Capítulo 87 - A máscara cai

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BIANCA:

Finalmente chego no local que Bárbara havia marcado comigo.

Vejo que se tratava de um galpão de estoque de lã e algodão e parecia abandonado há anos. Entro cautelosamente, em prontidão, para que não houvesse surpresas desagradáveis pelo caminho. A cada medida que entro mais afundo naquele lugar, o ambiente ficava mais escuro.

Logo acho a caixa de energia, coberta por teias de aranhas. Com muito esforço tiro a tampa e mexo nos botões, de repente, as lâmpadas acendem dando pequenos focos cintilantes, iluminando por onde eu passava. Aquele lugar era amedrontador e muito suspeito para um simples encontro.

— Olá? Bárbara?! Você está aí? — exclamei curiosa.

De repente, vejo-me em um salão escuro e em cada saída surge um homem de preto com paus e barras de metal na mão. Sinto meu coração tremer de medo, aquilo não era um encontro, e sim, uma armadilha! E o pior, não tinha para onde fugir, estava literalmente encurralada.

Até que ouço uma voz familiar vindo das sombras.

— Seja bem-vinda, Bianca! Chegou bem na hora da nossa festa!

Quando a tal figura misteriosa se aproximou da luz, me surpreendo ao ver que era Bárbara, porém, seus cabelos estavam cortados, com um penteado curto, suas vestes eram elegantes e grudadas ao corpo. Seus olhos castanhos brilhavam e um sorriso louco surgiu em seus lábios.

— Se eu fosse você, ficaria bem quietinha. Esses são meus seguranças, para evitar que nada saia do controle. — explicou Bárbara num tom debochado.

A partir dali a ficha caiu totalmente para mim! A Dra. Esther tinha toda razão, ela nunca coletou provas e nem nada do exterior, ela apenas me usou e me manipulou de forma tão ardilosa, que agora eu a encarava com puro ódio. Porém, sua expressão não possuía nenhum resquício de arrependimento ou compaixão e sim de malícia.

— Foi você! Tudo que aconteceu de ruim comigo... O sequestro, tudo foi por sua causa! – a acusei.

Bárbara esboça um sorriso cínico e respondeu:

— Vejo que não é tão burra assim, para quem foi criada nas ruas!

— Você me atraiu aqui de propósito. Esse era o seu plano afinal.

— E ele está apenas começando. Peguem ela, rapazes! — ordenou Bárbara seriamente.

Tento me proteger, mas como eram muitos capangas, acabo sendo imobilizada por eles.

— Por que está fazendo isso, Bárbara?! Qual o objetivo de destruir a família Leblanc e ainda trair o seu próprio avô?! O que pretende com isso?! — questionei.

— O meu avô?! Aquele velho sem juízo?! Ele não merece meu respeito e nem o meu carinho! Ele é a razão por eu ter planejado me vingar todos esses anos. Ele foi o responsável pela morte do meu pai! Por isso, estou apenas fazendo justiça ao invés de lamentar-me pela morte do meu pai naquele maldito incêndio! — ela retrucou com ódio em suas palavras.

Completamente louca, ela esboça um sorriso amarelo para mim.

— Quer dizer que você nunca me considerou como amiga! Desde o primeiro momento em que me viu, não é?! — perguntei com raiva.

Bárbara dá de ombros e ri sarcasticamente.

— Eu apenas precisava de um peão para fugir do casamento e o destino me levou até você, Bianca. Aliás, o destino foi muito engraçado!

Encaro sem entender o que ela queria dizer com esse papo de destino.

Imobilizada por seus homens, Bárbara agarra meu rosto brutalmente e revela:

— Nunca se perguntou Bianca, por nós sermos tão semelhantes na aparência? Acontece que você é minha irmã gêmea!

Fico em choque com o que acabei de ouvir.

— Você é a minha querida irmã que desapareceu no grande incêndio da família Rodríguez há muitos anos atrás. E como não encontraram seu corpo, foi dada como morta. Mas agora, olha onde estamos! Você sobreviveu aquelas chamas e acabamos nos conhecendo. Isso é ou não é uma peça pregada pelo destino?! — debochou Bárbara, soltando meu rosto.

De repente, tudo fez sentido para mim e logo flashes invadiram minha mente e veio imediatamente uma outra crise de pânico, fiquei tão emocionada que comecei a chorar, mas o sentimento era diferente desta vez. Pois agora, eu tinha todas as minhas lembranças recuperadas! Meu trauma foi curado e agora eu estava pronta para enfrentar Bárbara.

Vejo seu semblante mudar ao ver a expressão em meu rosto.

— Você não me atinge mais! Seu jogo termina aqui, irmãzinha! — declarei audaciosamente.

Mas para o meu espanto, Bárbara saca um revólver do bolso de trás da calça e a direciona em cima de mim.

— Eu não queria te machucar, Bianca. Mas você não me deu uma outra alternativa! — ela afirmou com a arma empunhada.

O silêncio pairava no ar, enquanto vejo Bárbara apontar a arma para mim com firmeza. O tempo parece parar, com cada segundo que se passava eu agonizava, temendo pela minha vida. Sinto meu coração bater mais forte do que nunca tinha sentido antes. Abatida e jogada ao chão, levanto meu olhar a Bárbara e tento convencê-la a não prosseguir com tal ato:

— Se sou mesmo a sua irmã de sangue, como pode fazer tal coisa comigo?! Bárbara, eu entendo que esteja com raiva, mas a vingança não faz bem para ninguém! Você não precisa ter que fazer isso e...

Ela cerra os dentes e retruca:

— Você não entende nada! Eu me tornei assim para sobreviver, e agora, você não tem mais nenhuma utilidade para mim. Nossa relação de irmãs acaba aqui! — ela declarou, ativando o gatilho.

Suo frio. Se eu não conseguisse me livrar desses caras, em breve estaria morta.

De repente, sinto os homens que me seguravam me soltarem e ao erguer o olhar, vejo Lídia, jogar seu corpo em minha frente, com a intenção de me proteger do tiro.

— Sua víbora! Não vou deixar que machuque a minha amiga! — exclamou Lídia corajosa.

Apenas vejo um sorriso louco surgir na face de Bárbara, abraço Lídia com força, fecho os olhos e de repente, ouço enfim o som do revólver sendo disparado.

Porém, não sentia dor alguma. Abro os olhos e percebo que Lídia também não foi atingida. No entanto, logo ouço um gemido de dor e uma voz familiar.

Ao erguer meu olhar, vejo Lucca caído ao chão, ferido gravemente na barriga.

— Lucca! — exclamei apavorada.

Antes que eu tocasse em seu corpo, Bárbara atira novamente, acertando no peito de Lucca.

— Não! Lucca, não! — gritei.

Mas antes que fizéssemos qualquer movimento, o restante dos capangas, por ordem de Bárbara, capturou eu e Lídia. Sou levada por eles e me preocupo em Lucca ser deixado para trás completamente ferido.

— Lucca, não! Me soltem! Lucca! — berrei aos prantos.

O Coração em ChamasOnde histórias criam vida. Descubra agora