Capítulo 60 - Quem é Bianca?

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LORENZO:

Continuo a sentir os lábios de Bárbara grudados nos meus. Eles eram macios e quentes. O que despertou uma chama de dentro de mim, desejando a querer mais. 

Não há como negar. Acho que me apaixonei por essa mulher! Era uma sensação indescritível de tê-la em meus braços e nunca mais me separar dela. Era misterioso, era mágico, era forte!

Até que ela me afasta de repente, interrompendo o nosso beijo. Percebo seu olhar assustado sobre o que acabou de acontecer.

—  Lorenzo...

Antes que ela dissesse qualquer coisa, me adianto em responder.

—  Me desculpa. Eu não pretendia desrespeitá-la. Não sei o que me deu... Bárbara...

Tento me aproximar suavemente dela, mas ela se afasta de mim friamente.

—  Isso foi um erro.  — ela falou finalmente.

Fico incrédulo ao ouvir tal coisa.

—  Como é? — indaguei.

Ela me encara de maneira meio nervosa e diz:

—  Isso não devia ter acontecido... Eu... Vamos esquecer que houve esse beijo entre nós. Foi um erro, sem dúvida!

Sem entender nada, pego em seu braço e a confronto:

—  Se foi um erro, por que não me afastou de imediato? Poderia ter feito isso e eu não insistiria. Mas ao invés disso, você me beijou também, Bárbara!

—  Nada a ver! Eu apenas...

—  Admita Bárbara, você queria esse beijo tanto quanto eu!  — provoquei.

Ela me olha espantada, e num movimento, se solta de minhas mãos.

—  Está louco, Lorenzo! Você apenas se aproveitou da minha fragilidade! Nunca pensei que fosse tão baixo!  — ela discute.

Solto uma risada rápida e nervosa:

—  Acha que eu sou o tipo de homem que faz isso? Acha mesmo que eu desrespeitaria uma mulher?  — perguntei seriamente.

—  Lembre-se do nosso acordo, Lorenzo! Somos um casal apenas no papel, mas intimamente, não temos nada haver um com o outro!  — ela declarou.

Aquilo fez o meu sangue ferver e por algum motivo, sinto uma pontada de dor no meu coração por suas palavras.

Há um momento de silêncio constrangedor entre nós.

Limpo a garganta e tento falar de forma mais amena com Bárbara:

—  Se quer tanto isso, que assim seja!

—  Ótimo!  — ela me respondeu.

—  E não se preocupe com a questão do seu tratamento. Manterei seu segredo guardado comigo, não contarei a ninguém e nem ao seu avô. Tem a minha palavra!  — prometi.

—  Agradeço sua discrição.

A encaro e Bárbara desvia seu olhar. Um nó na garganta se forma e decido dar um aviso final para ela:

—  Quando tiver certeza do que sente, prove-me, assim como provei hoje para você.

Então, indico com a cabeça para voltarmos para o carro. Entramos e fomos para casa sem dizer uma única palavra.

Ao chegarmos, Bárbara se apressa para ir ao quarto. Mas antes de subir também noto que Lídia, Madalena e Tomás não estavam mais na mesa desacordados. Encontro um bilhete na mesa, com a escrita de um funcionário, dizendo:

"Patrão, encontramos os três dormindo profundamente e o levamos para seus quartos. Tenha uma boa noite."

Suspirei aliviado. Pelo menos eles estão bem. Deixo o papel ali mesmo em cima da mesa e subo as escadas. Caminho em direção ao nosso quarto e Bárbara me encarava de maneira confusa.

—  O que está fazendo aqui?  — ela questionou.

—  Vou dormir. — respondi, fechando a porta.

—  Vá para outro quarto! Esse aqui é o meu e você não pode simplesmente invadi-lo quando bem quer!

Começo a tirar a camisa, logo Bárbara se vira de costas, cobrindo os olhos. Não pude deixar de sorrir com sua atitude.

— Está com vergonha de mim? — provoquei.

— Eu apenas... Não quero que pense que estou me aproveitando de você.

Ao tirar totalmente a camisa, caminho lentamente até ela e coloco meus braços entorno de sua cintura. Bárbara tenta sair, mas eu a seguro mais forte.

— Lorenzo... O que...?

— Shhhh. Escute. Hoje foi um dia cansativo para mim, e apenas quero passar a noite ao seu lado. Não se preocupe, pois eu não farei nada com você. — sussurrei em seu ouvido.

Feito isso, eu a solto e já deito na cama.

Mas Bárbara ainda estava parada no mesmo lugar, até que chamo sua atenção. Ela vai até o banheiro, logo ouço o barulho de água caindo e depois de um tempinho, ela sai usando uma camisola de seda rosa, destacando suas belas curvas.

— Que doce visão! — pensei.

Ela se deita, colocando alguns travesseiros entre nós, como um muro.

Com o passar das horas, Bárbara finalmente adormece. E ela acaba se virando, ficando de frente pra mim. Ignoro a barreira de travesseiros e fico apenas olhando para ela.

— Como uma mulher tão rude, pode ser tão fofa agora? — pensei admirado.

De repente, escuto uma vibração no bolso da minha calça. Apresso-me para não acordar Bárbara e ao ver, era uma ligação de Carlizes. Atendo e sussurro baixinho.

—  Alô?

—  Chefe, trouxe novas notícias.

—  Hm. Pode falar.  — respondi.

— Encontrei nos registros bancários da Sra. Rodríguez e notei que algum tempo atrás ela comprou um abrigo de idosos para o lar. E investiu uma alta quantia de dinheiro nele, mas com um pseudônimo de Christina Smith.

Ao ouvir tal coisa, estranho imediatamente.

—  Um abrigo de idosos?

Logo recebo certas imagens. E nelas mostrava Bárbara visitando diariamente o local.

—  Senhor, essas fotos são recentes. Há alguns dias atrás, a senhorita Bárbara foi vista nas redondezas visitando o abrigo. Mas os moradores do bairro diziam que vivia ali, uma moça chamada Bianca e que cuidava de uma idosa. — falou Carlizes.

Fico ainda mais confuso. Não entendo qual seria a relação de Bárbara em comprar e investir no abrigo, ainda mais com outra identidade!

Então, me recordo do pingente que encontrei no primeiro local onde os sequestradores mantiveram Bárbara em cativeiro. O colar tinha o nome de "Bianca". Mas quem ela seria? E qual sua relação com a minha esposa?

—  Carlizes, dê um tempo nas investigações sobre Bárbara. Descubra para mim quem é essa tal de Bianca e seu passado. Deve haver mais coisa nisso tudo.  — declarei.

O Coração em ChamasOnde histórias criam vida. Descubra agora