Capítulo 30 - Fuga

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BIANCA:

  — Trancada! E agora? — pensei atordoada.

  Tento diversas vezes forçar o meu peso na porta, mas fracasso miseravelmente. Olho em volta. Havia algumas caixas e gavetas espalhadas. Então começo a procurar dentro delas um objeto afiado para destrancar a fechadura.

  Até que com todo meu esforço, encontro uma pequena chave de fenda.

— Vai servir! — pensei, esperançosa.

Vou até a porta e encaixo a ferramenta no buraco da fechadura. Ao sentir a resistência começo a empurrá-lo. Geralmente, dizem que se ouvirmos um clique imediatamente, significa que a fechadura foi aberta.

No entanto, ainda não ouvi nenhum clique, para o meu desespero!

Tento o máximo de vezes possível, mas não consigo. Por um descuido meu, acabo cortando minha mão com a chave de fenda.

— Ai! — exclamei de dor.

Olho para o ferimento em minha mão. Não era profundo, mas começou a sangrar. Tiro um lenço da minha bolsa e enfaixo minha mão cuidadosamente.

  Sem saída, encolho-me no canto e começo a chorar silenciosamente.

— Como me arrependo profundamente de ter aceitado essa troca com Bárbara! Se eu não tivesse feito tal acordo, ainda estaria com minha madrinha vivendo de maneira pacífica. Eu quero voltar para casa! — pensei, não contendo mais as lágrimas.

Chorei tanto até de madrugada. Meus olhos estavam cheios de lágrimas, porém, sem sono. Eu só pensava em sair dali e correr para os braços da minha madrinha.

Até que ouço a fechadura sendo destrancada e a porta é aberta. Levanto o olhar e Lídia me encarava com uma bandeja em mãos.

— Você? — balbuciei.

Ela se agacha ao meu lado, coloca a bandeja no chão e me surpreende com um abraço gentil.

— Aquilo era um sonho? — eu pensava, ainda imóvel.

Até que Lídia me abraça mais forte e diz:

— Se estiver triste, chore querida. Eu ficarei ao seu lado.

Emocionada, agarro-me a ela e começo a desabar todas as minhas angústias que eu estava sentindo, bem ali. Ficamos assim por um tempo e depois nos afastamos.

— Obrigada. — agradeci, enxugando meu rosto.

— Você se machucou! — ela se alarma ao ver minha mão enfaixada.

— Tá tudo bem.

— O patrão pode parecer frio e cruel, mas por dentro ele é gentil e caloroso. Não justifica o que ele fez com você, mas devo dizer que não foi de propósito. — explicou Lídia.

— Hm. — é tudo que consegui dizer.

Olho para a bandeja, e vejo alguns petiscos gostosos, como: panquecas com mel em cima, ovos com bacon e torradas. E para beber um suco de laranja.

Lídia acompanha o meu olhar e consente.

— Coma. Preparei especialmente para você.

De repente meu celular vibra. Pego imediatamente e vejo que era uma mensagem da Dra. Esther. Ela quer me ver no hospital daqui a uma hora

Encaro Lídia e respondo:

— Saiba que estou fazendo isso por uma boa razão. Sinto muito.

Levanto-me depressa, com uma fatia de torrada na boca, em seguida, empurro Lídia, pego a chave da sua mão e a tranco no quarto onde eu estava.

— Senhorita? Senhorita Bárbara! — exclamou Lídia batendo na madeira.

— Desculpa! Mas é por uma boa causa! Tchau!

Saio correndo da casa de Lorenzo. Por sorte, como ainda era bem de madrugada, ninguém me viu. Com passos largos e apressados, saio bem cedo e vou para o ponto de ônibus mais próximo.

— Chega! Pra mim, este acordo da troca está desfeito! Não vou mais me sujeitar a isso! — declaro firmemente. 

O Coração em ChamasOnde histórias criam vida. Descubra agora