Capítulo 64 - Está apaixonada?

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BIANCA:

Ainda mantinha minhas mãos empunhadas com o caco de vidro pra cima de Lucca. Um medo forte toma conta do meu coração. Eu acabei de talvez ter visto um possível assassino, e agora o abrigo está destruído... Seja quem for, certamente está atrás de mim.

— Bianca, tá tudo bem. — Lucca me chamava suavemente.

— Parado! Não se aproxime de mim! — declarei.

Ele levanta as mãos para cima, em sinal de redenção.

— Eu não vou fazer nada com você. Confie em mim.

Ao dizer tais palavras, sinto meus olhos lacrimejarem. Logo, lágrimas sem fim desciam pela minha face e um nó amargo se forma em minha garganta.

— Eu... Não sei em que confiar. — confessei, apavorada.

Lucca pega na minha mão carinhosamente e juntos, ele abaixa minha mão que continha o caco de vidro, e depois me envolve em seus braços, dando um abraço gentil.

— Nunca mais vou te deixar sozinha. Tudo vai ficar bem. Estou aqui. — ele sussurrou em meu ouvido.

Permanecemos abraçados assim por um tempo.

Até que finalmente solto o caco e retribuo o abraço, chorando copiosamente em seu ombro.

De repente, ouvimos um barulho esquisito. Nos afastamos assustados.

— Este lugar não é mais seguro. — Lucca disse rapidamente.

Então, ele pega em minha mão e me puxa para longe dali, saímos do abrigo e Lucca me levou até uma pracinha que tinha alguns quarteirões de onde estávamos.

Quando paramos para respirar, noto que minha mão ainda estava agarrada na de Lucca. Então, eu afasto. Ele me encara apreensivo.

— Lucca, diante dos fatos, acho que finalmente chegou a hora de você descobrir toda a verdade. — admiti com um olhar melancólico. — Mas deve prometer guardar segredo.

Ele consentiu lentamente com a cabeça.

Certas coisas as pessoas não precisam saber, mas naquele momento e devido o que acabou de acontecer, Lucca poderia ser mais um aliado para mim. Afinal, somos amigos de longa data, mesmo que houve um mal-entendido entre nós, estou disposto ao ouvi-lo desta vez, depois de tanto tempo.

Então, contei tudo a Lucca, como conheci Bárbara e tomei a identidade dela, fazendo tal acordo. Ao terminar de falar, Lucca me olhava receoso, mas ele agarrou minha mão, me encarou suavemente e respondeu:

— Você foi uma vítima nisso tudo. Eu estou disposto a ajudá-la! Comigo aqui, ninguém te fará mal algum.

— Mas...

— Pode confiar no seu amigo! — Lucca me respondeu dando uma piscadela rápida.

Pego na mão de Lucca e falei:

— Agora, me diz, sobre o lance das fábricas. Como você se envolveu nisso? O que aconteceu com você? — questionei.

Sinto as mãos de Lucca tremerem, seu rosto ficou pálido e ele gaguejava.

— Seja o que for, eu estarei ao seu lado. — falei, com a intenção de confortá-lo.

Ele respirou fundo e começou a falar:

— Há uns cinco anos atrás, um cara misterioso me ofereceu uma boa oportunidade de emprego, em trabalhar em uma das fábricas de tecelagem da família LeBlanc. No início, eu até me via trabalhando lá de boa, entretanto, alguns funcionários começaram a desaparecer misteriosamente depois que foram chamados pelo CEO. Foi então que eu vi...

Lucca hesita em continuar, mas eu acaricio sua mão, dando apoio.

— Eu descobri alguns documentos fraudados pelo CEO e desvio de dinheiro para companhias fantasmas. Todos aqueles homens que desapareceram foi porque tinha a intenção de denunciar o caso a polícia, mas foram silenciados antes que pudessem delatar. Não consegui ficar parado e eu mais alguns funcionários começamos a reunir provas, investigar cada pista que encontrávamos. Numa noite o CEO nos chamou para trabalharmos na fábrica por um dia inteiro, só que alguém sabotou a fábrica e ela pegou fogo. Tudo foi destruído, só eu e três homens conseguimos escapar. Tudo que havíamos coletado contra a família LeBlanc foi consumido pelas chamas.

Fico em choque ao ouvir tal coisa. Nunca podia imaginar que algo assim acontecesse.

Lágrimas escorriam do rosto de Lucca, e ele continua:

— Nossos colegas e companheiros de trabalho morreram naquela noite, Bianca. E eu não pude fazer nada. Então, eu e os sobreviventes montamos uma gangue secreta para investigar e vingar a família LeBlanc pelo que fez ao assassinato dos operários da fábrica. Eu tenho certeza que não foi uma fatalidade, foi o CEO que ordenou que colocassem fogo na fábrica. Foi armado propositalmente!

— Mas você tem certeza que o CEO que você trabalhava, era mesmo o Lorenzo? — contestei.

— Sim, eu mesmo o vi na fábrica diversas vezes. — contou Lucca.

Aquilo não fazia sentido pra mim. Não conseguia ver Lorenzo como um assassino a sangue frio, ao contrário do avô, que parecia bem suspeito.

— Eu sinto muito pelo que aconteceu aos seus colegas de trabalho. Mas não acredito que o responsável pelo incêndio tenha sido a mando de Lorenzo. Ele não faria algo assim! — defendi.

Lucca me olha incrédulo e rebate:

— Diga-me a verdade Bianca. Você está o defendo por que acha que o conhece o suficiente ou...

— Ou o quê? — indaguei curiosa.

— Ou você se apaixonou por ele?

Ao ouvir tamanha frase, sinto-me petrificada. Lucca me encarava tentando procurar uma resposta em meu olhar, mas eu simplesmente não sabia o que responder. Mesmo que eu me apaixonasse por Lorenzo, nunca poderíamos ficar juntos. Eu não sou a mulher certa pra ele. E logo, quando a verdadeira Bárbara retornar, ela tomará o seu lugar de direito, que é ao lado de Lorenzo.

— Mas e eu? Será que serei feliz assim ou devo desafiar a todos e seguir meu coração? — pensei.

Ergo o olhar e Lucca me questiona novamente:

— E então, Bianca? Você se apaixonou mesmo pelo Lorenzo LeBlanc? 

O Coração em ChamasOnde histórias criam vida. Descubra agora