Capítulo 83 - Por que não?

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BIANCA:

Minha madrinha ainda me encarava, querendo obter uma resposta satisfatória. Porém, sinto-me petrificada e incapaz de respondê-la.

— Nós não podemos voltar para o abrigo madrinha.

— Por que não? — ela indagou, confusa.

— Acontece que eu consegui achar um novo lugar para morarmos. — inventei de última hora. — E é bem mais acomodado que o anterior. Você vai gostar!

Ela me olha espantada.

— Mesmo? E como conseguiu dinheiro para pagar? — ela questionou-me, desconfiada.

— Eu emprestei o dinheiro a ela! — respondeu Lucca imediatamente. — Sabe que eu faria qualquer coisa para ajudar a Bianca, afinal nós somos muito amigos.

— Exatamente! O Lucca insistiu em ajudar-me. — reforcei para que ela não tivesse dúvidas.

Noto o olhar duvidoso de Esther sobre mim. Ela faz um sinal com a cabeça para conversarmos lá fora.

— Madrinha, eu tenho algo para discutir com a médica. Por que não conversa com o Lucca, já que você não o vê a bastante tempo? Eu volto já. — falei.

Entendendo o contexto, Lucca já se senta na cadeira próxima a cama e começa a conversar com a minha madrinha. Enquanto eu e Esther nos dirigimos para o lado de fora do quarto. Ao fechar a porta, a médica me questiona:

— Diga-me, o que está acontecendo?

Então, confessei tudo a Esther sobre o dia que encontrei Lucca e nos deparamos com o abrigo de idosos completamente destruído.

— É muito suspeito. Que objetivo eles teriam em destruir o abrigo? — Esther murmurou.

— Acredito que eles queriam silenciar a pessoa que morava ali. Temo que eu supostamente devo ser o alvo, Esther. — contei, meio nervosa.

Apavorada, apenas sinto a mão quente da médica tocar meu ombro e me dizer as seguintes palavras:

— Por precaução, eu vou adiar a alta da sua madrinha.

— Mas...

— Bianca, o assunto agora é mais sério do que pensávamos. Se você é o alvo, certamente essa pessoa irá te atingir pelas pessoas que você mais ama. Por um determinado tempo, deixe sua madrinha aqui no hospital, ela ficará mais segura. Não se preocupe, eu cuidarei pessoalmente da papelada dela e a tratarei muito bem. — explicou Esther determinada.

Suspiro de alívio e num impulso abraço Esther.

— Muito obrigada, doutora! Obrigada! Nem sei como agradecer.

Nos afastamos e Esther apenas me respondeu:

— Agradeça ficando segura. Essa história ainda está muito mal contada. Você é muito gentil Bianca e sei que é a vítima nisso toda. Eu farei de tudo para ajudar a proteger as pessoas que você mais ama. Pode contar comigo, querida.

Confirmo lentamente com a cabeça, agradecida, pelo apoio de Esther.

De repente, somos interrompidas, ao ouvir uma voz familiar.

— Bárbara.

Me viro e me surpreendo ao ver Lorenzo ali, bem na minha frente.

Sinto minhas mãos ficarem geladas, engulo em seco, tentando manter a calma e não fazer com que minhas ações entregassem minha verdadeira identidade a Lorenzo.

Dra. Esther pega em meu braço e me leva até ele, que estava no início do corredor. Logo, entendi a intenção da médica. Ela me levou para longe do quarto de minha madrinha para que nada fosse descoberto.

— Sr. LeBlanc, é um prazer revê-lo. Bárbara tinha dito que me veria para saber as notícias do avô dela, só não imaginava que você também viria. — disse Esther gentilmente.

Apesar da explicação da médica, o olhar de Lorenzo ainda permanecia concentrado em mim. Mas em seus olhos, havia um brilho diferente.

— Tá tudo bem, Lorenzo? — perguntei preocupada. — O que está fazendo aqui? Pensei que estava na empresa.

— Eu vim correndo para cá, ao ser informado sobre o seu desaparecimento no hospital. — ele respondeu-me friamente.

— Desaparecimento? Ora, a Sra. Bárbara estava em minha sala o tempo todo. Ficamos discutindo sobre a checagem de exames. Quem foi que alegou que sua esposa havia desaparecido? — questionou Esther.

Lorenzo dirige seu olhar para a médica e a contesta:

— Minha empregada acompanhou minha esposa até aqui. Porém, ela disse que Bárbara havia ido ao banheiro e de repente, sumiu.

— Ah, a Lídia... Realmente passei mal, e fiquei no banheiro. Foi quando encontrei a Dra. Esther e ela me ajudou. Depois disso, fomos ao escritório dela e ficamos conversando. Esqueci completamente de avisar a Lídia. Desculpe-me querido, não queria te deixar preocupado. — falei tocando em sua mão.

Mas para meu espanto, Lorenzo se afastou de mim. Estranhei aquilo imediatamente. Será que ele está realmente bravo comigo?

— Já que está aqui, que tal sairmos para comer? — propus.

Ele apenas me encara ferozmente e diz:

— Estou indo para casa. Te vejo mais tarde.

Após essas palavras, ele sai apressadamente. Deixando eu e Esther confusas por sua reação.

— Será que ele ficou realmente magoado? — questionei.

— Não sei. Ele parecia em transe. — falou Esther.

— Como assim?

— O jeito que ele te olhava, parecia estar em transe. Estava totalmente obcecado por sua pessoa.

As palavras de Esther me faziam repensar na frieza de Lorenzo. Ele me olhava de forma concentrada, mas eu não sei o motivo. Talvez seja algo que aconteceu no trabalho e ele está com receio em me dizer.

Viro-me para Esther e digo:

— Preciso que me faça outro favor. Sinto que algo grande está prestes acontecer e precisamos estar preparados.

— Como posso ajudá-la, Bianca? - perguntou a médica curiosa.

Depois de conversar com Esther, entro novamente no quarto de minha madrinha que havia adormecido. Faço um sinal com Lucca para acompanhar-me até a saída do hospital.

Enquanto caminhávamos, conversei com Lucca sobre um suposto plano e expliquei que ele aguardasse o meu sinal. Nos despedimos e depois fui para um ponto de ônibus mais próximo, queria chegar em casa o mais cedo possível, para ver Lorenzo.

Por alguma razão, sentia que algo estava errado e ele não queria me contar, na verdade, não na frente da Dra. Esther.

Entro no ônibus e mexia minhas mãos repetidamente, ansiosa em saber o que houve com Lorenzo. 

O Coração em ChamasOnde histórias criam vida. Descubra agora