BIANCA:
Desespero-me ao ver o fogo consumir tudo ao nosso redor e bem rápido. Lídia ainda estava desacordada no chão. Tento quebrar as correntes que me prendiam, continuei a tentar romper as correntes, mas meus esforços não estavam conseguindo nem metade disso. Apenas deixaram feridas assoladas em minhas mãos.
De repente, ouço o meu nome.
— Bianca. — chamou um suspiro.
Olho pra frente e vejo Lídia começando a se mexer.
— Lídia! — gritei de alívio ao vê-la bem.
Ela está viva. Viva! Obrigada, meu Deus!
Lídia enfim recobra a consciência e percebe o fogo se aproximando de nós, então ela começou a procurar uma boa ferramenta para quebrar a corrente que me prendia. Até que enfim, achou um alicate e correu até mim.
— Lídia! — exclamei aflita.
— Fique calma, eu vou te tirar daí! — ela avisou.
Com cada golpe determinado, Lídia usou a ferramenta para romper a corrente, enfrentando uma resistência do metal e uma sensação incômoda que vibrava em suas mãos. Enquanto os elos começavam a ceder gradualmente sob os esforços incansáveis de Lídia.
A ansiedade tomava conta de mim, se não saíssemos logo, morreríamos bem ali, e o pior, queimadas.
Finalmente, ouvimos um estalo metálico, as correntes se partiram. Fiquei extremamente aliviada. Lídia me ajuda a levantar e quase fomos atingidas por uma tora em chamas.
— Temos que sair daqui! — gritou Lídia.
— Vamos logo. — falei de volta.
Corremos em meio ao fogo, tentando alcançar a saída. Estávamos bem perto de conseguir a nossa liberdade!
Em um instante trágico, o tonel próximo a Lídia começou a se entortar e num piscar de olhos, ele acabou caindo em cima do corpo de Lídia, esmagando metade de seu corpo.
Um grito agudo de dor escapou dos lábios de Lídia, ecoando pelo ambiente caótico. Ao ouvir tal grito, viro-me e vejo a situação de minha amiga. Uma mistura de angústia e determinação toma conta de mim.
— Lídia! — gritei desesperada.
Sem hesitar, vou até ela para ajudar, pois nunca a deixaria para trás.
Com as mãos trêmulas, tento mover o tonel pesado, usando todas as minhas forças. A dor e o desespero me impulsionaram, eu lutava contra as lágrimas que embaçavam minha vista.
— Vou te tirar daí! — exclamei.
Eu continuo lutando contra o tonel, mesmo sabendo que as chances de sucesso eram mínimas e o ambiente também não favorecia, a fumaça do fogo estava ficando mais forte. Sinto dificuldade em respirar.
Em meio aquilo tudo, Lídia me encarava com lágrima nos olhos, dizendo:
— Saia daqui, Bianca!
— Não vou te abandonar agora! — gritei. — Eu vou te salvar!
Mas vejo que meu esforço não estava adiantando muito, me desespero ao ver as chamas se aproximando da gente. Não, deve haver outra maneira! Isso não pode acabar assim!
— Bianca, olhe para mim. — Lídia pediu meio fraca, por conta da fumaça.
Direciono meu olhar a ela, que estava com uma expressão serena em meio aquele momento conturbador.
— Nós sempre seremos amigas, Bianca. Seja na vida ou na morte.
— Não diga isso, Lídia! — esbravejei.
Percebo pela expressão no rosto de Lídia que ela não estava brincando, ela estava partindo.
Lídia esboçou um sorriso meio triste, pegou em minha mão e disse:
— Minha querida Bianca, eu sinto muito. Mas você precisa sobreviver. Prometa-me que continuará lutando, que não deixará que a injustiça prevaleça.
Agarro sua mão e começo a engatar num choro, sinto lágrimas descerem pelo meu rosto.
— Eu... Eu prometo, Lídia. Mas não quero te perder assim. Como vou seguir em frente sem você? — perguntei, apavorada.
Seus dedos acariciam minha mão delicadamente.
— Você é forte, Bianca! Mais forte do que imagina. Lembre-se de todos os momentos que compartilhamos, de todas as risadas e lágrimas. Nossa amizade nunca se extinguirá, mesmo que eu não esteja mais aqui.
Mais lágrimas desciam de minha face. Meu coração se parte em saber que para doce sonhada liberdade, Lídia estava disposta a sacrificar sua vida por mim.
— Eu te amo, Lídia. Sempre vou te amar, minha amiga. — respondi, segurando sua mão com força.
Ela me olha com ternura. Me aproximo e beijo suavemente em sua testa.
Feito tal ato, Lídia sussurra para mim:
— Foi uma honra poder servi-la, querida.
Assim Lídia dá seu último suspiro e sua mão cai pesadamente no chão. Não consigo conter mais as lágrimas, porém, vejo o fogo subir rapidamente.
— Farei isso, minha amiga. Descanse em paz. Você sempre estará em meu coração. — respondi.
Enquanto eu soluçava pela sua dolorosa partida, me afasto lentamente, olhando para trás uma última vez antes de seguir em frente. Meu coração está partido, mas cheio de determinação.
— Eu irei te vingar, Lídia! — declarei, indo em direção a saída.
Finalmente consigo sair daquele local e logo tudo é consumido totalmente pelas chamas numa grande explosão.
Estava cansada e ofegante, mal conseguia respirar direito por conta da grande fumaça. Estava livre, finalmente! Mas me perguntava, a que preço? Sem Lídia ao meu lado e com a possível troca de identidades novamente, acredito que será mais difícil derrotar Bárbara.
Tento sair dali, mas ao dar o primeiro passo, sinto-me tonta, e em questão de segundos, meu corpo cedeu ao chão e meus olhos se fecham e tudo o que eu vejo é uma eterna escuridão.
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O Coração em Chamas
RomanceNuma noite de lua cheia, a mansão Rodríguez incendeia-se misteriosamente. O culpado tinha como o objetivo de apossar das empresas da família Rodríguez aniquilando todos que viviam naquela casa. O que ele não esperava, é que as gêmeas sobrevivessem...