LORENZO:
Continuo a sentir os lábios de Bárbara grudados nos meus. Eles eram macios e quentes. O que despertou uma chama de dentro de mim, desejando a querer mais.
Não há como negar. Acho que me apaixonei por essa mulher! Era uma sensação indescritível de tê-la em meus braços e nunca mais me separar dela. Era misterioso, era mágico, era forte!
Até que ela me afasta de repente, interrompendo o nosso beijo. Percebo seu olhar assustado sobre o que acabou de acontecer.
— Lorenzo...
Antes que ela dissesse qualquer coisa, me adianto em responder.
— Me desculpa. Eu não pretendia desrespeitá-la. Não sei o que me deu... Bárbara...
Tento me aproximar suavemente dela, mas ela se afasta de mim friamente.
— Isso foi um erro. — ela falou finalmente.
Fico incrédulo ao ouvir tal coisa.
— Como é? — indaguei.
Ela me encara de maneira meio nervosa e diz:
— Isso não devia ter acontecido... Eu... Vamos esquecer que houve esse beijo entre nós. Foi um erro, sem dúvida!
Sem entender nada, pego em seu braço e a confronto:
— Se foi um erro, por que não me afastou de imediato? Poderia ter feito isso e eu não insistiria. Mas ao invés disso, você me beijou também, Bárbara!
— Nada a ver! Eu apenas...
— Admita Bárbara, você queria esse beijo tanto quanto eu! — provoquei.
Ela me olha espantada, e num movimento, se solta de minhas mãos.
— Está louco, Lorenzo! Você apenas se aproveitou da minha fragilidade! Nunca pensei que fosse tão baixo! — ela discute.
Solto uma risada rápida e nervosa:
— Acha que eu sou o tipo de homem que faz isso? Acha mesmo que eu desrespeitaria uma mulher? — perguntei seriamente.
— Lembre-se do nosso acordo, Lorenzo! Somos um casal apenas no papel, mas intimamente, não temos nada haver um com o outro! — ela declarou.
Aquilo fez o meu sangue ferver e por algum motivo, sinto uma pontada de dor no meu coração por suas palavras.
Há um momento de silêncio constrangedor entre nós.
Limpo a garganta e tento falar de forma mais amena com Bárbara:
— Se quer tanto isso, que assim seja!
— Ótimo! — ela me respondeu.
— E não se preocupe com a questão do seu tratamento. Manterei seu segredo guardado comigo, não contarei a ninguém e nem ao seu avô. Tem a minha palavra! — prometi.
— Agradeço sua discrição.
A encaro e Bárbara desvia seu olhar. Um nó na garganta se forma e decido dar um aviso final para ela:
— Quando tiver certeza do que sente, prove-me, assim como provei hoje para você.
Então, indico com a cabeça para voltarmos para o carro. Entramos e fomos para casa sem dizer uma única palavra.
Ao chegarmos, Bárbara se apressa para ir ao quarto. Mas antes de subir também noto que Lídia, Madalena e Tomás não estavam mais na mesa desacordados. Encontro um bilhete na mesa, com a escrita de um funcionário, dizendo:
"Patrão, encontramos os três dormindo profundamente e o levamos para seus quartos. Tenha uma boa noite."
Suspirei aliviado. Pelo menos eles estão bem. Deixo o papel ali mesmo em cima da mesa e subo as escadas. Caminho em direção ao nosso quarto e Bárbara me encarava de maneira confusa.
— O que está fazendo aqui? — ela questionou.
— Vou dormir. — respondi, fechando a porta.
— Vá para outro quarto! Esse aqui é o meu e você não pode simplesmente invadi-lo quando bem quer!
Começo a tirar a camisa, logo Bárbara se vira de costas, cobrindo os olhos. Não pude deixar de sorrir com sua atitude.
— Está com vergonha de mim? — provoquei.
— Eu apenas... Não quero que pense que estou me aproveitando de você.
Ao tirar totalmente a camisa, caminho lentamente até ela e coloco meus braços entorno de sua cintura. Bárbara tenta sair, mas eu a seguro mais forte.
— Lorenzo... O que...?
— Shhhh. Escute. Hoje foi um dia cansativo para mim, e apenas quero passar a noite ao seu lado. Não se preocupe, pois eu não farei nada com você. — sussurrei em seu ouvido.
Feito isso, eu a solto e já deito na cama.
Mas Bárbara ainda estava parada no mesmo lugar, até que chamo sua atenção. Ela vai até o banheiro, logo ouço o barulho de água caindo e depois de um tempinho, ela sai usando uma camisola de seda rosa, destacando suas belas curvas.
— Que doce visão! — pensei.
Ela se deita, colocando alguns travesseiros entre nós, como um muro.
Com o passar das horas, Bárbara finalmente adormece. E ela acaba se virando, ficando de frente pra mim. Ignoro a barreira de travesseiros e fico apenas olhando para ela.
— Como uma mulher tão rude, pode ser tão fofa agora? — pensei admirado.
De repente, escuto uma vibração no bolso da minha calça. Apresso-me para não acordar Bárbara e ao ver, era uma ligação de Carlizes. Atendo e sussurro baixinho.
— Alô?
— Chefe, trouxe novas notícias.
— Hm. Pode falar. — respondi.
— Encontrei nos registros bancários da Sra. Rodríguez e notei que algum tempo atrás ela comprou um abrigo de idosos para o lar. E investiu uma alta quantia de dinheiro nele, mas com um pseudônimo de Christina Smith.
Ao ouvir tal coisa, estranho imediatamente.
— Um abrigo de idosos?
Logo recebo certas imagens. E nelas mostrava Bárbara visitando diariamente o local.
— Senhor, essas fotos são recentes. Há alguns dias atrás, a senhorita Bárbara foi vista nas redondezas visitando o abrigo. Mas os moradores do bairro diziam que vivia ali, uma moça chamada Bianca e que cuidava de uma idosa. — falou Carlizes.
Fico ainda mais confuso. Não entendo qual seria a relação de Bárbara em comprar e investir no abrigo, ainda mais com outra identidade!
Então, me recordo do pingente que encontrei no primeiro local onde os sequestradores mantiveram Bárbara em cativeiro. O colar tinha o nome de "Bianca". Mas quem ela seria? E qual sua relação com a minha esposa?
— Carlizes, dê um tempo nas investigações sobre Bárbara. Descubra para mim quem é essa tal de Bianca e seu passado. Deve haver mais coisa nisso tudo. — declarei.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Coração em Chamas
RomanceNuma noite de lua cheia, a mansão Rodríguez incendeia-se misteriosamente. O culpado tinha como o objetivo de apossar das empresas da família Rodríguez aniquilando todos que viviam naquela casa. O que ele não esperava, é que as gêmeas sobrevivessem...