O Coração em Chamas

Capítulo 40 - Chega de fugir

BIANCA:

Percebo uma movimentação estranha. Havia somente um bandido me vigiando. Todos saíram da sala que eu estava, incluindo Lucca. O cara que estava me observando não parava de encarar a janela.

De repente, ouço barulhos fortes do lado de fora. Tem algo acontecendo! Aproveito a distração do vigia e tento me soltar. Começo a empurrar a cadeira pra trás, fazendo o mínimo de silêncio possível, pois havia um metal enferrujado, afiado atrás de mim. Se eu conseguisse usá-lo poderia rasgar as cordas que me prendiam, conseguiria fugir.

Porém, sou surpreendida com um puxão de cabelo. Ao direcionar meu olhar para frente, vejo que se tratava do carcereiro. Com um sorriso amarelo, ele debocha de mim, dizendo:

— Pode até tentar, mas daqui não vai escapar!

Murmuro algo, mas o carcereiro não consegue entender, por causa do lenço na minha boca. Por azar dele, ele retira. E eu cuspo na cara dele só de nojo.

Ele sente-se enojado após eu fizer tal ato. Repensando agora, não me pareceu uma boa ideia! Pois o bandido me olha com um sorriso amarelo e um olhar de malícia. Fico petrificada de medo.

Percebo seus olhos se direcionarem para o meu peito. Ele segura pela costura da minha roupa e tenta rasgar o tecido.

— Não! — berrei, apavorada.

Fecho os olhos, desesperada! Tento afastá-lo, mas para a minha surpresa ouço a porta sendo arrombada. Ao abrir os olhos, vejo Lucca usando uma corrente de ferro no pescoço do bandido por trás, o asfixiando. Feito isso, o carcereiro cai no chão, desmaiado. Eu encaro Lucca com uma expressão meio confusa.

Ele se agacha ao meu lado, todo preocupado:

— Você está bem, Bianca?

Apesar da resposta for "sim", eu estava completamente em choque. Apressadamente, Lucca me desamarra, eu me levanto e a primeira coisa que eu fiz foi desferir um tapa em seu rostinho bonito.

Lucca me encara sem entender nada. Finalmente me toco no que acabei de fazer e tento me recompor.

— Isso é pelo beijo... Foi um impulso. Desculpa. — respondi meio sem jeito.

— Sejamos rápidos! Vou te levar para um lugar seguro e depois disso nos separamos. Ok? — explicou Lucca bem baixinho, para não sermos ouvidos.

Lucca toma meu braço e começa a me guiar para fora da sala. Nossos passos são rápidos e apressados, mas tudo feito com muita cautela. Logo, ouço mais daquele barulho que havia escutado antes. Paramos por trás de uma mureta cinza e questiono Lucca:

— O que está acontecendo? Onde estão os outros bandidos que me sequestraram?

— Eles estão se divertindo com o prêmio. — respondeu Lucca seco.

Ele me puxa, mas eu fico parada. Ele me encara com um olhar apreensivo.

— O que está fazendo, Bianca? Essa é a hora perfeita para fugirmos! Nós temos que ir e precisa ser agora.

— Só vou depois de me contar o que está acontecendo. — exigi. — Que prêmio é esse? 

Ele respira fundo e finalmente me falou:

— É o Lorenzo. Ele se entregou ao chefe dos bandidos para te salvar.

Ao ouvir tal coisa, sinto meu coração parar. Ele veio até aqui por mim? Pela primeira vez, hesito em minha decisão. Se eu fugir, Lorenzo certamente morrerá! 

— Chega de fugir Bianca! — pensei, decidida.

Solto-me das mãos de Lucca que não entendeu meu movimento.

— Bianca... O quê...?

— Obrigada por me soltar, mas agora seguiremos separados. Eu vou salvar o Lorenzo. Afinal ele entrou nessa por minha causa. Eu preciso fazer isso. — respondi finalmente.

Mas Lucca me encarava incrédulo.

— Não vou deixar você fazer isso! Se você for atrás dele, certamente não haverá uma próxima vez.

— Sei disso. Mas é um risco que eu quero correr. — falei.

— Sem chance! Não vou deixá-la cometer essa loucura. — negou Lucca.

Apenas o encaro e digo:

— Então, me perdoe!

Assim golpeio Lucca no ponto neural em seu pescoço e ele cai no chão desmaiado. Obrigada Dra. Esther por ter me ensinado tal truque! As pressas, vasculho o bolso de Lucca e pego sua arma e uma pequena faca. Saio dali sorrateiramente e começo a procurar por Lorenzo.

É um fato! Estou arriscando minha vida sim, mas tem algo dentro de mim que me impede de tomar certas decisões por causa dele. Não me importa mais em fugir, eu tenho que salvá-lo!

Mesmo que isso me faça despertar meu pior medo e o meu misterioso passado!