BIANCA:
Pisco os olhos e aos poucos, vou abrindo-os lentamente. Ao estar de fato acordada, dou conta que estou amarrada novamente, porém, sentada numa cadeira. Franzo a testa e sinto uma pontada de dor invadir o meu rosto.
— É melhor não se mexer muito. Estás ferida. Em outras palavras, está fraca demais para fugir de novo! — revelou o chefe dos bandidos que me encarava com um sorriso amarelo.
Ele caminha até mim e me aponta uma arma. Ele encosta e sinto a ponta do cano na minha testa, estava fria. Assim como eu, tremia apavorada.
De repente, um dos bandidos revela:
— Chefe, ele tá aqui!
— Lorenzo? — pensei, esperançosa.
Mas para a minha surpresa, entra um outro homem, na verdade, um rapaz. Ele parecia ter a mesma idade que eu. Assim que ele se aproximou o suficiente da luz branca, pude ver suas feições claramente. Ele era assim:
— Lucca? — murmurei baixinho.
Eu o reconheceria em qualquer lugar! Há quatro anos atrás, eu conheci Lucca, ele era um aluno de línguas estrangeiras. Quando a aula dele acabava, ele me ajudava a vender doces para ajudar a pagar as contas e cuidar da minha madrinha. Nos tornamos amigos improváveis naquela época, mas então algo aconteceu entre nós e nunca mais o vi. Ele foi meu primeiro amor! E eu nunca tive a chance de dizer a ele o que sinto.
— Mas por que ele estava aqui? Qual a relação dele com esses caras? — pensei sem entender.
Ao me olhar, sinto seus olhos se espreitarem para mim. Será que ele me reconheceu?
Ele ri debochadamente.
— Excelentes rapazes! Com essa donzela em perigo, será fácil atingir a família LeBlanc! E assim teremos nossa vingança!
Um grito de comemoração ecoou por toda sala onde eu estava presa. O que foi que aconteceu com o Lucca? Como ele ficou assim?
Então eu os encaro e declaro em voz alta:
— Vocês nunca vão conseguir o que querem!
O olhar de Lucca encara os meus. Finalmente, consegui chamar sua atenção. Ele se aproxima o suficiente de mim e agarra meu cabelo com força, trazendo meu rosto para mais perto de si.
— Se eu fosse você, ficaria bem quietinha. Caso contrário, não garantirei a sua segurança.
Ao estarmos próximos o suficiente, sussurro em seu ouvido:
— "Amici oggi e sempre, come eterni fidanzati!"
(Tradução: Amigos hoje e sempre, como eternos namorados!)
Como éramos amigos, naquela época, perguntei ao Lucca como seria essa frase em italiano: "Amigos hoje e sempre, como eternos namorados". Seria algo relacionado somente a nós dois. Afinal tínhamos uma conexão especial.
Ao dizer tal frase, ele se afasta um pouco do meu rosto. Vejo um brilho peculiar em seus olhos, observo sua boca tremer em completar tal frase. Pálido, ele gagueja diante de mim:
— B-Bianca? — ele murmurou baixinho.
Balanço a cabeça, confirmando que era de fato eu.
Ele engole em seco. Certamente, ele tinha muitas dúvidas do porquê eu estar ali. Mas agora não era a hora.
— Saiam todos! - Lucca ordenou nervosamente.
Os bandidos e principalmente o líder estranham a atitude de Lucca. Mas ele dá a entender aos outros, que ele faria "aquilo" comigo. Os bandidos caem na gargalhada e saem como Lucca havia mandado.
Ao estarmos completamente sozinhos, ele me encara com uma expressão confusa. Mas no final, ele me abraça apertado. Sentir seu cheiro, seu calor novamente, me fez lembrar dos bons tempos daquela época. Nos afastamos e ele finalmente pergunta:
— Se você é a minha Bianca, como se tornou a esposa de Lorenzo LeBlanc? Por que eles te chamaram de Bárbara Rodríguez, se você não é ela? — ele me questionou espantado.
— Essa é uma longa história que ainda não posso te contar. Mas eu te peço pela nossa amizade, por favor, me ajude a fugir daqui! — supliquei.
Lucca me encara e eu o encaro de volta. Só ele poderia me ajudar a sair dali, sem que os outros deconfiassem.
— Por favor, Lucca. — pedi com os olhos cheios de lágrimas.
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O Coração em Chamas
RomanceNuma noite de lua cheia, a mansão Rodríguez incendeia-se misteriosamente. O culpado tinha como o objetivo de apossar das empresas da família Rodríguez aniquilando todos que viviam naquela casa. O que ele não esperava, é que as gêmeas sobrevivessem...