Capítulo 23 - Algemados pelo destino

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LORENZO:

  A encaro com um olhar provocador, mas para minha surpresa ela não se rebaixou a essa humilhação. Diante de todos Bárbara se levanta de seu lugar e me questiona ali mesmo. Não pude deixar de notar também, os olhares estarrecidos das pessoas dentro do ônibus.

  Bárbara me empurra, o que me tira de meus pensamentos.

— Mas isso é um absurdo! Eu sou uma cidadã honesta e trabalhadora!

— Isso quem irá julgar será o delegado! Por favor, me acompanhe, senhorita. — pedi suavemente.

Porém, ela me encara com raiva e declara em voz alta:

— Só saio daqui algemada pela verdadeira polícia!

Então soltei um leve suspiro e tirei do bolso uma algema. A mesma algema que nós dois vimos na maletinha com acessórios sexuais lá no hotel. Ela me encara com uma expressão de que "você não fez isso." Rapidamente, pego o braço esquerdo dela e prendo-a, a outra parte também algemo em meu braço. Se ela quer fugir, hoje ela não vai conseguir!

Sorrio e num movimento rápido, pego-a e a ponho em meu colo.

Viro-me para todas as pessoas do ônibus que nos encaravam pasmos e incrédulos com o que viam. Diante de todos respondo gentilmente:

— Peço desculpas, por estarem vendo esse tipo de coisa. Mas minha esposa adora criar fantasias sexuais em que sou um policial gostoso e ela uma bandida safada! Sabe, coisas de mulheres.

— Como é que é, cachorro? — ela sussurra segurando-me pela gola, toda envergonhada.

— Enfim, mais uma vez, nos perdoem por isso. Agora a situação está controlada! - me despeço.

Sendo assim, saio com ela carregada em meu colo. Ela pousa sua cabeça no ombro, escondendo metade do rosto. Certamente eu consegui atingi-la em cheio!

— Agora você sabe como me sinto quando você me humilha em público. — pensei vitorioso.

Depois, descemos do ônibus e levo-a comigo até o carro.

Finalmente entramos no carro e imediatamente ela fala:

— O que foi isso?! Ficou louco, Lorenzo?!

— É você que está me deixando louco! — esbravejei.

— Não fiz nada de errado. Apenas quero voltar para a minha casa. — ela tenta se explicar.

— Somos casados agora. O único lugar em que você deve viver, é na minha casa e comigo! — declarei.

— Mas nem morta eu vou! Você mesmo disse que somos casados apenas no papel. Não tenho a menor obrigação de morar no mesmo teto que um cachorro! — ela responde aumentando o tom de voz.

Olho para ela seriamente e digo:

— Acontece que esse casamento é uma aliança de negócios. Portanto, acha certo marido e mulher morarem sob tetos diferentes? Como explicaria isso aos nossos patriarcas?

— Bem... Eu...

Antes que ela inventasse qualquer desculpa, a interrompo:

— Além disso, já pedi ao Tomás que providenciasse tudo que você precisasse para morar comigo. Roupas, calçados, acessórios, bolsas, coisas de higiene. Exatamente tudo!

Vendo que eu tinha razão, ela coloca o cinto mal-humorada e resmunga:

— Que seja!

Ligo o carro e dirijo pela estrada sem dizer uma palavra.

— Que isso sirva de lição para ela. — pensei.

O Coração em ChamasOnde histórias criam vida. Descubra agora