Capitulo 69

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ㅤ ㅤ ㅤ ㅤ ㅤㅤ ㅤ ㅤ ㅤ ㅤㅤ ㅤ ㅤ ㅤ Marjorie Narrando

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Como se não bastasse morar em um morro, sou obrigada a conviver com bala perdida e ainda por cima perdi as minhas compras no meio do caminho, porque começei correr adoida pra casa. Todo mundo gritando, correndo, eu subindo e esse bando de pobre encostando em mim, me pedindo socorro, af não mereço isso senhor, não sou obrigada. Entrei dentro de casa, trancando a porta, vai que algum favelado ache que tem direito? Fechei as janelas e fiquei sentada na sala, mais jogada do que deitada. Meu bebê já começava dar seus primeiros chutes... Levantei a minha blusa, ignorando o som do mundo, e passei a ponta dos dedos, me confortou sentir ele chutar aonde os meus dedos estavam, tentei respirar fundo várias vezes e dizer para mim mesma que tudo ia ficar bem, sem desespero.

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— MARJORIE?
— rolei um pouco — Oi.
— AONDE VOCÊ TÁ?
— EM CASA. — falava alto por causa do barulho.
— JÁ FECHOU TUDO?
— SIM. TRANQUEI A PORTA TAMBÉM. — falei — VOCÊ VAI VIR PARA A CASA?
— NÃO! TENHO QUE AJUDAR O MEU MORRO, É FUNÇÃO. SÓ QUERIA SABER, SE VOCÊ E O MEU BEBÊ ESTAVAM BEM.
— AH SIM. — dei uma pausa — ESTAMOS SIM. — senti uma alegria — O NENÉM CHUTOU CV.
— AINDA ESTÁ CHUTANDO? — olhei pra minha barriga.
— SIM. — falei espontânea.
— COLOCA O RÁDIO PERTO DA BARRIGA.

Assim eu fiz.

— PODE FALAR. — GRITEI.
— FILHÃO OU FILHONA, ESPERO QUE FIQUE BEM COMPORTADO (A) AÍ VIU?! PAPAI PRECISA FAZER A FUNÇÃO AGORA, MAS TARDE ESPERO ESTAR DE VOLTA PRA TROCAR UMAS IDÉIAS COM VOCÊ. FICA SUAVE DEMOROU? EU AMO VOCÊ.

O meu coração apertou, e senti uma lágrima involuntária escorrer pelo meu rosto. Fechei os olhos, e me permiti chorar, não sei por qual motivo mais meu coração tava revirando, dando pulos, saltitando, morando em uma corda bamba.

— QUERO SENTIR O CHUTE EM, LOGO APAREÇO. — deu uma pausa — MARJORIE?
— SIM? — disfarçando.
— SE CUIDA, PAPO PRA AMBOS.
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Sorrindo e chorando. O barulho lá fora só aumentava, agora era tiro e explosão. Fiquei quietinha, não movi um músculo se quer, esperei aquela correi toda passar. Coloquei os meus fones de ouvido e fiquei fazendo carinho na minha barriga!

Estava tão distraída, que quando ouvi meu celular toca tomei um grande susto.

ㅤ ㅤ ㅤ ㅤ ㅤㅤ ㅤ ㅤ ㅤ ㅤㅤ ㅤ ㅤ ㅤ ㅤ INÍCIO DA LIGAÇÃO

Arthur: Marjorie, aonde você está?

Marjorie: Arthur, hoje não por favor.

Arthur: Por favor? — riu — Você está bem?

Marjorie: Já acabou?
Arthur: Aonde você está? Só quero saber.

Marjorie: Em casa. Tchau.

Arthur: ESPERA. — bravo — Que porra fala direito.

Marjorie: Não estou afim.

Arthur: O meu filho está bem?

Marjorie: Tá. Tchau.

Arthur: Dei pulão atrás do seu namoradinho.

Marjorie: Deixa o CV em paz Arthur, que saco. — irritada.

Arthur: Agora você fala direito né? — debochou.

Marjorie: Dormiu com o boso?

Arthur: Ele escapou relaxa. — nada satisfeito — Fui chamado aí pro morro, tô subindo na choque.

Marjorie: Vai levar tiro.

Arthur: Cuida do seu namoradinho.

Marjorie: Ele não precisa de cuidado, já você....

Arthur: Beleza, só queria saber isso.
ㅤ ㅤ ㅤ ㅤ ㅤㅤ ㅤ ㅤ ㅤ ㅤㅤ ㅤ ㅤ ㅤ ㅤ FIM DA LIGAÇÃOㅤ

Voltei a minha música novamente, e voltei a relaxar, se ele subisse ia dar mais barulho ainda e eu não queria ouvir.

Marjorie: Será que o papai está bem? — olhando pra barriga — Mamãe tá preocupada. — respirei fundo novamente — Me desculpa por não te dar tanta atenção e tratar você como um objeto ou algo parecido meu filho ou filha. — abri um sorriso — Já pensou de laçinho ou de boné? — fechei os olhos — Um quartinho só seu, todo azul ou rosa. Se bem que mamãe prefere um verde ou roxo. — ri — Mas enfim, você vindo com saúde é o que importa. — fiz carinho — Me desculpa minha criança, me desculpa mesmo. — algumas lágrimas caíram.

Acabei tirando um cochilo e acordei reparando que o meu celular tinha descarregado e não havia nenhum barulho mais, decidi ir na boca, ver como o CV estava. A primeira impressão não foi boa, por mais que aqui fosse um morro, nunca tinha visto nada parecido ou ele assim. O Maquinista estava super rancoroso e ainda sobrou pra mim, olhei pro CV e ele só confirmou com a cabeça abrindo um sorriso, decidi não brigar e aceitei de boa ir pra casa da Dona Sônia, que ainda me colocou para varrer.

Marjorie: Tá boa em... — me sentei na poltrona.

Sônia: Muito obrigada. — pegou a vassoura da minha mão — Você não! Você continua. — olhou pra Roberta.

Acho que tem alguém aqui que não desce em, santo não bate, anjo da guarda desconhece. O jeito era esperar o CV.

Quebrada de traficante Onde histórias criam vida. Descubra agora