LORENZO:
Um silêncio pairava sob a ligação.
— Bárbara. Ainda está aí? Bárbara?! — perguntei.
— Ah... Sim. Estou sim. Ok. Eu vou mandar a minha localização agora.
Conecto meu celular ao GPS do carro. O endereço mostrava "Public Garden". Fazia muitos anos que eu não ia nesse lugar. Por que será que Bárbara foi até lá?
Enfim, tiro esses pensamentos da minha cabeça e me apresso para me encontrar com Bárbara.
Levo um tempinho de atraso por conta do trânsito, mas enfim chego no parque. Notifico com o meu celular e aviso a ela que havia chegado.
Ao erguer o olhar, vejo Bárbara caminhar em minha direção, com uma aparência encantadora. Seus cabelos formavam lindos cachos reluzentes, seus olhos estavam marcados e decorados por uma maquiagem simples, sua vestimenta era agradável para a ocasião.
Sinto um sentimento misterioso crescer dentro de mim ao vê-la daquele jeito.
Ela entra e pergunta meio confusa:
— Lorenzo?
— Hm?
— Por que está me olhando desse jeito? — ela pergunta sem entender.
Tento me recompor e respondo gentilmente:
— Você está muito linda hoje.
Percebo suas bochechas ficarem coradas e logo, ela desvia seu olhar para a janela.
— Vamos logo. — ela pigarreou.
Não pude deixar de sorrir pela sua reação. Ligo o carro e seguimos pela estrada.
Enquanto dirigia, percebo que Bárbara mantinha seu olhar atento para seu celular.
— Algum problema? — perguntei finalmente.
—Hã?
— Você parece distraída com algo.
— Não é nada. — ela desconversa.
Há um momento de silêncio entre a gente, até que vejo uma loja de presentes por perto. Paro o carro ali perto e Bárbara logo estranha.
— Por que parou? Não vamos ao hospital?
— Seria muita indelicadeza nossa, se não levarmos algum presente para seu avô. — falei gentilmente.
Saímos do carro e entramos no estabelecimento. Conforme olhávamos as estantes, notei que Bárbara parecia estar indiferente. Então eu a questiono:
— Do que o seu avô gosta?
— Bem... Hã... Qualquer coisa serve. — ela respondeu meio sem jeito.
— Não vai me dizer que, você não sabe do que o seu avô gosta?
— Imagina. Claro que sei! Apenas sinto que esse lugar não tem o que preciso.
— E que lugar seria esse? — provoquei.
Bárbara me encara com um sorriso caloroso. O que me deixa sem fôlego!
— Me siga! — ela declarou toda confiante.
Saímos da loja de presentes e ela me guia para dentro de uma doceria logo ao lado. O ambiente era fofo e carismático. Estava um pouco vazia, comparado a loja de presentes.
Não entendo porque Bárbara escolheria tal lugar. O que há de tão grandioso aqui, para agradar ao Sr. Samuel?
Então, ela para de frente para um mostruário com doces recheados e pequenos bolos.
— Moça, por favor, eu vou querer esse e mais aqueles dois brindes, por favor. — ela pede.
Ao ver, fico meio apreensivo. A aparência não parecia agradar muito e provavelmente o Sr. Samuel desaprovaria o presente.
Puxo Bárbara delicadamente para o canto e pergunto logo de cara:
— Por que escolheu essas coisas? São tão sem-graças! Eu conheço o seu avô e ele sempre gostou de presentes luxuosos.
Mas para minha surpresa, Bárbara me rebate:
— Todo idoso já foi uma criança um dia. Ele pode ter se acostumado com o luxo e a riqueza, mas ele sabe que pra construir um grandioso império, ele teve que passar por obstáculos difíceis da vida. E apenas um delicioso doce o fará recordar do quanto a simplicidade é essencial para o nosso viver.
Suas palavras me tocaram de certa maneira. Nunca imaginei que Bárbara pensaria assim e teria um espírito tão humilde e bondoso.
Fizemos a compra e saímos da loja. Ao entrar no carro, sinto o olhar de Bárbara sobre mim.
— O que foi? — perguntei sem entender.
— Por ter salvo minha vida... Aceite isso como meu agradecimento. — ela respondeu.
E ao ver o pequeno chaveiro em suas mãos, percebo que tinha o pingente de um osso para cachorro.
— Você sempre será o cachorro que conheci no dia do nosso casamento. — ela respondeu gentilmente.
Sorrio por um momento e aceito seu presente.
Enfim, rimos um do outro e prosseguimos pela estrada. Aos poucos, vejo Bárbara adormecer.
E de repente, algo estranho me vem à mente.
— Espera... Ela acabou de dizer que me conheceu no nosso casamento, mas... Pelo que me lembro, eu conheci Bárbara no restaurante. O próprio avô dela nos apresentou naquele dia.
Eu encaro Bárbara dormindo e começo a questionar a mim mesmo.
— Tem algo de errado aqui. — pensei.
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O Coração em Chamas
RomanceNuma noite de lua cheia, a mansão Rodríguez incendeia-se misteriosamente. O culpado tinha como o objetivo de apossar das empresas da família Rodríguez aniquilando todos que viviam naquela casa. O que ele não esperava, é que as gêmeas sobrevivessem...