu um imprevisto e não precisa vir hoje, está bem? Enviarei os documentos com a ficha da Dona Olívia no seu e-mail. Você só precisa dar uma olhadinha e ver se está tudo certo.

Tenha um bom dia.

Atenciosamente, Dra. Esther."

Suspiro desanimadamente. Agora não possuo nenhum lugar para ir! Penso agora nas palavras de Lídia mais cedo. Tudo que ela disse sobre o Lorenzo parecia ser difícil de acreditar. Só sei de uma coisa, para aquela mansão eu nunca mais vou voltar!

Meus pensamentos são interrompidos com o barulho do meu celular tocando. Checo o número e fico ansiosa ao ver que é Bárbara. Atendo imediatamente.

— Alô? Bárbara? — indaguei.

— Oi Bianca. Tudo bem? Como vai o processo de colaboração com a família LeBlanc?

— Honestamente, estou pulando fora! — confessei.

— O quê?! Você não pode fazer isso! — contestou Bárbara.

— Olha, eu disse sim que a ajudaria. Mas tudo tem limite! E eu quero voltar para minha antiga vida. O acordo acabou!

— Não se esqueça que se quebrar o acordo, perderá todo o dinheiro que dei para o tratamento de sua madrinha.

— Está me ameaçando, Bárbara? — perguntei incrédula.

— Só estou te avisando. Se sair, o benefício também sai. Você decide. — respondeu Bárbara friamente.

Respiro fundo e aceito a ceder à chantagem.

— Ok. Eu faço!

— Ótimo! Preciso que vá há um lugar por mim.

— Aonde seria?

— Eu vou te passar o endereço. É só pedir para falar com o Sr. Hector, que é o manda chuva do lugar. Peça para ele entregar o contrato das fábricas da empresa Diamond. — explicou Bárbara.

— Está bem. Tchau. — desligo frustrada com isso.

Analiso cuidadosamente a situação deixada em minhas mãos. Repenso em minha decisão. Eu não queria fazer esse favor, mas se não fizesse teria que voltar para a casa de Lorenzo. Suspiro fundo e pego o primeiro táxi que eu vejo. Peço para o motorista me levar no endereço que Bárbara passou pro meu celular.

O trânsito é lento, mas finalmente chego. Ao me deparar com o local, estranho um pouco. Era a entrada de um prédio de pequeno porte e antigo.

Ao me virar para o táxi, o motorista já tinha ido embora.

— Bem... Aqui vamos nós. — suspirei profundamente.

Entro e vejo que há poucos funcionários trabalhando ali. A maioria eram homens e estavam desarrumados e sujos. Que tipo de lugar é esse? O que Bárbara tem haver com esses caras?

Assim que entro, percebo os olhares de todos em mim. Aquilo me fez sentir desconfortável!

Até que avisto o que parecia ser o chefe do lugar. Quando seus olhos pousaram em mim, sua atitude mudou para um completo canalha.

— Olá, moça bonita. O que a trouxe até aqui? — ele pergunta com um tom sedutor.

— Estou à procura do senhor Hector. Ele está? — perguntei, constrangida.

— Sou eu mesmo! Sobre o que gostaria de conversar?

— Eu vim pegar as assinaturas dos contratos da empresa Diamond em relação as fábricas.

- Você é...?

— Sim, sou a Bárbara Rodríguez.

De repente, o rosto do homem se torna sombrio, com um sorriso amarelado, ele grita:

— Peguem-na, rapazes!

Antes que eu fizesse qualquer movimento, alguém encapuza minha cabeça, bloqueando minha visão. Logo, sinto várias mãos me tocando, usando cordas fortes para me amarrarem.

— Socorro! Ajuda! — gritei desesperadamente.

Diante daquilo tudo, sinto medo de verdade, pela primeira vez. 

Meu coração acelerava não mais pelo fato de eu ser presa por conta da minha identidade secreta, e sim, de ser morta por esses homens!

— Lorenzo... Por favor, me salve! — supliquei em pensamento.