Capítulo 45 - Pesadelo ou visão?

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BIANCA:

O local estava ficando mais escuro devido ao fogo que percorria por todos os cantos. Nem eu estava conseguindo respirar direito. Começo a correr procurando a saída daquele lugar. Até que eu ouço:

— Bianca! — uma voz me chamou.

Tentei ver se tinha alguém em meio ao fogo, mas não havia ninguém. Logo me dou conta que eu estava dentro de um casarão muito bonito. Corta-se a cena e logo ouço gritos e choros de uma criança.

Arfando, mesmo assim corro em direção aonde ouvi o barulho. Finalmente encontrei a criança. Era uma pequena menina. Antes que eu pudesse resgatá-la, um homem a pega e a coloca numa passagem secreta, escondida na parede do escritório, que ainda não havia sido consumido pelo fogo.

De repente, me vejo ao lado da criança dentro do compartimento secreto. O homem a nossa frente sorri e diz:

— Fique aqui, Bianca! Não importa o que aconteça, não saia daí. Entendeu?

Outro flash de luz ocorre e de repente, consigo ver pelos olhos da menininha o homem que tinha nos salvado, levando um tiro no peito já em meio ao fogo. Pela brecha da passagem secreta, observo o homem mau desaparecendo nas chamas.

— Bianca!

As vozes perturbadoras chamavam pelo meu nome novamente. Fico desesperada e tento sair daquele lugar. Porém, quanto mais tentava fugir, mais as vozes me perseguiam. Não suportando mais aquilo, começo a chorar e a tampar os ouvidos.

— Não... Não. Me tire daqui... Por favor. Não! — gritei de dor.

De repente, acordo ofegante, sem saber o que estava acontecendo ou onde eu realmente estava. A única coisa, é que sinto braços apertados me envolverem, sinto o calor humano e ao olhar para frente, percebo que era Lorenzo.

— Bárbara! Calma, calma. Foi só um pesadelo! — ele gritava à medida que eu esperneava de dor.

Sinto seus braços me apertarem mais forte.

— Tá tudo bem agora. Bárbara fique calma! Eu estou aqui! Eu estou aqui.

Aos poucos, as minhas lágrimas cessam e minha respiração volta ao normal. Ainda cabisbaixa eu revelo:

— O homem... O homem...

— Que homem? — perguntou Lorenzo.

— Eu...

— Bárbara, se acalma primeiro. Por favor, olhe para mim. — pediu Lorenzo gentilmente.

Respiro fundo e finalmente ergo o olhar. Ao ver Lorenzo percebo que sua face estava bem machucada. Sinto uma culpa dentro de mim. Afinal ele se feriu por minha causa.

— Me desculpa. — falei meio chorosa.

Ele pega delicadamente na minha mão e responde:

— Eu estou bem, porque você me salvou. Não precisa se desculpar. Não se culpe. Estamos entendidos?

Balanço a cabeça lentamente, com um "sim".

Sinto mais lágrimas escorrerem de meu rosto, vejo um olhar preocupado de Lorenzo sobre mim.

— O que foi? Está com dor em algum lugar?

— Eu não sei... O sonho, ele... Eu vi um homem no meu sonho. Tinha fogo ao meu redor... Muita fumaça... Ele me escondeu numa passagem secreta... E eu vi um outro homem e ele atirou... Foi muito assustador! Eu... Eu...

— Calma, já passou. Foi só um pesadelo. Agora, está tudo bem. — falou Lorenzo acariciando meu cabelo.

— Achei que fosse morrer de verdade! Eu não quero morrer... Não quero. — confessei em meio as lágrimas.

Sinto as duas mãos de Lorenzo pegarem meu rosto suavemente e ele diz em seguida:

— Bárbara, me escute! Eu não vou deixar nada acontecer com você. Confie em mim.

— Você pode me dar um abraço? Por favor. — pedi meio receosa.

E para minha surpresa, Lorenzo atende meu pedido e me envolve em seus braços. Sinto meu coração acelerar, sentir seu cheiro novamente, me tranquilizava.

Até que ouvimos uma batida na porta, o que interrompeu o nosso abraço. Ao erguer o olhar, vejo que era Lídia. E com uma bandeja em mãos.

— Licencinha. Patrão, eu trouxe a comida que o médico recomendou. Se alimente um pouco, senhorita.

— Sinto muito, Lídia. Mas eu não quero comer nada. — confessei.

— Lídia, me dê o prato. — pediu Lorenzo seriamente.

Ela entrega a bandeja e sai do quarto, deixando-nos a sós.

— Você tem que comer! Está fraca depois do que houve. Faça um esforço. Vamos, abra a boca. Ahhh.

Olho para Lorenzo com uma cara de "isso é sério?"

Mas enfim, cedo e como até raspar todo o prato.

— Viu? Foi rapidinho. — falou Lorenzo num tom de brincadeira.

— Estou com sono. Quero dormir mais um pouco. — falei.

Então, Lorenzo me ajuda a deitar na cama. Nossos olhos se encaravam fixamente.

— Por que está me olhando desse jeito? — ele perguntou.

— Você está apenas sendo legal comigo hoje... Não estou acostumada.

Ele sorriu meio desconcertado.

— Sobre eu gritar com você antes... Me desculpa. Eu falei por impulso. Tentarei ser mais compreensivo com você daqui pra frente.

— Está tudo bem, Lorenzo. Obrigada. Pode ir agora. — respondi.

Ele consente e sai do quarto. Aquilo me surpreendeu.

— Talvez ele não seja tão ruim quanto eu pensava. — pensei.

O Coração em ChamasOnde histórias criam vida. Descubra agora