Capítulo 47 - A perda do colar

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BIANCA:

Ouço o som dos pássaros em minha janela. Seu pio, delicado e suave, faz meus olhos se abrirem lentamente. Olho para o despertador ao meu lado, eram sete e meia da manhã. Bocejo e ergo meus braços para cima, espreguiçando-me. Ao estar totalmente desperta, caminho em direção ao banheiro e pela primeira vez, me deparo com o meu reflexo no espelho.

Havia cortes, arranhões no meu rosto e um hematoma roxo na minha testa. O que aconteceu durante esses dias em que estive presa, realmente foi terrível! Eu poderia ter morrido praticamente! Minha pele estava suja, o estado das minhas roupas estava deplorável.

Encaro a banheira e decido tomar um banho para me limpar. Começo a tirar a roupa e a coloco em cima do balcão da pia.

Ao entrar na água morna, sinto meu corpo ficar dolorido, por conta dos golpes que levei. Encho minhas mãos e levo a água até o meu rosto. Meus ferimentos começam a arder.

— Ai! — resmunguei bem baixinho.

A cada medida que lavava os meus ferimentos, mais eles ardiam. Enquanto a água ganhava uma coloração avermelhada, não consigo me conter e começo a chorar silenciosamente.

Ao ter chorado o suficiente, saio do banho e começo a me trocar. Coloco uma roupa qualquer, pois eu não estava com muito ânimo. É então que eu percebo algo ao ficar de frente para o espelho.

— Meu colar... Cadê o colar que minha madrinha me deu?! — questionei, preocupada.

Então, começo a procurar nas roupas que deixei em cima da pia, para ver se estava dentro de um bolso, mas não encontrei nada.

— Será que caiu pela casa? — murmuro.

Saio do quarto às pressas e desço as escadas rapidamente. O que chama a atenção de Lídia e Madalena.

— Senhorita, o que houve? Era para você estar descansando e...

— Vocês viram um colar dourado? Não caiu por aqui?! — exaltei-me.

— Não vimos colar algum. — respondeu Lídia.

— Se perdeu um colar, tá tudo bem. O patrão pode muito bem comprar o colar mais lindo que puder desejar! — falou Madalena.

— Vocês não entendem! Aquele colar possui um valor inestimável para mim! Nem com todo o dinheiro do mundo alguém pode compará-lo a um preço! — discuti nervosamente.

Elas me encaram estarrecidas com a minha atitude.

— Será que deixei cair enquanto estava presa? — pensei, temerosa.

Meu olhar se direciona para a porta.

— Eu vou sair! — anunciei.

Corro em direção a porta, mas sou impedida por Madalena e Lídia.

— Saiam da frente! — ordenei num tom sério.

— A senhorita está de repouso por ordens médicas! Você não pode sair! — repreendeu Madalena.

— Não ouviram?! Eu tenho que encontrar o meu colar! — exclamei ansiosa.

— Diga pelo menos onde pretende ir. — falou Lídia tentando me acalmar.

— Voltarei ao lugar aonde estive presa. Agora, licença! — respondi.

Saio pela porta de qualquer jeito, ignorando as súplicas de Madalena e Lídia.

Decido ir ao ponto de táxi mais próximo e ir em busca do meu colar.

— Aquilo foi me dado pela minha madrinha... Eu não posso perdê-lo de jeito nenhum! — pensei nervosamente.

No momento, eu só pensava em recuperá-lo. Nada mais importava para mim!

O Coração em ChamasOnde histórias criam vida. Descubra agora