Capítulo 19 - Estou de mal

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LORENZO:

  Estou deitado na cama e mantenho o olhar fixado para a porta. Bárbara sumiu depois que fui ao banheiro. Me pergunto para onde ela foi. Será que fugiu de novo? E daí que ela fugiu? Quem se importa? De uma coisa tenho certeza, se ela voltar ensinarei uma lição a ela!

  De repente, ouço o barulho da maçaneta girando. Pulo da cama, me recomponho e finalmente ela retorna. Nos encaramos por alguns segundos.

  — Você voltou. — digo firme.

  Porém, ela apenas consente com a cabeça e anda em direção ao telefone, que fica do lado da cabeceira da cama.

  — Por que ela está tão calada? — pensei.

  Bárbara nem se atreveu a olhar em meus olhos. No telefone, ela apenas cita algumas palavras.

  — Cardápio, números 3, 9 e 15. Quarto 720. Obrigada.

  Depois o desligou, foi até a nossa cama e pegou a colcha da cama e dois travesseiros.

  — O que está fazendo? — questionei, num tom mais sério.

  No entanto, ela passa por mim, na maior quietude, porém, nada cabisbaixa. Ela coloca as coisas em cima de uma poltrona de massagem que havia do outro lado do quarto.

 — Ela acabou de me ignorar? Que audácia! Quem essa mulher pensa que eu sou? Se ela não quiser conversar, que se dane!

  Sento-me na cama e ligo a televisão. Para incomodar ela, faço questão de aumentar o volume no máximo. Sim, sou mesquinho! Essa é a verdade.

  Mas para a minha surpresa, Bárbara parecia não se importar. Ela apenas permanecia com os olhos fechados, e parecia cantarolar alguma música. A quietude dela me incomodava.

  Quando deu cinco horas da tarde, minha barriga roncava de fome. Vou até o telefone do hotel e digito as teclas. Do outro lado da linha, o funcionário me atende e ele pergunta o que nós pretendíamos comer.

  Percebo que era um bom assunto para puxar com Bárbara.

  — Bárbara. Ei, Bárbara!

  Ela me encara com uma cara meio franzida.

  — Eu vou pedir o menu. O que gostaria de comer? — pergunto meio esperançoso.

  Mas de novo, ela me ignora. Volto minha atenção para o telefone, cancelo o pedido e desligo.

  Então me aproximo dela e a questionei mais uma vez:

  — Está chateada comigo, Bárbara?

  Ela apenas balança a cabeça negando.

  — Por que você não...? – insisto em perguntar. 

Mas ela apenas gesticula o barulho "shhh" com os lábios.

  — É isso aí. Desisto! Desisto de entender essa mulher! — bufo de frustração.

  Então decido tomar um banho. Decido usar a banheira e tirar aquela mulher da minha cabeça. Ela realmente me irrita!

  Logo a banheira se enche, tiro a roupa e entro. Encosto a cabeça na borda e respiro fundo. Depois de meia hora, termino de me banhar e visto um roupão cinza premium. Enquanto fazia minha higiene pessoal, escuto risos. Paro o que estou fazendo e ao sair vejo Bárbara comendo na mesinha da varanda de nosso quarto.

  Ao notar minha presença, ela esconde o sorriso, para de rir, e come silenciosamente. Até que eu não aguento mais aquela situação e explodo de raiva:

  — Chega! Pelo amor de Deus, diga alguma coisa, mulher! — exaltei-me.

  Ela finalmente me olha nos olhos, mas não diz nada. Aos poucos eu me acalmo e digo:

  — Me desculpa, Bárbara. - falei.

O Coração em ChamasOnde histórias criam vida. Descubra agora