BIANCA:
Finalmente chego no local que Bárbara havia marcado comigo.
Vejo que se tratava de um galpão de estoque de lã e algodão e parecia abandonado há anos. Entro cautelosamente, em prontidão, para que não houvesse surpresas desagradáveis pelo caminho. A cada medida que entro mais afundo naquele lugar, o ambiente ficava mais escuro.
Logo acho a caixa de energia, coberta por teias de aranhas. Com muito esforço tiro a tampa e mexo nos botões, de repente, as lâmpadas acendem dando pequenos focos cintilantes, iluminando por onde eu passava. Aquele lugar era amedrontador e muito suspeito para um simples encontro.
— Olá? Bárbara?! Você está aí? — exclamei curiosa.
De repente, vejo-me em um salão escuro e em cada saída surge um homem de preto com paus e barras de metal na mão. Sinto meu coração tremer de medo, aquilo não era um encontro, e sim, uma armadilha! E o pior, não tinha para onde fugir, estava literalmente encurralada.
Até que ouço uma voz familiar vindo das sombras.
— Seja bem-vinda, Bianca! Chegou bem na hora da nossa festa!
Quando a tal figura misteriosa se aproximou da luz, me surpreendo ao ver que era Bárbara, porém, seus cabelos estavam cortados, com um penteado curto, suas vestes eram elegantes e grudadas ao corpo. Seus olhos castanhos brilhavam e um sorriso louco surgiu em seus lábios.
— Se eu fosse você, ficaria bem quietinha. Esses são meus seguranças, para evitar que nada saia do controle. — explicou Bárbara num tom debochado.
A partir dali a ficha caiu totalmente para mim! A Dra. Esther tinha toda razão, ela nunca coletou provas e nem nada do exterior, ela apenas me usou e me manipulou de forma tão ardilosa, que agora eu a encarava com puro ódio. Porém, sua expressão não possuía nenhum resquício de arrependimento ou compaixão e sim de malícia.
— Foi você! Tudo que aconteceu de ruim comigo... O sequestro, tudo foi por sua causa! – a acusei.
Bárbara esboça um sorriso cínico e respondeu:
— Vejo que não é tão burra assim, para quem foi criada nas ruas!
— Você me atraiu aqui de propósito. Esse era o seu plano afinal.
— E ele está apenas começando. Peguem ela, rapazes! — ordenou Bárbara seriamente.
Tento me proteger, mas como eram muitos capangas, acabo sendo imobilizada por eles.
— Por que está fazendo isso, Bárbara?! Qual o objetivo de destruir a família Leblanc e ainda trair o seu próprio avô?! O que pretende com isso?! — questionei.
— O meu avô?! Aquele velho sem juízo?! Ele não merece meu respeito e nem o meu carinho! Ele é a razão por eu ter planejado me vingar todos esses anos. Ele foi o responsável pela morte do meu pai! Por isso, estou apenas fazendo justiça ao invés de lamentar-me pela morte do meu pai naquele maldito incêndio! — ela retrucou com ódio em suas palavras.
Completamente louca, ela esboça um sorriso amarelo para mim.
— Quer dizer que você nunca me considerou como amiga! Desde o primeiro momento em que me viu, não é?! — perguntei com raiva.
Bárbara dá de ombros e ri sarcasticamente.
— Eu apenas precisava de um peão para fugir do casamento e o destino me levou até você, Bianca. Aliás, o destino foi muito engraçado!
Encaro sem entender o que ela queria dizer com esse papo de destino.
Imobilizada por seus homens, Bárbara agarra meu rosto brutalmente e revela:
— Nunca se perguntou Bianca, por nós sermos tão semelhantes na aparência? Acontece que você é minha irmã gêmea!
Fico em choque com o que acabei de ouvir.
— Você é a minha querida irmã que desapareceu no grande incêndio da família Rodríguez há muitos anos atrás. E como não encontraram seu corpo, foi dada como morta. Mas agora, olha onde estamos! Você sobreviveu aquelas chamas e acabamos nos conhecendo. Isso é ou não é uma peça pregada pelo destino?! — debochou Bárbara, soltando meu rosto.
De repente, tudo fez sentido para mim e logo flashes invadiram minha mente e veio imediatamente uma outra crise de pânico, fiquei tão emocionada que comecei a chorar, mas o sentimento era diferente desta vez. Pois agora, eu tinha todas as minhas lembranças recuperadas! Meu trauma foi curado e agora eu estava pronta para enfrentar Bárbara.
Vejo seu semblante mudar ao ver a expressão em meu rosto.
— Você não me atinge mais! Seu jogo termina aqui, irmãzinha! — declarei audaciosamente.
Mas para o meu espanto, Bárbara saca um revólver do bolso de trás da calça e a direciona em cima de mim.
— Eu não queria te machucar, Bianca. Mas você não me deu uma outra alternativa! — ela afirmou com a arma empunhada.
O silêncio pairava no ar, enquanto vejo Bárbara apontar a arma para mim com firmeza. O tempo parece parar, com cada segundo que se passava eu agonizava, temendo pela minha vida. Sinto meu coração bater mais forte do que nunca tinha sentido antes. Abatida e jogada ao chão, levanto meu olhar a Bárbara e tento convencê-la a não prosseguir com tal ato:
— Se sou mesmo a sua irmã de sangue, como pode fazer tal coisa comigo?! Bárbara, eu entendo que esteja com raiva, mas a vingança não faz bem para ninguém! Você não precisa ter que fazer isso e...
Ela cerra os dentes e retruca:
— Você não entende nada! Eu me tornei assim para sobreviver, e agora, você não tem mais nenhuma utilidade para mim. Nossa relação de irmãs acaba aqui! — ela declarou, ativando o gatilho.
Suo frio. Se eu não conseguisse me livrar desses caras, em breve estaria morta.
De repente, sinto os homens que me seguravam me soltarem e ao erguer o olhar, vejo Lídia, jogar seu corpo em minha frente, com a intenção de me proteger do tiro.
— Sua víbora! Não vou deixar que machuque a minha amiga! — exclamou Lídia corajosa.
Apenas vejo um sorriso louco surgir na face de Bárbara, abraço Lídia com força, fecho os olhos e de repente, ouço enfim o som do revólver sendo disparado.
Porém, não sentia dor alguma. Abro os olhos e percebo que Lídia também não foi atingida. No entanto, logo ouço um gemido de dor e uma voz familiar.
Ao erguer meu olhar, vejo Lucca caído ao chão, ferido gravemente na barriga.
— Lucca! — exclamei apavorada.
Antes que eu tocasse em seu corpo, Bárbara atira novamente, acertando no peito de Lucca.
— Não! Lucca, não! — gritei.
Mas antes que fizéssemos qualquer movimento, o restante dos capangas, por ordem de Bárbara, capturou eu e Lídia. Sou levada por eles e me preocupo em Lucca ser deixado para trás completamente ferido.
— Lucca, não! Me soltem! Lucca! — berrei aos prantos.
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O Coração em Chamas
RomanceNuma noite de lua cheia, a mansão Rodríguez incendeia-se misteriosamente. O culpado tinha como o objetivo de apossar das empresas da família Rodríguez aniquilando todos que viviam naquela casa. O que ele não esperava, é que as gêmeas sobrevivessem...