Capítulo 86 - Pressentimento ruim

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LORENZO:

Saí de casa bem cedo, acompanhado de Tomás. Fomos até a empresa, mas eu não sentia vontade nenhuma de trabalhar, pois a dor em meu peito era profunda e esmagadora! E também eu não tinha coragem suficiente em ficar cara a cara com Bianca, nem ao menos encará-la sem perder a cabeça.

Assim que cheguei ao escritório, deite-me no sofá e ali fiquei. Pedi que Tomás assumisse o controle da empresa por mim hoje. Porque no momento, eu só quero resolver os problemas da minha mente.

— Patrão, eu trouxe uma marmita. Coma um pouco.— ouço a voz de Tomás.

— Estou sem fome. — suspirei desanimadamente.

Para o meu espanto, ouço o som estridente de uma bandeja batendo na mesa. Levanto-me assustado com o barulho. E Tomás me encarava de maneira séria.

— Com todo respeito patrão, isso está passando dos limites! O papel que está interpretando agora é um homem covarde e ridículo em admitir que está apaixonado por Bianca! — ele esbravejou.

— Tomás, eu amo a Bianca... Ou pelo menos acreditava que a amava. Mas agora, com essa revelação, sinto-me perdido. É difícil para mim processar tudo isso. Eu me apaixonei por alguém que não existe! Como posso simplesmente ignorar isso?! — contestei irritado.

— Todos nós mentimos de vez em quando, é a natureza humana, afinal! Ela deve ter tido um motivo para não lhe contar. Se não for atrás de Bianca, você irá se arrepender pelo resto da sua vida! Eu estou te aconselhando como um amigo. Vá, antes que algo pior aconteça!

As palavras de Tomás confrontam meus pensamentos ruins, mas ainda assim, continuava relutante em ir. Fico em silêncio por um breve momento. Sinto o olhar de Tomás sobre mim.

— Lorenzo, você ainda a ama? — indagou Tomás.

— Mas ela não é a pessoa quem eu pensei que fosse! — discuti.

— Não foi essa a minha pergunta! Pense bem! — ele me advertiu.

Fico  em silêncio novamente.

— Lorenzo, eu preciso te perguntar com toda a sinceridade: Você ainda ama Bianca? —  questionou Tomás, olhando diretamente em meus olhos. — Se a resposta for sim, eu te imploro, não desista dela. Se você deixar Bianca partir agora, você se arrependerá pelo resto da sua vida!

Tudo que Tomás me disse, tocou-me profundamente em minha alma. E por mais que Bianca tenha mentido para mim, eu ainda a tinha em meu coração.

— Claro que a amo! Mais do que tudo! — confessei, finalmente.

Antes que Tomás prosseguisse com sua fala, a nossa conversa é interrompida pela entrada do meu avô em meu escritório.

O encaro de maneira confusa, não esperava vê-lo aqui hoje.

— O que veio fazer aqui? — indaguei.

— Qual o problema? Um avô não pode visitar seu único neto? Temos que conversar, Lorenzo.

Eu e Tomás nos encaramos apreensivos.

Meu avô olha torto para Tomás, peço educadamente que ele saísse para que pudesse conversar a sós com o meu avô.

— O que você quer? — perguntei rispidamente.

— Como vão as coisas com a Bárbara? Quando vocês vão me dar um bisneto, hein?

Fico espantado com a pergunta de meu avô.

— Bisneto? Qual é a pressa, vô? Eu ainda sou muito jovem para ser pai. E isso depende também da minha esposa. — discuti sem entender o motivo disso.

— É que eu tenho receio de não conhecer os herdeiros para continuarem a minha linhagem, apenas isso. — ele respondeu, todo dramático.

— De qualquer forma, não estou interessado em ter filhos agora. Portanto, vamos esquecer esse assunto! — pedi seriamente.

De repente, sinto um olhar sombrio do meu avô sobre mim.

— Por que está me olhando desse jeito?

— Você está estranho. Diga-me! O que está havendo?!

Suspirei de cansaço. Mais um para me amolar sobre a minha vida amorosa.

— Eu pretendo me divorciar de Bárbara e logo. — falei meio apreensivo.

— O quê?! Você não pode fazer isso! Eu te proíbo, Lorenzo! — gritou meu avô nervosamente.

Ele caminha em minha direção e aponta o dedo para mim.

— Se você se divorciar da Sra. Bárbara, juro que eu te deserdo! Você não terá dinheiro algum para viver como bem quiser!

Fico pasmo ao ouvir tamanha ameaça, e o pior, do meu único parente de sangue que me criou.

— Teria mesmo coragem de fazer isso com seu próprio neto?

— Não só faria, como o proibiria também! Você só pode se casar com a Bárbara, e com ninguém mais! — ele reafirmou sua opinião diante de mim.

Neste momento, a porta do meu escritório é escancarada e uma figura familiar de chapéu surge em nossa frente, era Carlizes, e logo atrás dele, Tomás. Ambos tinham uma expressão séria e preocupante.

Sinto um nó se formar em minha garganta e meu coração estremeceu-se de medo.

— Não sei porquê, mas estou com um pressentimento ruim! — pensei aflito.

— Como ousam nos interromper?! — discutiu meu avô impaciente.

Carlizes toma a frente e fala:

— Ela está viva, meu senhor!

— Mais do que isso, ela pode estar em grande perigo também! — avisou Tomás. — Patrão, o que pretende fazer?

Meu avô não entendeu do que eles estavam falando, e continuava a reclamar sobre a atitude grosseira de entrarem sem bater na porta.

— Vou atrás dela! Vocês dois, venham comigo! — declarei para Tomás e Carlizes.

Pela primeira vez, ignoro meu avô e decido lutar pelos meus próprios interesses. E eu só pensava em uma coisa naquele momento: salvar Bianca e ficar com ela!

Entramos no carro e seguimos a estrada em alta velocidade.

Peço que Tomás ligasse para casa, mas para nosso espanto, nem Madalena, Lídia e muito menos Bianca atendiam. Sinto minhas mãos transpirarem de nervosismo, e meu coração estava disparado, temendo que as palavras de Tomás de fato se concretizassem. Será que realmente minha teimosia colocou Bianca em perigo?!

— Não importa onde você esteja, eu vou te encontrar, Bianca! Nem que seja pra ir até o fim do mundo! — pensei, determinado.

A única coisa que peço é que esteja segura, meu amor. Porque sem você ao meu lado, eu não sou nada! Ainda temos muito para viver.

Quero ter uma vida pacífica ao seu lado, uma casa cheia de filhos que se parecem com você e envelhecermos juntos até o fim de nossas vidas! Meu amor por ela era poderoso e não conhecia fronteiras. Eu estava pronto para enfrentar o mundo inteiro para tê-la novamente em minha vida.

 — Espere por mim, Bianca! — declarei.

O Coração em ChamasOnde histórias criam vida. Descubra agora