BIANCA:
Ouço uma batida suave na porta.
Abro os olhos lentamente. Quem será? Que horas são agora? Olho para o lado, Lorenzo não estava mais lá. Que alívio! Depois do que houve ontem, não planejava vê-lo tão cedo.
De repente, o mesmo som se repete e ouço uma voz feminina.
— Senhorita! Eu trouxe o seu desjejum.
— Pode entrar. — falei num tom mais alto.
A porta se abre gentilmente. Era Lídia, trazendo uma bandeja com alguns lanchinhos. Levanto-me rapidamente e me sento. Ela me encara com um sorriso bondoso, colocando a bandeja em meu colo.
Fico espantada ao ver a quantidade de comida e ainda por cima uma rosa vermelha posta nela.
— Pra que tudo isso? — perguntei meio confusa.
— Senhorita, foi o próprio patrão que me ordenou para trazer especialmente para você. — ela me respondeu alegremente.
— Pra mim? Mas por que?
Lídia ri rapidamente. Não gostei de sua atitude e a confrontei.
— Qual é a graça?!
— Desculpa. Eu não estou rindo de você. É que... Não acredito que ainda não conseguiu perceber a afeição que o meu patrão tem pela senhorita. — disse Lídia.
— Como é? Lógico que não! — exclamei.
Lídia me olha de forma assustada. Sem querer respondi de uma maneira abrupta.
— Quero dizer, não existe nada entre nós! Só temos amizade um pelo outro. Na verdade, eu vou te contar um segredo. — falei baixinho.
Com as mãos, faço um sinal para que Lídia chegasse mais perto. Ela se aproxima e eu sussurro:
— O Sr. LeBlanc e eu, temos um contrato de casamento. Nós assinamos que na frente dos outros seríamos como um casal apaixonado, mas na realidade, não interferimos na vida um do outro.
Lídia me olhava chocada, mas para minha surpresa, ela continuava a sorrir. Não entendi.
Pego o copo de suco que estava na bandeja e começo a beber.
— Certamente, a existência do contrato eu não esperava, mas isso não é motivo. Pense bem! Por acaso, meu patrão fez algo que simbolizou... Você sabe... Uma atitude de amor por você? Por exemplo... Com um beijo? — questionou Lídia.
Ao ouvir a última frase, engasguei-me com o suco. Começo a bater no meu peito com a palma de minha mão, para forçar a entrar ar no pulmão. Lídia rapidamente, dá tapas em minhas costas, tentando me ajudar.
Ao recuperar totalmente o fôlego, me recomponho. Deixo o copo de suco de volta na bandeja e a encaro.
— Lídia... Posso te fazer uma pergunta? — perguntei meio hesitante.
— Claro, senhorita. — ela respondeu de imediato.
— Eu tenho uma amiga, e ela conheceu um cara e eles se casaram por acidente. Só que ela na verdade, não é quem todos pensam que ela é. Acha que se o marido dela descobrisse a verdade, ele a condenaria ou a amaria do mesmo jeito?
Lídia estreita os olhos com tal pergunta.
— Pelo pouco de experiência que tenho, um amor entre um casal não pode ser desenvolvido através de uma mentira. Mas há exceções.
— De que tipo? — perguntei curiosa.
Lídia sorri e pega nas minhas mãos gentilmente.
— O que importa é que você saiba que o patrão a admira muito, mais do que isso, ele a ama de verdade.
As palavras de Lídia tocaram no meu coração de certa forma. Logo veio a minha mente a imagem do beijo de ontem. Não será um engano? Será que eu realmente fiz o poderoso Sr. LeBlanc se apaixonar por mim? Sem chance! É impossível! Ele nunca trocaria uma moça rica... Por uma jovem órfã e pobretona como eu...
De repente, meus pensamentos são interrompidos com o barulho da porta sendo escancarada. Lídia e eu ficamos assustadas e vimos que se tratava de Madalena. Ela parecia angustiada com algo.
— O que houve? — a questionei.
— Desculpa entrar assim em seu aposento, senhorita, mas, é urgente! Você tem uma visita e ele está te esperando lá embaixo.
— Visita? Não estou esperando ninguém. Quem é? — perguntei.
— O patriarca da família LeBlanc, Sr. Franklin LeBlanc. O avô do patrão.
Ao ouvir aquilo, olho para o despertador ao meu lado. Já se passava do horário combinado que marquei de encontrá-lo em sua casa. Ele certamente veio aqui por causa disso. Fique calma, Bianca. Você consegue lidar com ele!
— Avise-o que já irei descer. Enquanto isso, Lídia, me ajude a se vestir. Não podemos deixá-lo esperando por mais tempo. — ordenei.
Deixo a bandeja de comida de lado, e com a ajuda de Lídia me troco rapidamente. Decido usar algo casual e ao mesmo tempo charmoso. Um conjuntinho, é perfeito!
Dou uma ajeitada no meu cabelo, olhando pelo espelho. Ao estar definitivamente pronta, desço as escadas e encontro o Sr. Franklin sentado numa poltrona.
— Até que enfim, você apareceu! — ele disse num tom áspero.
— Desculpa. Tive insônia noite passada e perdi a hora. Perdoe-me, senhor.
Olho para Lídia e Madalena que tinham semblantes amedrontados. Certamente o avô de Lorenzo não se dobrava facilmente com qualquer um. Mas eu estava disposta a tentar!
— Saiam vocês duas! Quero conversar a sós com minha nora. — ele ordenou de forma rude.
Ele se levanta e caminha em minha direção. A cada passo que dava, eu sentia um embrulho esquisito no estômago e arrepios congelantes. Até que ele para e me encara seriamente.
— Bárbara. Como está sua relação com o meu neto?
— Bem... Eu...
— Lembre-se que conquistá-lo é fundamental para que nosso plano dê certo! — ele afirmou.
Plano? Do que ele está falando? Será que...? Será que a relação de Bárbara com este homem possui um lado obscuro? Qual a intenção deles em conquistar tanto Lorenzo, afinal? O que eles ganhariam com isso? Tem algo de errado aqui!
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O Coração em Chamas
RomanceNuma noite de lua cheia, a mansão Rodríguez incendeia-se misteriosamente. O culpado tinha como o objetivo de apossar das empresas da família Rodríguez aniquilando todos que viviam naquela casa. O que ele não esperava, é que as gêmeas sobrevivessem...