Capítulo 84 - Vamos terminar

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LORENZO:

Chego em casa, estressado. Não dou ouvido pelas perguntas de Madalena. Antes de sair do hospital, dei as instruções que Tomás encontrasse Lídia e voltaria com ela para casa, sem a presença de Bárbara, ou melhor, de Bianca.

Subo as escadas correndo e entro em nosso quarto. Olho ao redor e pequenas lembranças passam através de meus olhos. Tudo que passei com essa mulher em minha própria casa, aquilo me enojava de certa maneira!

Não aguentando mais aquele sentimento perturbador, desabo-me em lágrimas. Tudo estava confuso em minha mente, e meu coração totalmente despedaçado. Um sentimento de raiva, ódio e revolta tomava conta de mim.

— O que acontecerá quando eu a vê-la novamente? — pensava angustiado. — Será que tudo que aconteceu entre nós, era mentira?!

Lembro-me das palavras dos moradores quando visitei o abrigo de idosos, eles afirmaram que Bianca tratava de ser uma golpista interesseira. Será que ela sequestrou Bárbara e supostamente tomou seu lugar para casar-me comigo com segundas intenções?

— Será que eu fui somente o seu peão nesse esquema todo?! — questionava-me sem parar.

Logo o entardecer se encerra, e assim a noite chega. Neste momento, ouço lá de baixo, a voz de Bianca. Ela finalmente chegou, para o meu despertar da minha raiva. Não sei o que vai acontecer se eu a ver e se irei me controlar diante dela.

— Lorenzo. — ela me chamou.

Viro de frente para ela, e ela estava parada na porta de nosso quarto, com um semblante preocupado.

— Feche a porta. — pedi seco.

Ela estranha o motivo, mas obedece. Então, ela caminha até mim e me surpreende com um abraço.

— Senti sua falta! — ela confessou.

No entanto, eu a afasto completamente e a empurro para trás brutalmente.

Ela ergueu um olhar triste e confuso para cima de mim.

— Lorenzo... O que está acontecendo? — ela perguntou receosa.

— Me diz você! Por acaso você não tem nada importante para me contar? — a interrogo rispidamente.

Sinto seus olhos percorrerem os meus, mas eu estava prestes a explodir na frente dela, mas estava fazendo um esforço para me controlar e não perder a cabeça.

Ela dá de ombros e fala:

— Não há problema nenhum. Por que está me perguntando tal coisa? — ela questionou.

Ela ainda continua mentindo para mim. Acho que ela fará isso se eu não a confrontar diretamente. Cerro os punhos e pego o primeiro objeto que vejo e lanço-o ao chão, quebrando-o. Ao direcionar meu olhar a ela, percebo que a assustei ao fizer tal ato.

— Eu já sei de tudo... Bianca!

Ela levanta a cabeça assustada.

— Você... Como?

— O quê?! Achou que eu não saberia o seu segredinho sujo?!

Eu caminho lentamente até Bianca, e ela se contorce de medo. Eu a cerco na parede e imobilizo seus braços para que ela não fugisse de mim. Ela mantinha a cabeça cabisbaixa diante de mim.

— Olhe pra mim! — gritei com fúria.

Ela ergue o rosto de imediato e vejo seus olhos lacrimejados.

— Diga-me! Onde está a verdadeira Bárbara Rodríguez?! O que você fez com ela?!

— Nada! Eu não fiz nada! — esperneou Bianca, apavorada.

Enfurecido, agarro seu pescoço e o aperto com força.

— Não mente pra mim! Quer mesmo testar a minha paciência?! Diga-me, quais são suas reais intenções?!

— L-Lorenzo... Por favor, acredite em mim!

Vejo Bianca começar a perder o ar. Apesar de ela ser uma farsante, eu não posso matá-la. E o real motivo era porque eu ainda tinha sentimentos por ela.

Solto seu pescoço e ela começa a tossir.

— Explique-se ou eu chamo a polícia! — ameacei.

Bianca se joga ao chão, ajoelhada e começa a chorar.

— Lorenzo... Eu... Admito, meu nome verdadeiro é Bianca. Sou uma moça órfã e vivo com minha madrinha! Conheci a Sra. Bárbara por acidente e ela me convenceu a trocar de lugar, pois não queria casar-se com o senhor!

Ela está mentindo! Eu mesmo fui até o abrigo e eles me afirmaram que ela é uma interesseira, deve estar atrás de dinheiro, obviamente.

— E o que pretendia casando-se comigo? — contestei.

— Nada! Eu não queria nada! — ela exclamou aos prantos.

Eu mantinha um olhar sério sobre ela, mas por alguma razão, ela não estava fria, quero dizer, Bianca não parecia ter uma resposta absoluta pras minhas perguntas. Mas se ela é mesmo uma golpista, então certamente todo aquele papo de memória fragmentada seja apenas mentira! Tudo que ela me falou não foram nada além de mentiras!

— Mentirosa! — a acusei.

Ela agarra meu joelho e suplica:

— Lorenzo... Por tudo que nós já passamos, por favor, não chame a polícia! Eu sou inocente! Você não me ama mais?! Por favor, você tem que acreditar em mim! Por favor!

Seu pranto, suas lágrimas eram como uma facada em meu peito. Seu sofrimento fazia meu coração sofrer, mas eu estava muito amargurado com ela. Tinha que me manter frio e distante para que suas mentiras não me fizessem fraquejar diante dela.

— Você disse que só existe eu em seu coração! Você não pode me abandonar num momento como este! Por favor, acredite em mim!

A repudio com todas as minhas forças. Agacho e a encaro seriamente:

— Acreditei em você, dei o meu coração a você, o meu corpo te entreguei... Mas você me enganou, me manipulou... Eu não a denunciarei a polícia como prometi...

— Obrigada, Lorenzo! Eu...

Antes que ela falasse, eu a encaro enojadamente e declaro:

— Vamos terminar o nosso namoro, Bianca! A partir de hoje, quero você fora da minha vida. Se tentar aparecer na minha frente de novo, não terei piedade nenhuma e a colocarei na cadeia com minhas próprias mãos!

— L-Lorenzo. — ela gaguejava, arrasada.

— Eu nunca mais quero te ver!

— E o nosso amor? Você ainda me ama, não é?! — Bianca questionou-me.

— Eu te amei mais do que tudo no mundo... Mas pelo visto você não correspondia o mesmo. Então uma vez que eu não sou o seu "tudo", que tal em ser nada? A partir de hoje, não temos mais nada haver um com o outro. Não derramarei uma lágrima sequer por você!

Dito isso, saio daquele quarto e vou para a ala dos empregados. Não queria dormir naquela casa, acompanhado do choro e de desculpas insignificantes de Bianca. O pior, é mesmo ter rompido com ela, meu coração estava ferido por dentro!

— Meu Deus, o que eu devo fazer? — perguntei, aos prantos.

Naquela noite, eu mal consegui dormir, e apenas queria sumir dali. Tomás, Lídia e Madalena tentam intervir, mas eu estava inconsolável com essa situação. 

O Coração em ChamasOnde histórias criam vida. Descubra agora