Capítulo 79 - Quem é o seu avô?

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BIANCA:

Quando o sol já estava se recolhendo no horizonte, Lorenzo achou melhor voltarmos para casa. Entramos em seu carro e ele colocou um estilo musical bem diferente: música clássica.

— Você gosta disso? — indaguei, curiosa.

— De quê?

— Sabe, desse tipo de música.

Lorenzo apenas dá de ombros.

— Gosto não se discute, querida. — ele me respondeu.

— Calma, eu não tô te criticando. É que, sabe, eu pensei, que assim como a vida devemos experimentar novos estilos. Vou te mostrar.

Mexo no painel de controle do carro, mas era tão tecnológico, que eu estava tendo uma certa dificuldade.

— Onde fica o rádio nessa droga de painel?! — reclamei.

Ouço uma risada abafada de Lorenzo. Acabo de perceber que minha voz tenha saído um pouco acima do volume normal.

Constrangida, paro o que estou fazendo e tento me recompor.

— Desculpa. — balbuciei, meio nervosa.

Com a mão no volante, e com a outra livre, Lorenzo mexe rapidamente em alguns botões no painel e a música se encerra.

— Eu... Não quis te ofender... É que...

Tento me explicar, mas sinto a mão livre de Lorenzo pegar a minha mão e entrelaçar nossos dedos.

— Não estou bravo. Apenas... Quero conversar um pouco com a minha namorada. — ele disse dando um sorriso rápido para mim.

Sorrio gentilmente. Conversar? Fiquei curiosa sobre o que conversaríamos.

Numa esquina que passávamos, o sinal ainda estava verde e Lorenzo parou o carro no acostamento.

— Por que paramos? — questionei, sem entender.

— Naquele dia que te encontrei com aquele cara, antes de você fugir, o que houve entre você e o meu avô? Ele te fez alguma coisa ou falou algo que te magoou? — Lorenzo me perguntou num tom sério.

Me apavoro com tal pergunta inusitada. Só de lembrar aquela conversa terrível que tive com o Sr. Franklin, me causava arrepios congelantes!

Mas o que me deixava mais assustada, era a visão que tive antes. De supostamente a imagem do rosto do Sr. Franklin aparecer naquele pesadelo, como o vilão, com a arma em mãos, atirando no homem que salvou aquela menininha tão frágil em meio ao fogo.

— Bárbara, por favor, diga algo. — ele pediu, tirando-me de meus pensamentos.

— Lorenzo... Que tipo de pessoa é o seu avô?

Percebo o olhar confuso em sua face com a minha pergunta. Mas eu precisava ter certeza de que Lorenzo sabia sobre o caráter duvidoso que seu avô realmente escondia de tudo e de todos.

— Como assim, Bárbara? — ele questionou.

Viro-me de frente e o encaro.

— É que às vezes... Ele parece ser uma pessoa totalmente diferente... Com um ar sombrio, sabe.

Lorenzo sorriu e assegurou com a maior naturalidade:

— Não há nada com o que se preocupar. Meu avô é apenas um idoso muito ranzinza. Ele é rígido, pois teve uma educação mais tradicional. Ele tem mesmo esse ar meio "sombrio", sim. Mas ele não faria nada de ruim. Ele é uma boa pessoa.

— Será mesmo? — pensei, atordoada, com a possibilidade de ele ser um possível assassino.

Sinto um cafuné em minha cabeça e ergo o olhar novamente para Lorenzo que tinha um semblante meio preocupado.

— Por quê? Algo te preocupa em relação ao meu avô?

Hesito em respondê-lo. Como não tinha certeza de nada por conta das minhas lembranças serem fragmentadas, não posso simplesmente acusar o próprio avô de Lorenzo, seria errado da minha parte e ele ficaria magoado. Eu não quero mais vê-lo arrasado por minha causa.

— Nada demais. Acho que no dia, eu estava tão nervosa em me encontrar com ele, que fiquei com as emoções a flor da pele. Na próxima vez que nos encontrarmos, eu pedirei desculpas ao seu avô pelo transtorno. Espero que ele não fique com raiva de mim. — respondi, tentando parecer convincente.

Lorenzo desce sua mão da minha cabeça, para as minhas mechas. Seus olhos possuíam um brilho cintilante cheio de ternura.

— Certamente meu avô irá entender. E comigo ao seu lado, ele não poderá discordar. — ele me falou de maneira gentil.

Lorenzo dá uma rápida piscadela para mim. O sinal ainda estava aberto, então ele sai do acostamento e prossegue a estrada, rumo a nossa casa.

Mas havia algo em minha mente que eu tinha certeza: preciso tomar cuidado quando me encontrar sozinha com o Sr. Franklin. Pois essa visão sendo real ou não, tenho muito medo do que esse homem possa fazer. Além do mais, existe alguém mirando em mim e eu preciso descobrir quem é, antes que essa pessoa me silencie de uma vez por todas!

O Coração em ChamasOnde histórias criam vida. Descubra agora