Capítulo 68 - É você

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LORENZO:

— Aquela mulher maldita! — gritei, jogando um pequeno jarro no chão.

Olho para o relógio da parede do nosso quarto. Já era noite, e Bárbara ainda não havia chegado.

De raiva, pego outro objeto valioso em cima da bancada e arremesso-o ao chão também.

— O que eu estou pensando?! Ela me mandou embora... Para ficar com outro homem... Aquela bruxa não voltará... E tão pouco isso me importa! — declarei em voz alta.

Com o sangue fervendo, derrubo todos os objetos que estavam em cima da bancada abaixo. Cada coisa que via pela frente, eu jogava, arremessava ou até mesmo quebrava, tudo que me fazia lembrar de Bárbara!

Até que ouço uma batida na porta, ao me virar, deparo-me com Bárbara na porta.

Esfrego meus olhos freneticamente e direciono meu olhar de volta a porta, a figura de Bárbara ainda estava parada no mesmo lugar. Tomo uma compostura séria e fria. Reparo que seu olhar observava a situação de nosso quarto agora. Vidros e peças quebradas e espalhadas ao chão, a cama toda desarrumada. Para ela saber que eu não estava de brincadeira!

— Por que você voltou? Por pena? — questionei-a friamente.

— Eu voltei por sua causa, Lorenzo. — respondeu Bárbara, de imediato.

Ao ouvir tal resposta, caio na gargalhada. A encaro de maneira séria e a confronto:

— Por mim? Você não cansa de dizer tantas mentiras, Bárbara?

— Lorenzo, por favor, me deixe explicar. — ela suplicou de maneira ansiosa, tocando em meu braço.

Mas eu me afasto dela. O meu coração está destruído e é por culpa dessa mulher!

— Explicar?! Hoje eu vi suas reais intenções. Não há motivo para se explicar!

Seus olhos tremeram, com lágrimas tristes. Estou farto dela! Caminho de um lado para o outro, tentando de alguma forma aliviar a minha raiva.

— Quando soube do que houve mais cedo, fiquei preocupado e saí para procurá-la. Eu tinha grandes planos para preparar uma surpresa especialmente para nós dois. Um jantarzinho, com belas flores e música... É uma pena que você me despreza tanto assim, a ponto de fugir com outro homem! — respondi irritado, lançando outro objeto ao chão.

Bárbara se assusta ao me ver fazer tal coisa. Caminho até ela, a passos apressados e aperto seus ombros com força, com a intenção dela me olhar nos olhos diretamente.

— Diga-me. Há quanto tempo vocês estão juntos?!

— Não é o que está pensando, Lorenzo! Ele é apenas meu amigo. Não existe nada entre nós. — ela tentou se explicar mais uma vez.

Eu pressiono mais força em seus ombros, até Bárbara soltar certos gemidos de dor.

— Está me machucando! Me solte! — ela exclamou, assustada.

— É você que está me machucando, Bárbara! — declarei furioso.

Pego-a no colo brutalmente, e a lanço na cama, imobilizando-a. Ela se mexia tentando se soltar, mas eu coloco mais força. Seu cabelo estava despenteado e lágrimas desciam de seu rosto, amedrontada.

— Ainda não admite que mentiu para mim?! — gritei com ela.

— Está bem! Menti para você sim! Mas tive um motivo. Eu tive medo! Medo da pessoa que pensei que você fosse! Não confiei em ninguém desde que cheguei nessa casa! Como você queria que eu ficasse?! — ela esbravejou de volta.

Suas palavras me tocaram de uma certa maneira. Jamais pensaria que eu pudesse ser uma figura assustadora aos seus olhos. Que seja cruel e inconfiável.

— Eu sou tão desprezível assim para você? — eu a questionei.

— Não mais... Lorenzo, eu...

Mas antes que Bárbara realmente falasse algo, eu a interrompo:

— Eu fiz tanta coisa para você, como você não consegue compreender isso? Arrisquei a minha vida para te salvar. Cuidei de você quando estava febril, te protegi, te alimentei e te mimei... Mas agora me toquei, que você tão pouco merece alguém como eu!

Há um momento de silêncio entre nós, até que Bárbara enfim, falou algo:

— Eu sei que você não merecia isso, Lorenzo. Me desculpa.

— Não quero suas desculpas! Sou uma grande piada para você?! Bárbara, seja honesta apenas uma vez na vida. Você se arrepende de ter me conhecido?! — perguntei firmemente.

— Você foi... A mais linda surpresa que já ganhei a minha vida inteira. — ela disse com um sorriso único nos lábios.

Não era um sorriso de deboche, mas cheio de verdade. Pela primeira vez, senti que Bárbara não estava mentindo.

— Como disse? — indaguei, meio confuso.

— Não existe outro homem. É você quem eu amo, Lorenzo. — Bárbara, finalmente respondeu sinceramente.

O Coração em ChamasOnde histórias criam vida. Descubra agora