Capítulo 14

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Quando eu cheguei na árvore onde gosto de dormir, ele estava no mesmo lugar que eu fico e quando me viu, sorriu de uma forma estranha. Tinha a mesma coisa por trás desse simples sorriso que parecia com oque ele me deu mais cedo, isso me fez esquecer de tudo que pensei sobre ele antes. Minha raiva evaporou do meu corpo e ficou somente uma dor pelo jeito que meu pai me tratou lá.
Respirei fundo me abaixando até poder ficar embaixo da árvore e sentei do seu lado abraçando meus joelhos, passei um dedo no meu rosto e limpei uma lágrima que dizia à ele que minha conversa foi péssima.
Ele se arrastou até ficar mais perto de mim e ficou na mesma posição que eu estava, senti seus olhos no meu rosto e eu não quis olhar pra ele por medo disso se provocar uma pergunta que eu não queria responder. Mas foi difícil porque eu queria desabar com alguém, e só tem ele aqui perto de mim.
-ele ficou bravo com você?
Sua voz estava baixa e acolhedora, como se ele tivesse acalmando um criança assustada. Eu fiquei mais a vontade com isso e dessa vez eu olhei pra ele vendo seus olhos mais diferentes ainda, eu via algo neles que me deixava confiante a respeito dele. Eu sentia que poderia dizer qualquer coisa à ele.
Mas em vez disso, eu apenas concordei com a cabeça abaixando meus olhos depois até ficarem nos meus braços e nos meus joelhos. Só conseguia pensar nas palavras dele quando me proibido de ir nos lugares que gosto da floresta. Sendo que esses lugares são todo o território diferente desse que eu já conheço muito bem.
Parei de pensar nisso quando senti seu dedo indicador passar por baixo do meu olho direito limpando o rastro de uma lágrima que já estava seca ali. Olhei para seu rosto meio tímida mas ele olhava para minha bochecha continuando passando seu dedo por ali. Meu coração acelerou quando ele encontrou meus olhos depois de ter terminado de limpar meu rosto. Fiquei encarando ele sentido minha respiração acelerar ficando sem poder desviar os olhos. Eu estava confusa com oque sentia nesse momento, mas não era algo ruim, era algo forte e que me fazei esquecer meus problemas.
-eu acho que ele só está sendo super protetor, oque ele disse pra você?
Queria poder pensar direito para responder, sua voz era oque mais bagunçava meus pensamentos. Tentei parecer normal me afastando um pouco dele encostando minhas costas no tronco da árvore respirando bem fundo sobre efeito do que aconteceu à poucos segundos atrás.
-eu não contei sobre você, disse que estava fazendo uma exploração pela floresta e que ia longe demais e não conseguia chegar a tempo para conversar com ele, e ele me proibiu de ir fazer essas tais explorações, ele não me quer indo longe demais
Expliquei passando a costa da mão na minha bochecha e depois tirei os fios de cabelos que estavam no meu ombro.
-é pais são assim mesmo
Seu comentário me deixou confusa porque pra mim isso era uma coisa muito ruim, poxa não posso mais ir nos lugares que quero. Isso não parece ruim pra ele também? Ele não me entende.
-daqui a pouco ele desisti desse castigo, não fique tão preocupada, aposto que não é tão ruim assim, só não pode ir muito longe
É ele tem razão. É só isso mesmo, depende se ele ficar aqui comigo me fazendo companhia não terei problemas em ficar entediada.
Sorri pra mim mesma imaginando esse castigo durar bem pouco, eu só não quero que dure como o último que ele me deu. Eu não aguentaria todo aquele tempo.
-posso ficar aqui com você?
Olhei pra ele ainda com meu sorriso no rosto, ele também sorria torto e eu descobri que gostava. Eu também não poderia dizer não, ficar sozinha só vai me fazer mal, ele me faz companhia e eu vou poder esquecer um pouco isso.
Me aproximei dele mais um pouco e abaixei minha cabeça até poder encosta-lá no seu ombro, senti ele passar seu braço por trás do meu pescoço e eu fiquei mais confortável, seu corpo era gélido demais mas sua roupa disfarçava um pouco. Respirei fundo relaxando meus ombros e fiquei brincando com o bolso da sua blusa colocando minha mão ali e depois tirando, estou me sentindo menos sozinha nesses últimos dias, acho que é por causa dele. Nunca conheci ninguém com quem pudesse conversar, e que possa me fazer companhia, posso considera-lo meu amigo agora. Não importa se meu pai não goste que eu tenha contato com outras pessoas eu não vou deixar de falar com ele por causa dessa regra boba.
Estava começando a ficar com sono enquanto mexia no bolso da sua blusa, acho que não tem problema se eu dormi aqui com ele. Encolhi mais um pouco minhas pernas e ajeitei minha cabeça sobre seu ombro ficando mais confortável sentindo sua mão me puxando para ficar mais perto dele. Suspirei de novo e senti aquele cheiro de novo de erva doce e hortelã, eu não sabia porquê mas eu gostava. Isso me deixou mais a vontade para dormi e dessa vez mais um pouco tranquila com sua companhia.

Uma garota sozinha na floresta Onde histórias criam vida. Descubra agora