Capítulo 50 - Presentes

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LORENZO:

Um silêncio pairava sob a ligação.

— Bárbara. Ainda está aí? Bárbara?! — perguntei.

— Ah... Sim. Estou sim. Ok. Eu vou mandar a minha localização agora.

Conecto meu celular ao GPS do carro. O endereço mostrava "Public Garden". Fazia muitos anos que eu não ia nesse lugar. Por que será que Bárbara foi até lá?

Enfim, tiro esses pensamentos da minha cabeça e me apresso para me encontrar com Bárbara.

Levo um tempinho de atraso por conta do trânsito, mas enfim chego no parque. Notifico com o meu celular e aviso a ela que havia chegado.

Ao erguer o olhar, vejo Bárbara caminhar em minha direção, com uma aparência encantadora. Seus cabelos formavam lindos cachos reluzentes, seus olhos estavam marcados e decorados por uma maquiagem simples, sua vestimenta era agradável para a ocasião.

Sinto um sentimento misterioso crescer dentro de mim ao vê-la daquele jeito.

Ela entra e pergunta meio confusa:

— Lorenzo?

— Hm?

— Por que está me olhando desse jeito? — ela pergunta sem entender.

Tento me recompor e respondo gentilmente:

— Você está muito linda hoje.

Percebo suas bochechas ficarem coradas e logo, ela desvia seu olhar para a janela.

— Vamos logo. — ela pigarreou.

Não pude deixar de sorrir pela sua reação. Ligo o carro e seguimos pela estrada.

Enquanto dirigia, percebo que Bárbara mantinha seu olhar atento para seu celular. 

— Algum problema? — perguntei finalmente.

—Hã?

— Você parece distraída com algo.

— Não é nada. — ela desconversa.

Há um momento de silêncio entre a gente, até que vejo uma loja de presentes por perto. Paro o carro ali perto e Bárbara logo estranha.

— Por que parou? Não vamos ao hospital?

— Seria muita indelicadeza nossa, se não levarmos algum presente para seu avô. — falei gentilmente.

Saímos do carro e entramos no estabelecimento. Conforme olhávamos as estantes, notei que Bárbara parecia estar indiferente. Então eu a questiono:

— Do que o seu avô gosta?

— Bem... Hã... Qualquer coisa serve. — ela respondeu meio sem jeito.

— Não vai me dizer que, você não sabe do que o seu avô gosta?

— Imagina. Claro que sei! Apenas sinto que esse lugar não tem o que preciso.

— E que lugar seria esse? — provoquei.

Bárbara me encara com um sorriso caloroso. O que me deixa sem fôlego!

— Me siga! — ela declarou toda confiante.

Saímos da loja de presentes e ela me guia para dentro de uma doceria logo ao lado. O ambiente era fofo e carismático. Estava um pouco vazia, comparado a loja de presentes.

Não entendo porque Bárbara escolheria tal lugar. O que há de tão grandioso aqui, para agradar ao Sr. Samuel?

Então, ela para de frente para um mostruário com doces recheados e pequenos bolos.

— Moça, por favor, eu vou querer esse e mais aqueles dois brindes, por favor. — ela pede.

Ao ver, fico meio apreensivo. A aparência não parecia agradar muito e provavelmente o Sr. Samuel desaprovaria o presente.

Puxo Bárbara delicadamente para o canto e pergunto logo de cara:

— Por que escolheu essas coisas? São tão sem-graças! Eu conheço o seu avô e ele sempre gostou de presentes luxuosos.

Mas para minha surpresa, Bárbara me rebate:

— Todo idoso já foi uma criança um dia. Ele pode ter se acostumado com o luxo e a riqueza, mas ele sabe que pra construir um grandioso império, ele teve que passar por obstáculos difíceis da vida. E apenas um delicioso doce o fará recordar do quanto a simplicidade é essencial para o nosso viver.

Suas palavras me tocaram de certa maneira. Nunca imaginei que Bárbara pensaria assim e teria um espírito tão humilde e bondoso.

Fizemos a compra e saímos da loja. Ao entrar no carro, sinto o olhar de Bárbara sobre mim.

— O que foi? — perguntei sem entender.

— Por ter salvo minha vida... Aceite isso como meu agradecimento. — ela respondeu.

E ao ver o pequeno chaveiro em suas mãos, percebo que tinha o pingente de um osso para cachorro.

E ao ver o pequeno chaveiro em suas mãos, percebo que tinha o pingente de um osso para cachorro

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— Você sempre será o cachorro que conheci no dia do nosso casamento. — ela respondeu gentilmente.

Sorrio por um momento e aceito seu presente.

Enfim, rimos um do outro e prosseguimos pela estrada. Aos poucos, vejo Bárbara adormecer.

E de repente, algo estranho me vem à mente.

— Espera... Ela acabou de dizer que me conheceu no nosso casamento, mas... Pelo que me lembro, eu conheci Bárbara no restaurante. O próprio avô dela nos apresentou naquele dia.

Eu encaro Bárbara dormindo e começo a questionar a mim mesmo.

— Tem algo de errado aqui. — pensei.











O Coração em ChamasOnde histórias criam vida. Descubra agora