ㅤ ㅤ ㅤ ㅤ ㅤㅤ ㅤ ㅤ ㅤ ㅤㅤ ㅤ ㅤ ㅤ Marina Narrando
ㅤ ㅤ ㅤ ㅤ ㅤㅤ ㅤ ㅤ ㅤ ㅤㅤ ㅤ ㅤ ㅤㅤ❄❄❄O trabalho todo passei dispersa, minha cabeça estava longe demais.
Dana: Um cliente Ma. — me cutucou.
Desci do banco e caminhei devagar até o cliente.
Marina: Posso ajudar em alguma coisa? — com as mãos para trás.
XXXXX: Pode sim. — se virou para mim.
Marina: Bruno? — postura.
Bruno: Oi Marina. — abriu um sorriso — O passar do tempo te fez bem.
Marina: Será que fez o mesmo por você? — olhei de lado.
Bruno: Só você vendo pra crê. — olhou para a prateleira — Você tem folhas... — tentou explicar.
Marina: Específica para desenhos? — me direcionei e peguei a folha.
Passei pelo balcão.
Bruno: Essa aí.
Marina: Ótimo. — sorri — Cada folha é 50 centavos.
Bruno: Aonde você está morando?
Marina: No Morro Cruz. — o olhei, o Bruno era do tipo tosco, escroto, preconceituoso.
Bruno: Ah sim. — tentou disfarçar — Ta, é estranho.
Marina: Pelo menos agora é sincero. — devolvi o troco.
Bruno: Marina, eu quero sair com você! Vamos marcar de sair, é claro, se você não estiver compromissada.
Marina: Como amigos que mal tem? — sorri.
Bruno: Me passa seu número.
Marina: XXXXX-XXXX.
Bruno: Anotei. — sorriu — Você está realmente linda.
Marina: Que bom. — coloquei as folhas dentro da sacola.
Bruno: Não recebo nem um "você também"? — brincou.
Marina: Você sabe que não.
Bruno: Isso tudo ainda é mágoa?
Marina: Sim, podia ser dessas que são superiores mas, não gosto de mentiras. — devolvi.
Bruno: Gosto do seu senso de humor.
Marina: Não gosto dele não, afinal de contas me fez gostar de você. — revirei os olhos.
Bruno: Isso é bom, porque eu te correspondia.
Marina: Bruno, não sou obrigada a escutar isso. — o fitei.
Bruno: Mas não estou mentindo. — ficou sério — Você nunca levou as coisas que eu falava a sério, deve ter sido por isso que não demos certo. — pegou a sacola — Sempre desconfiada duvidava do que eu sentia.
Marina: Na boa? — vi outro cliente entrar — Não quero relembrar o passado.
Bruno: E não vamos. — afirmou — Até no whats. — saindo.
Ver o Bruno, me deixou ainda mais frustrada e com medo de voltar a ser a Marina de antes. Hoje de manhã já tinha deixado o Tom falar daquela maneira comigo, que no caso eu não poderia. Atendi outro cliente, e o meu chefe me dispensou mais cedo. Dessa vez decidi ir apé mesmo, coloquei os meus fones de ouvido e me permitir viajar um pouco. Ver aquelas pessoas na rua me fizeram refletir tantas coisas, umas das é que não quero ter esse futuro para mim: MORRO. Não que eu tenha algum problema com tal, mas não me vejo ali, quero ser mais. Quero terminar esse ano, fazer uma faculdade, ter uma casa, ser somente eu. E para conseguir isso, tenho que mudar a minha vida. Vou comecar a fazer um curso, com o salario que eu ganho da pra comprar ou alugar uma quitinete... Se a Isa não quiser vir comigo, eu entendo, ate porque as coisas não estão fluindo é pra mim.
Estou decidida vou sair do morro. Passei direto pelos meninos, não queria me atrapalhar, já que eu estava com a cara e a coragem pouco me custa.
QZ: Chefe quer falar com você.
Marina: Fala pro seu chefe que eu estou muito ocupada agora!
Sai andando. Passei pro meu quarto que nem um furacão, dessa vez eu ia fazer de uma força descente, juntei as minhas roupas todas dentro da mochila e coloquei o material dentro da sacola. Deixei tudo perto da cama no canto, e fui para o banheiro, tomei aquele banho caprichado, e me troquei ali mesmo, coloquei uma blusa folgada, bem soltinha e um short de pijama.
Isabela: Não vai treinar não? — perguntou.
Marina: Precisamos conversar. — fixei — S.O.S!
Isabela: Fala. — sentou em cima de suas pernas.
Marina: Isa, não precisa de você ir, não vou ficar chateada e espero que você não fique comigo. — expliquei — Estou pensando em alugar uma quitinete pra mim no asfalto, por ali mesmo, pequena. — dei ombros — Longe do morro.
Isabela: Decidiu isso hoje? — apreensiva.
Marina: Isa como eu falei, não precisa de você ir. — sorri — Amiga, eu preciso sair daqui o quanto antes. Não estou suportando.
Tom: QUE PORRA É ESSA DE "ESTOU MUITO OCUPADA AGORA?"
Marina: Olha isso realmente não vai dar certo. — olhei pro Tom — Na miúda.
Tom: Na miúda é o caralho. — menos alterado — Tá me fazendo de bobo? O otário tá lá esperando, enquanto ela tá aqui ó. — abriu as mãos — Folgada.
Marina: É só isso? — respirei fundo.
Tom: Só isso? — andava de um lado pro outro — Que droga Marina, que porra. — começou a quebrar as coisas.
Marina: OU TÁ DOIDO? — gritei.
Tom: Você tá! — apontou o dedo — Tá me tirando pra caralho já minha filha.
Marina: Chega. — falei calma — Tomás faz o seguinte, por favor, me esquece. Esquece beijo, esquece pedido de namoro, esquece momentos, esquece Marina.
Tom: Tá querendo dizer o que com isso?
Marina: Que eu estou cansada, jogando a toalha pra você.
Tom: Terminando?
Marina: O que nem começamos?! Sim.
Tom: Só termina quando eu quero. — nariz a nariz comigo.
Marina: Em que ilusão você se enfiou? — encarando — Na mesma de hoje mais cedo, quando me tratou daquela forma e eu burra, muito burra aceitei? — perguntei — Deve ser, com toda certeza. — afirmei — Fui burra em deixar você falar daquele jeito comigo.
Tom: Deixou porque sabe que estava errada.
Marina: Meu Deus, qual crime que eu cometi nessa vida? — revirei os olhos — Eu conversei mesmo com o Rael na festa, ele veio várias vezes falar comigo, troquei algumas palavras com ele e saia fora. — olhei — Não declarei guerra contra você, contra seu morro, nem me aliei a ele.
Tom: A questão aqui, não significa nem mais o morro... — me encarou.
Marina: Não vem falar que o motivo agora sou eu não. Me tira fora dessa. — o encarei — Quem tiver a boca maior, cai pra dentro. Vocês já tinham uma treta já, em nenhum momento eu te pedi para cobrar algo como vingança, se você fez é porque você quis. Eu sou grata à você sim, por me deixar ficar aqui, quando eu não tinha aonde cair morta, mas não quer dizer que tenho uma divida eterna com você. — o olhei.