Capítulo 62 - Alvo nas costas

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BIANCA:

Encaro o avô de Lorenzo incrédula. Eu não conseguia ver o grande interesse deles em "conquistar" o Lorenzo. Decido então instigá-lo para descobrir mais sobre isso.

—  Está caminhando ainda... Se me permite perguntar, não acho certo brincar com os sentimentos de Lorenzo, na verdade, eu...

Antes que eu respondesse, recebo um tapa na lateral direita do meu rosto. Fico assustada ao erguer o olhar. Não conseguia ver nenhum arrependimento nos olhos do Sr. Franklin.

—  Como ousa desistir de tudo que planejamos?! Já lhe disse quem foi o responsável pela morte de seu pai! Por acaso, não deseja mais ter a sua vingança, Bárbara?  — ele discutiu.

Levanto-me revoltada.

—  Seja o que for, eu não desejo mais a vingança! Tudo o que eu quero é a paz no momento.  — confrontei-o.  — Como ousa você usar-me para dominar seu próprio neto?!

Diante de minhas palavras, o Sr. Franklin ri sarcasticamente.

—  Agora quer falar de paz? Eu posso até ser um tanto cruel aos seus olhos, mas não se esqueça, querida... Você é bem pior do que eu. Você sempre foi assim. Nós dois somos farinha do mesmo saco.  — ele disse rindo.

Aquele homem é louco! Como posso me comparar a ele? Eu não sou assim!

De repente, ele agarra o meu braço com força e se aproxima o suficientemente de mim. Quando nossos rostos ficaram bem próximos, apareceram flashes rápidos em minha mente.

Fazendo me lembrar do sonho que tive. A menininha escondida na passagem secreta, ela vê o homem que a salvou sendo assassinado por uma figura misteriosa em meio ao fogo. E de repente, finalmente consigo ver o rosto do tal homem que empunhou a arma e atirou. E não era ninguém menos que, o próprio Sr. Franklin.

A partir dali um gatilho dispara em minha mente, desencadeando para uma crise de pânico.

—  O assassino... Ele é o assassino... O assassino está aqui.  — pensei, atordoada.

—  Não se esqueça Bárbara, você trabalha pra mim! Então, deve fazer exatamente o que eu mandar! Caso contrário, você encontrará uma surpresa indesejável pelo caminho.  — ele respondeu num tom ameaçador.

Tento me recompor diante daquilo tudo.

—  Então... Foi você.  — acusei, sem pensar.

Ele me encara de uma maneira confusa e indaga:

—  Eu? O que tem eu?

—  Não toque em mim! Me solte!  — gritei, tentando me soltar de suas mãos.

Puxo com tanta força, que me solto, porém, me desequilibro e acabo derrubando um vaso valioso que estava bem atrás de mim.

O barulho do vaso se quebrando é estridente. Tanto que aparecem Lídia e Madalena às pressas, assustadas.

—  O que houve, senhorita?  — perguntou Madalena.

—  Você está bem?  — indagou Lídia preocupada.

—  Não é nada! Ela apenas esbarrou num vaso. Bárbara, querida, vamos nos sentar e conversar.

O Sr. Franklin tenta me tocar, mas eu me afasto, apavorada.

—  Não me toque! Eu... Não posso ficar nem mais um segundo nessa casa!  — gritei, já aos prantos.

Dito tal coisa, corro apressadamente em direção a porta. Preciso sair daquela casa o mais rápido possível!

Começo a correr sem rumo, sem olhar para trás. Ao estar longe o suficiente, paro numa esquina para recuperar o fôlego.

— Céus! O que foi aquilo? Será que aquele sonho que tive... Foi mesmo real? Será que está ligado ao meu passado? — pensei, toda confusa em meio a situação.

De repente, tive a estranha sensação de que alguém me vigiava. Só existe um lugar que eu estaria segura. O abrigo de idosos. E é pra lá que eu vou.

Então, começo a correr, pois a esquina em que eu estava, por acaso, estava bem próximo de alguns quarteirões que ficavam perto do abrigo.

Mas ao chegar lá, meu coração para.

O abrigo estava destruído! Toda sua estrutura, as grades do portão, as janelas, a porta, estavam totalmente destruídas.

— O que aconteceu aqui? — pensei.

Diante daquela cena, reúno coragem suficiente e entro. Ao meu redor continha apenas destroços. Tudo quebrado, estilhaços de vidros espalhados pelo chão. Finalmente chego ao aposento de minha madrinha, que também estava destruído.

Até que naquele instante, algo me chama atenção. Um pedaço de uma fotografia rasgada ao meio. Ao pegá-la, sinto uma sensação estranha. Na foto havia um homem segurando uma menina em seu colo. Ao olhar atentamente, percebo que é o mesmo homem que vi em meu sonho. O próprio que resgatou a criança e a escondeu.

— É aquele homem, mas... A criança... Como minha madrinha tem essa foto? Será que ela os conhece?

De repente, ouço um barulho de passos atrás de mim. Fico parada. Guardo a fotografia no bolso da minha bermuda e discretamente pego um caco de vidro pontiagudo que estava próximo de mim.

Quando sinto uma mão encostar no meu ombro, viro-me empunhando o caco de vidro em cima da figura misteriosa, mas para o meu espanto, era uma pessoa familiar para mim.

— Calma, Bianca! Sou eu!

— Lucca? — perguntei, perplexa ao vê-lo.

Por que raios Lucca estaria ali? Será que ele sabia sobre o que aconteceu no abrigo? O que ele veio fazer aqui realmente?

Inúmeras dúvidas surgiram em minha mente. Parece que eu me meti numa situação perigosa, e que certamente alguém está querendo me matar! Mas quem será?

O Coração em ChamasOnde histórias criam vida. Descubra agora