Capítulo 113 - Nossa filha.

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BÁRBARA:

Dentro do camburão do carro da polícia, eles se dirigiam para o presídio de pena máxima. Ao descer do carro, um oficial de alto escalão, nos parou e conversou com os policiais que me mantinham presa. 

Um frio na espinha me ocorre, ao perceber o olhar penetrante do oficial sobre mim. Ele me leva dos policiais e me deixa numa cabine e lá encontro meu avô, em carne e osso, e com um olhar indecifrável.

— Você? — indaguei sem entender.

— Seja breve, senhor. — falou o oficial, deixando-nos a sós.

Meu avô enfim olhou para mim, mas desvio o olhar. Por tanto tempo o culpei pela morte de meu pai e só agora, descobri que ele não era o assassino. 

— Bárbara... Eu falhei com você, minha querida. - sua voz sai trêmula. -  Fui condescendente demais, permiti que seus caprichos e desejos egoístas guiassem sua vida. Sinto-me culpado por não ter lhe ensinado os valores corretos, por não ter sido um avô presente o suficiente para mostrar o caminho certo.

Permaneço em silêncio, olhando fixamente para o chão, absorvendo as palavras de meu avô com um misto de tristeza e reflexão.

— Eu acreditei que poderia protegê-la de tudo, mas, no fim das contas, acabei contribuindo para o seu caminho de destruição. Por favor, entenda que tudo o que fiz foi por amor, mas percebo agora que foi um amor mal direcionado, um amor que não a ajudou a se tornar a pessoa que você poderia ser. — ele se lamentou.

Enfim levantei o olhar, e o encaro com uma mistura de dor e arrependimento.

— Vovô... Eu sinto muito. Sinto muito por tudo o que fiz, por todas as mágoas que causei a todos ao meu redor. Eu sei que é tarde demais para pedir perdão, mas eu realmente lamento profundamente. — confessei, não contendo mais as lágrimas.

Ele se aproxima de mim, visivelmente emocionado e me abraça com ternura. Pela primeira vez, retribuo aquele abraço com carinho e uma saudade enorme invade o meu peito. Permanecemos assim, em silêncio, deixando que as palavras sejam substituídas pelo calor desse gesto de amor e perdão.

— Eu só lamento você terminar sua vida desse jeito. Mas, ouça-me minha neta, ainda há uma oportunidade para você encontrar a redenção. A prisão pode ser um lugar de transformação, um momento para refletir sobre seus erros e buscar uma vida melhor. Prometo que estarei aqui para apoiá-la, para lhe estender a mão quando precisar. — ele respondeu suavemente.

Com mais lágrimas escorrendo pelo rosto, abracei meu avô com força, sabendo que é hora de enfrentar as consequências de meus atos e buscar uma chance de me redimir.

— Certamente terei uma vida pacífica aqui. Bem... Sentirei saudades! Eu te amo, vovô! — finalmente falei o que ficou entalado na minha garganta durante todos esses anos.

A visita chega ao fim, mas o peso das palavras e o abraço sincero permanecerão em meu coração. Me despeço dele e sigo para a prisão, consciente de que é hora de enfrentar as consequências de minhas ações, mas também com a esperança de encontrar um caminho de recuperação e transformação.

Passei meus dias na prisão, chorando incessantemente pelos meus erros. Me mantive em jejum também e derramei lágrimas todos os dias. No entanto, a vida pacífica que eu havia prometido ao meu avô não é apenas uma busca pela redenção, mas sim uma despedida silenciosa.

Após vários dias de jejum e lágrimas constantes, sinto que meu corpo atingiu seus limites. Em um momento de exaustão, reparo que todas as pessoas ao meu redor haviam desaparecido. E no meio do corredor, vejo um casal se aproximando. 

Ao chegarem na minha cela, reconheço-os de imediato. 

Vejo meu pai Bernardo e minha mãe Natasha. Suas aparências estavam do jeitinho que me lembrava.

E eles estendiam suas mãos para mim. Neste momento, senti meus olhos ficarem marejados só de revê-los.

— Nossa filha! — eles me chamavam carinhosamente.

— Papai... Mamãe... Senti tanta saudade! — exclamei pulando em seus braços, emocionada.

Ao me afastar, meu pai depositou sua mão em cima do meu ombro e disse:

— Está tudo bem agora, Bárbara! — sua voz era quente e gentil.

Minha mãe tocou meu rosto delicadamente e enxugou minhas lágrimas.

— Minha filha, a espera enfim cessou. Agora ficaremos juntos para todo sempre. — minha mãe respondeu com um ar de alegria.

 Um sorriso de felicidade iluminou meu rosto ao me reunir com meus pais mais uma vez, e assim, eles me seguram firmemente pelas mãos e caminhamos por um túnel com uma luz no final, e depois não senti mais nada.



AUTORA:  Enquanto Bárbara parte com seus pais, seu sorriso reflete a esperança de uma nova jornada, livre das correntes de culpa e sofrimento. Ela deixa para trás o mundo terreno e encontra a redenção e a paz que tanto ansiava, reunindo-se com aqueles que a amavam e a aguardavam do outro lado.

Assim, a história de Bárbara encontra seu desfecho, com sua alma encontrando descanso e sua jornada de dor e arrependimento chegando ao fim. Embora sua vida tenha sido marcada por escolhas erradas e sofrimento, ela finalmente encontra a redenção e a tranquilidade ao lado de seus pais, deixando para trás o peso de suas ações e partindo para uma nova existência.













O Coração em ChamasOnde histórias criam vida. Descubra agora