Capítulo 44 - Sombras do Passado

75 5 0
                                    

LORENZO:

O corpo de Bárbara está imóvel em meus braços. Fico desesperado.

— Bárbara! O que você tem?! Bárbara! — a acudo, porém, ela não respondia.

Com um movimento eu a carrego em meu colo e começo a correr. Um peso na minha consciência se forma. Ela sofreu muito esses dias em que estava presa, e ao invés de ser compreensivo, só piorei as coisas e disse palavras que a machucaram profundamente.

Pretendia achar um ponto de táxi mais próximo, para irmos direto para casa. Se eu a levasse ao hospital, o avô dela ficaria ainda mais preocupado. E a saúde dele poderia piorar. Então, pensei de irmos ao meu apartamento e de lá chamo um médico particular para examiná-la. Quanto menos pessoas souberem desse incidente, melhor será para a segurança de Bárbara.

Finalmente encontrei um último táxi que restava perto de uma esquina. Corro apressadamente, entramos e seguimos para casa. Dentro do carro, ligo para Tomás e peço para que ele chamasse um médico e rápido! E em vinte minutos estaria em casa.

Ao chegar, vejo os olhares assustados de todos.

— Meu Deus, o que aconteceu com a senhora? — exclamou Madalena pasma ao ver Bárbara desacordada.

— Senhor, o que aconteceu? Como você a encontrou? Como se machucou desse jeito, patrão? — Lídia também perguntou meio confusa.

Ignoro seus comentários e subo as escadas numa rapidez. Entro no nosso quarto e coloco Bárbara gentilmente na cama, pego uma coberta e a cubro para que ela não sentisse frio. De repente, ouço uma batida na porta. Ao abrir dou de cara com Tomás e ao seu lado um homem usando roupa formal com uma maleta marrom.

— Patrão, este é o Dr. Giovanni. — apresentou Tomás.

— Obrigado por vir, doutor. Por favor, dê uma olhada! — exclamei ansioso.

O médico entra e vê o estado deplorável de minha esposa.

— Por favor, mantenha sigilo sobre isso. Principalmente do meu avô. — pedi.

— Não se preocupe, Sr. LeBlanc. Seu segredo está guardado comigo.

Não sei porque, mas não consigo deixar de ficar preocupado em vê-la assim.

O médico começa a examiná-la. Até que Tomás me chama a atenção e me pede para conversarmos em outro cômodo em particular. Obedeço e saímos do quarto. Fecho a porta do lado de fora, para não sermos ouvidos.

— Quer me matar do coração? Você saiu sem me dizer nada do hospital e do nada apareceu todo machucado! Como você a encontrou? O que aconteceu? — questionou Tomás num tom sério.

— Vamos falar disso depois. O mais importante é descobrir se Bárbara está de fato bem. — falei meio nervoso.

— Então vamos para uma outra sala. Vou fazer curativos para seus ferimentos.

— Não precisa. Só... Quero esperar o que o doutor tem pra dizer. — digo esperando do lado da porta, com um ar ansioso.

Passado meia hora, finalmente o médico sai. Eu o encaro com um olhar desesperado.

— E então, doutor? Como está a minha esposa? É muito grave?

— Se acalme, Sr. LeBlanc. Ela está bem sim. Apenas está fraca, pois ficou muitos dias sem comer e beber água. Recomendo um descanso absoluto e uma alimentação bem reforçada. Algo que ela consegue digerir bem, como um caldo de feijão, proteínas, e entre outros derivados. — explicou o Dr. Giovanni.

Finalmente posso respirar aliviado. Ela está bem. Bárbara está sã e salva! Consegui cumprir minha promessa!

— Mas...

Olho para o médico sem entender.

— Mas o que?

— Sua esposa parece ter tido um trauma psicológico em algum momento do passado e o incidente que houve a fez lembrar. Ela entrou em estado de choque e por conta disso desmaiou. — falou Giovanni.

Eu nunca soube que Bárbara tinha um trauma psicológico. Mas ao relembrar a cena que ela apontou a arma para mim e, logo depois começou a dizer coisas sem sentido, agora vejo que realmente há alguma lembrança ruim que a fez despertar esse trauma. Mas o que seria? O que faria esse gatilho psicológico disparar?

Retomo meu olhar ao Dr. Giovanni e o agradeço. Tomás o acompanha para fora. Entro no quarto e me aproximo suavemente da cama. Sento ao lado do corpo de Bárbara, ainda inconsciente. Coloco minha mão sob as delas e murmuro:

— Não se preocupe, Bárbara. Eu vou cuidar muito bem de você. Eu prometo.

O Coração em ChamasOnde histórias criam vida. Descubra agora