Capítulo 76 - Ela sobreviveu?

75 5 0
                                    

LORENZO:

Engulo em seco ao ver Carlizes bem na minha frente.

— Quem é o senhor? — indagou, Bárbara curiosa.

— Ele é um cliente. Nós combinamos de nos encontrar. — inventei de última hora.

— É que eu cheguei atrasado, senhorita. Apenas isso. — reforçou Carlizes.

Realmente, desta vez, esse encontro foi mal planejado. Viro Bárbara para mim, deslizo suavemente minhas mãos em seus ombros e falo:

— Meu amor, enquanto nós conversamos, você poderia comprar uma marmita de comida para mim? Eu estou com fome. — falei dengosamente.

Tinha a ideia de fazê-la buscar a marmita e deixar eu e Carlizes a sós.

— Mas o que eu devo trazer para você? — ela sussurrou meio confusa.

Me aproximo de seu rosto e roubo um beijo rápido dela.

— Qualquer coisa que você me trouxer, eu vou gostar.

Bárbara esboça um lindo sorriso e sai do escritório, sem desconfiar de nada.

Com a saída de Bárbara, fecho a porta e a tranco. Pois não queria que ninguém ouvisse a nossa conversa. Dirijo meu olhar para Carlizes.

— Da próxima vez, me ligue antes de aparecer! Quase que a Bárbara descobre sua identidade. - reclamei.

— O assunto é sério, Lorenzo. E é por isso que eu tive que vir aqui, pessoalmente. É sobre a família Rodríguez. — Carlizes respondeu num tom preocupante.

Faço sinal para que nos assentemos e Carlizes parecia nervoso em contar.

— Eu investiguei o colar que você me deu. Há algumas semanas atrás, uma loja antiga vendeu a uma velha senhora um suposto colar de ouro folheado, escrito Bianca. É o mesmo que você encontrou no local do cativeiro. Eu questionei a gerente da origem daquele acessório. A dona me revelou que ele foi encontrado num incêndio.

— Incêndio? E o que isso tem a ver com a família Rodríguez? — questionei, sem entender.

— Eu fiz uma investigação mais profunda e descobri que se tratava no grande incêndio que destruiu a mansão da família Rodríguez, há 21 anos atrás. Lorenzo, esse caso é mais complexo do que parece ser e você precisa estar preparado! — advertiu Carlizes, num tom sério.

Sinto um suor frio escorrer pelo meu rosto. Não entendo do que de tão sério possa ter, mas pela expressão de Carlizes, ele não estava para brincadeira. Engulo em seco e tento manter a calma diante dos fatos que seriam revelados.

— Há 21 anos atrás, um grande incêndio aconteceu na família Rodríguez. O CEO da empresa Diamond, que na época, era o Sr. Bernardo, ele morreu naquelas chamas. Mas nos jornais antigos, outra pessoa havia morrido no incêndio, porém, nunca encontraram o corpo. Então, naquela época, a polícia deu a nota de óbito sem mesmo ter o corpo como prova.

— E quem era essa pessoa? — inquietei-me com a demora.

— A neta mais nova, do Sr. Samuel. A Sra. Bianca Rodríguez. Irmã gêmea da Sra. Bárbara. — falou finalmente Carlizes.

Minha mente para depois dessa informação. Que história maluca é essa?! Irmã gêmea?!

— Especifique melhor! O que está dizendo?! — perguntei, ainda incrédulo.

— Eu não posso ter 100% de certeza, porque isso aconteceu há muito tempo e o caso foi arquivado misteriosamente. Mas há uma probabilidade de que a neta mais nova esteja de fato viva.

— Então, a tal Bianca Rodríguez... Ela sobreviveu ao grande incêndio? Mas como?! Se ela desapareceu há 21 anos atrás, por que só agora ela apareceria?! Não faz sentido! Como pode dizer que ela está viva?! — discuti, atordoado.

Carlizes respira fundo, retira uma pasta verde e entrega em minhas mãos. Abro e lá mostra imagens de câmeras de segurança de uma loja de roupas. A imagem não era muito nítida, mas dava para ver duas moças, lado a lado, naquela loja.

— Eu consegui uma testemunha. Uma das funcionárias que trabalhava na loja onde Bárbara naturalmente fazia compras, relatou que nesse dia, a Sra. Bárbara levou consigo uma jovem. Pelas vestimentas, a moça parecia ser de uma classe mais baixa. Mas o que a chamou atenção foi as duas serem semelhantes na aparência.

Então, logo me veio à mente, a tal fotografia que achei quando fui procurar Bárbara naquele abrigo de idosos. Vou até a minha escrivaninha e abro meu compartimento secreto e pego-o a foto.

Sento-me novamente, e dou às pressas a tal fotografia a Carlizes.

— Essa foto... Isso não é um espelho, então?

— Não. São a imagem das irmãs se olhando frente a frente. Mas entendo a sua confusão. - atestou Carlizes.

— Quer dizer que... A suposta irmã de Bárbara está viva... E ambas compartilham a mesma aparência, é isso que você está me dizendo?!

— Exatamente. — disse Carlizes.

Levanto-me, agitado com toda aquela informação.

— Lembro-me de ter ido ao abrigo e perguntei alguns moradores sobre essa tal de Bianca. Eles afirmaram que ela era uma golpista... Será que as ameaças que minha esposa recebeu... Certamente ela deve estar atrás de Bárbara em troca de dinheiro! — conclui.

Mas antes que eu fizesse qualquer coisa, Carlizes me parou.

— Não tire conclusões precipitadas! Não sabemos ainda a verdade entre elas. Eu sugiro que para tirar essa história a limpo, você deva conversar a sós com sua esposa. Não diretamente, para não a assustar, ao invés disso, faça perguntas aleatórias sobre o passado. Talvez seja a melhor opção no momento. — explicou Carlizes meticulosamente.

Revolto-me com as palavras de Carlizes.

— E eu vou ficar assim?! De braços cruzados, enquanto minha esposa recebe ameaças de uma suposta irmã maluca?! — retruquei com raiva.

— Há uma maneira de você saber. Já ouvi que o Sr. Samuel guarda consigo o álbum antigo da família que por sorte não foi destruído pelo fogo, e dentro dele continha mais detalhes sobre a origem da família Rodríguez. Talvez, se você ver o álbum, possa ter as respostas que você procura.

De repente, a conversa é interrompida por uma batida na porta. E Lorenzo se apavora ao ouvir a voz:

— Lorenzo, eu trouxe a marmita que você pediu! Lorenzo, por que a porta está trancada? — era Bárbara.

Pego a tal fotografia de volta, escondendo em meu bolso e mando Carlizes achar mais provas sobre a localização dessa tal de Bianca.

Destranco a porta e Bárbara me encarava de uma maneira confusa:

— O que está acontecendo aqui, Lorenzo? — ela me perguntou seriamente.

O Coração em ChamasOnde histórias criam vida. Descubra agora