Bia: O MAQUINISTA TÁ CONTIGO? — berrou, me olhando e dando pulinhos.Criolo: Esse trambolho está. Se feriu um pouco, mas ainda dá pro gasto.
Bia: Não corre nenhum perigo né?
Criolo: Não amor, pode ficar de suave.
Bia: Amor e você está bem de certeza?
Criolo: Absoluta. — riu alto — Amor você precisa de ver a Isa comandando o morro, já que ela matou o Tom.
Bia: Acha que vai dar certo?
Criolo: Não. Mas ela disse que está querendo passar o morro pro Maquinista.
Bia: Nus. — riu — Ai que vai ficar doido o negócio.
Criolo: Sabe de notícias da Lana?
Bia: Quando eu sai de casa, ela estava no morro ainda com a Dona Sônia.
Criolo: CV saiu da cadeia.
Bia: E a Marjorie e o Arthur, entraram no hospital.
Criolo: Tão no mesmo que o da Marina?
Bia: Sim, pelo jeito o estado é grave. Marjorie, vai se operada.
Criolo: Deixa o zé povinho. Agora é felicidade. Quer dizer, menos pra Isa. O Forasteiro invadiu o morro, caiu na lama com o Sorriso, e acabou sendo morto. Ela quer fazer enterro e os caralho a 4.
Bia: Se vai fazer ela se sentir melhor, é o que resta amor. Vamos dar todo apoio possível.
Criolo: Se pá... Amor vou ir, te espero em casa, vou ter que ajeitar as coisas.
Bia: Se cuida, eu amo você.
ㅤ ㅤ ㅤ ㅤ ㅤㅤ ㅤ ㅤ ㅤ ㅤㅤ ㅤㅤ ㅤ ㅤㅤ 📱Ela caminhou toda feliz até mim.
Bia: Maquinista está bem. — me deu um beliscão.
Marina: Eu ouvi.
Bia: Que coisa feia, ficar escutando a conversa dos outros.
Marina: Até parece que você sabe falar baixo. — revirei os olhos — Estou incomodada com esse homem aqui.
Bia: Ignora. — me cutucou — Tenho muitas coisas para te contar. O Tom morreu. — disparou — A Isa o matou, porque no caso o Sorriso matou o Forasteiro. Algo assim, sei que está tudo interligado, só que ela talvez vai passar o morro pro Maquinista. CV foi solto e provavelmente está com a Lana nesse exato momento.
Marina: Não tem mais aonde eu ficar de boca aberta por hoje. — abismada — Quem diria, Isa.
Bia: Nunca imaginei.
Marina: Muito menos eu. — ri, e a enfermeira depois de horas, voltou até meu quarto retirando a outra maca que seria da Marjorie.
Médico: Marina Toline? — se aproximou de mim, checando os equipamentos.
Marina: Sim?
Médico: Vou te dar alta hoje, porém, se controle. Seu estado ainda é de se preocupar.
Bia: Vou cuidar dessa menina Doutor.
Médico: Bia? — cumprimentou — Cuida sim. Quero acompanhar a sua gravidez, por isso volte aqui e marque uma consulta. — sorriu — Bom já vou, tenho meus outros pacientes. Foi um prazer. — olhou para nós duas e foi informar a enfermeira.
A mesma entrou no quarto sorrindo, colocou as minhas coisas em cima da cama e se retirou. O caminho até o banheiro era longo e vergonhoso, ainda mais com essa roupinha de hospital sexy. Acabei dando o meu jeito e me trocando por ali mesmo, que felicidade poder sair dali. Passamos na lanchonete do hospital, estava morrendo de fome e agora mesmo por dois, antes de irmos, sem querer esbarramos com uma família no corredor, a mulher chorava muito e o pai tentava acalma - la. Sem irmãos, nem ninguém a sua volta, só ela e o marido.
Enfermeira: Minha senhora, tenta se acalmar. — do seu lado — Quer uma água? Vão vir à sedar se não se acalmar, por favor.
XXX: Minha filha morreu, como se acalmar?
Enfermeira: Olha ela morreu, mas deixou um neto lindo para a senhora. — consolando.
XXX: Não quero aquele bastardo. — era granfina, suas joias e apesar do seu choro ainda mantinha a pose.
Enfermeira: Olha a senhora está muito nervosa. Quando estiver mais calma conversamos. — olhando — O pai da criança também está lá dentro, tenho que cuidar dele.
Bia: Me desculpa, mas como a filha da senhora chama?
XXX: Marjorie.
Bia: A sim, desculpa. — pediu licença e saiu me puxando pelo braço — Você ouviu isso?
Marina: Coração apertou amiga. — fiz careta — Qual vai ser o destino dessa criança?
Bia: Vai ser bom apesar de tudo, sabia? — me abraçou — O Arthur vai estar com ele. E sobre a mãe dela, é só momento, isso é raiva porque ela pensa que o neto foi o culpado, enfim, passa.
Marina: Tomara que passe mesmo. — olhei pela última vez para trás.
Bia: Vai sim, pequenina. — me deu um beijo na testa.
O cenário em geral era muito triste, ver a dor daquela mãe me fez sentir uma dor que eu nunca imaginei sentir. Perder um filho é muito triste, sem escolha de qual seria o pior e essa criança? Que tudo se encaminhe na vida dela. Entramos na lanchonete e eu escolhi duas coxinhas recheadas, pedi um suco e não tive a menor educação para comer.
Bia: Vai com calma.
Marina: Quer comer por mim? — acabando a segunda coxinha — Quero mais.
Pedi mais duas porque sim, entramos num táxi e voltamos para o morro. O cenário não era tão ruim de se ver, alguns locais estavam destruídos, tinha tanto furo de bala e tanto carro de polícia explodido que embaralhava um pouco. As pessoas já voltavam para as suas casas, jogavam as coisas que não tinham mais jeito fora, os comerciantes, estavam abrindo as lojas para verem se tinha restado alguma coisa, as crianças estavam brincando nos parques e os outros jogando futebol como se nada tivesse acontecido. Na travessia de onde eu estava até a casa do Rael era um cado de chão, tinha muita gente do morro do Tom. Vi um menino passar com um saco preto sendo carregado nas costas e o Sorriso dando assistência atrás.
Sorriso: Todos os pedaços estão aí chapadão. — deu um toque no outro — Fala mesmo.
Léozin: Só força, tá em baixo, mas quem sabe.
Sorriso: O tempo compensa os nossos erros.
Léozin: O enterro vai ser hoje ainda, a Isa vai gostar de te ver lá.
Sorriso: Vai me matar que nem fez com o Tom.
Léozin: Dois pagam por um. — saiu andando.
Não parei para conversar, também não queria. Muita gente estava ajudando a retirar os corpos, pegar as armas, limpar as calçadas sujas, entre outras coisas.