Capítulo 124

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Aquele abraço já estava durando dez segundos e eu comecei a bater meu pé no chão impaciente. Até que não aguentei mais e puxei a blusa dele com meu dedo indicador e o polegar passando minha mão entre ele e ela depois voltando a ficar do lado de com os braços cruzados no peito olhando pra ela levantando minha sobrancelha. Ela ficou sem graça passando a mão no rosto arrumando seu cabelo olhando para o chão, depois seu rosto ficou vermelho e olhou pra mim abrindo um sorriso sincero e carinhoso.
-me desculpe querida, não quis...
-não me chame de querida
Cuspi levantando um dedo na sua direção para chamar sua atenção, depois de tudo isso ainda me chama disso. Vai me dá um beijinho agora? Porque não me coloca na cama e conta uma história pra mim dormir?
-mas eu quero me desculpar mesmo, eu não sei oque deu em mim
Entortei a boca mostrando nenhum pouco de pena dela que parecia confusa com tudo isso. Passei meu peso para o outro pé ficando mais perto do meu pai que nem se movia ali observando a situação.
-se quiser mesmo se desculpar, faça isso indo embora daqui agora
Falei sendo fria e grossa demais. Mas ainda sem senti pena dela quando me olhou juntando as sombrancelhas e por um segundo passou os olhos pelo rosto do meu pai que ficou tenso aqui do meu lado. Percebi ele me olhar também, mas não tirei meus olhos dela.
-Miah...
-não me chame assim Marie!
Gritei agora descruzando meus braços alertando ela pra parar de usar esse nome para se referir à mim. Ela recuou e passou os olhos nele de novo como se tivesse avisando pra ele me segurar. Eu só esperava que ele não tentasse porque se ela usar esse nome mais uma vez eu vou perder meu controle que está por um fio de linha de costurar.
-filha... Não precisa ser tão dura com ela...
-quer que eu seja mole então? Esqueceu oque ela fez comigo!?
Me virei na sua direção ficando na sua frente apertando meus punhos. Ele olhou para os dois lados respirando fundo antes de voltar a me olhar, pude ver que ele estava tentando manter sua forma e procurava paciência para ter comigo. Mas eu também preciso disso!
-deixe umbra, ela tem razão
Me virei de volta pra ela mantendo minha expressão cautelosa e meio confusa ao mesmo tempo. Esse é meu apelido que eu uso com ele...! Essa vaca tá me estressando em dois sentidos agora. Primeiro vem até aqui pra me matar! E agora roubando meu pai!
-acho melhor eu ir mesmo
Falou abaixando o rosto se dirigindo até a porta bem devagar, olhei para ele fechando minha cara esperando ele dizer um "espera" pra mim voar no seu pescoço. Se ele quiser perder uma filha ele pode fazer isso. Mas para sua sorte, ele não fez nada, só a acompanhou com os olhos triste e chateados comigo no final quando ela já tinha passado pela porta. Respirei fundo recuperando meu estado tranquilo e paciente dessa vez, fechei meus olhos e passei as mãos sobre a cabeça relaxando meu corpo. Preciso de outro banho... Aquela vadia me sujou.
-onde vai?
-tomar banho
Respondi seca ainda um pouco estressada com ele mas corri escada à cima apressada querendo chegar logo no meu quarto e no banheiro. E quando eu entrei lá, eu tranquei a porta e fui deixando minhas roupas pelo caminho exausta e fechando os olhos de tanta preguiça e stress na minha vida. Só me coloquei debaixo do chuveiro mantendo meu cabelo amarrado para não molhar e depois sair alguns segundos depois. Me enrolei na toalha e me olhei no espelho do armário. Sou uma aberração filha de uma meia humana e um demônio, repeti e sair de lá abrindo a porta recolhendo meu vestido branco do chão e minha parte debaixo íntima. Não encontrei o tope com renda e acendi luz ofuscando meus olhos, mas algo sentado na cadeira da penteadeira me assustou e me intrigou ao mesmo tempo, isso foi um motivo pra mim não gritar e somente pôr a mão na boca abafando um gemido.
-oi
Me cumprimentou se levantando de lá girando meu tope no seu dedo, se aproximou de mim me deixando com vergonha porque eu estava com trajes não apropriados pra essa visita inesperada. Mesmo assim eu permaneci imóvel ainda com a mão no peito segurando a toalha. Minha faca está na gaveta da penteadeira, não vai dá tempo de chegar lá. Então só fiquei encarando seu sorriso maldoso parando na minha frente a trinta centímetros de mim.
-a alma condenada tá dormindo?
Neguei com a cabeça sem conseguir chama-lo agora por está em dúvida, se eu o chamar, ele vai mata-lo aqui mesmo ou jogar ele pela janela do jeito dele de expulsa-lo. Não quero que ele morra por isso, então acho melhor continuar aqui calada.
-não ia deixar aquilo me fazer passar essa noite sem você
Disse se aproximando mais um pouco fechando os olhos bem devagar pensando me me beijar, mas eu esquivei e aproveitei para pegar meu tope da sua mão indo em direção ao meu guarda roupas me abaixando com cuidado sem deixar nada aparecer.
-então estamos sozinho aqui...? Nesse quarto humano e feminino?
Ignorei escutando o barulho do seu corpo se deitando na minha cama devagar. Meu coração acelerou mas me obriguei a não olhar pra trás e vesti uma calcinha por baixo da toalha tomando muito cuidado ainda sem olhar pra trás.
Mas não precisei porque ele me agarrou pela cintura deixando minha respiração descontrolada quando beijou meu pescoço delicadamente mantendo suas mãos na minha barriga e eu com as minhas no peito segurando minha toalha. Dei um passo para o lado me livrando do seu abraço apertado indo na direção do banheiro para trocar de roupa lá.
-espera aí, tá com vergonha de mim?
Perguntou segurando meu braço tirando minha mão do peito deixando a toalha cair formando um vestido longo somente de um lado do meu corpo. Eu rápido me soltei da sua mão e a recolhi morrendo de vergonha acelerando meus passos para chegar até o banheiro. Ele riu lá e me segurou de novo, dessa vez me colocando de frente para seu corpo me forçando encarar seus olhos com as pupilas dilatadas de uma forma hipnotizante.
-não precisa ir pro banheiro, eu viro de costas
Sorriu mostrando seu dentes deslizando sua mão pelas minhas costas me causando uma sensação horrível que não gostaria de ter sentido. Mas depois ele fez oque disse indo em direção a janela onde se encontrava aberta e deixando sua cortina balançando pelo vento.

Uma garota sozinha na floresta Onde histórias criam vida. Descubra agora