Capítulo 168

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Joseph me levou até uma mansão abandonada no final da rua mas deserta que eu tinha visto nessa cidade. A frente dela me fez ter a certeza que era abandonada, velha, mas bonita e grande. Parecia antiga também, uma das coisas que não sei porque me chamavam atenção, então eu seguir Joseph até a porta e ele deixou eu entrar primeiro gentilmente. Me surpreendi quando me enganei que encontraria ratos, teias de aranhas e buracos no teto e no chão, mas não era assim. Era perfeitamente arrumada, mas claro que ainda tinha o aspecto abandonado e velho. Tinha uma escada bem na frente da entrada e do lado direito tinha uma cozinha imensa e do esquerdo acho que um corredor para quartos e banheiros. Subi as escadas passando a mão no corrimão e tirando o pó que veio nela. Subi devagar acompanhada de Joseph que me observava vendo que eu havia gostado daqui.
-é bonita
Comentei ainda olhando envolta parando no começo da escada e ficando apoiada na continuação do corrimão que ia até a parede de um quarto que eu observei de longe apenas ficando na entrada e depois voltando para ficar no mesmo lugar apoiando meus cotovelos ali olhando lá embaixo. Joseph fez o mesmo ficando perto demais de mim, mas no fundo eu ainda vejo aquele garoto misterioso. Tentei ver pelo lado que ele ainda é, não aquele que me enganou esse tempo todo, posso agir como se fosse ainda minha alucinação.
-vive aqui?
Inventei uma conversa olhando pra ele vendo seu rosto permanecer na mesma expressão como se não tivesse comentado nada. Mas depois ele entortou a boca e olhou pra mim me dando um sorriso fraco e depois abaixando a cabeça parecendo pensativo.
-na verdade passei a viver, eu morava em um orfanato por ter sido deixado lá desde que eu era bebê. Mas não pense que eu fui criado como os outros... Sempre fui diferente e tá na cara porque
Apontou para seus olhos quase mostrando desgosto, mas depois suspirou e encarou o chão lá embaixo.
-minha adolescência eu vivia normal como qualquer tipo de garoto numa escola que eu frequentei a alguns anos atrás, não me lembro até que série eu fui, a única coisa boa que me lembro do meu passado, era uma funcionária do orfanato que cuidou de mim como se eu fosse seu próprio filho. Tá vendo esse laço?
Perguntou de repente virando seu corpo de frente pra mim pegando no laço vermelho no seu pescoço que eu já havia notado muito tempo. Mas estava manchando e aparentemente velho.
-foi ela quem fez pra mim
-ela morreu?
Perguntei de repente sem pensar, mas ele arregalou os olhos e ficou surpreso com minha pergunta parecendo não acreditar.
-não... Ela continua trabalhando lá, só que... É bem raro de eu poder me encontrar com ela
Parecia triste agora, abaixou os olhos e encarou o chão lá embaixo de novo. Eu me senti culpada por ele ter ficado assim, eu poderia ter deixado ele terminar antes de ter interrompido com isso. Em uma forma de conforta-lo eu coloquei minha mão no seu ombro e fiz ele olhar pra mim usando um sorriso leve me deixando sem graça por algum motivo.
-você tá corada
Abaixei os olhos ficando na defensiva na hora.
-eu não fico corada
Disse brava saindo de lá fazendo ele rir, seguir para o quarto que eu havia visto antes. Não percebi que era tão bonito e arrumado, uma cama normal bem grande, acho que era de casal, tinha poucos móveis e era pequeno para uma mansão. Oque me chamou atenção foi um tipo de guarda roupas bem antigo com portas enormes e espelhos sujos. Eu fui até lá mas parei e fiquei me olhando no espelho, eu sabia que não poderia abrir, ia ser falta de educação mexer.
-agora sua vez, acho que mereço saber um pouco mais sobre você agora que já contei um pouco sobre mim
Falou convencido se sentando na cama e se encostando na cabeceira sorrindo pra mim esperando. Eu suspirei vendo que não tinha como discordar, então me sentei em um banco do outro lado do quarto colocando minha mochila no chão e me apoiei na pequena mesa redonda segurando um vaso de flores muchas, na verdade era só os galhos.
-bom... Não tem nada de interessante na minha vida, vivia na floresta... Mas nunca foi assim, eu fiquei sabendo a pouco tempo que na verdade eu tinha mãe, ela é meio humana também... Eu acho
Parei confusa me complicado mas depois voltei e continuei.
-ela me abandonou quando eu era pequena por ser anormal, pelo oque me contaram porque eu não me lembro muito bem, eu crescia muito depressa e era bastante diferente das outras crianças. Eu sei que ela me criou até meus dois anos, mas depois resolveu me entregar a meu pai que cuidou de mim e ainda cuida, ele me contou que ela não...
Parei respirado fundo ignorando aquela tristeza que não sentia a muito tempo. Eu não podia derramar uma lágrima por causa dela, eu não vou ficar assim por causa dela...
-meu pai disse que ela não suportou os meses que teve que me aguentar dentro dela, me chamou de monstro quando nasci, pediu para que ele me levasse da vida dela... Pediu pra ele nunca mais aparecer na vida dela
Estava chorando, eu tentei mas não conseguir. Fiquei com raiva da minha própria fraqueza estúpida, passei as mãos nos olhos com raiva abaixando minha cabeça com vergonha. Eu odeio ter que admitir que me sinto assim por causa dessa história.
-desculpa eu não quis...
-tudo bem
Falei antes que pudesse terminar voltando ao normal. Eu olhei pra ele me observando com cuidado com certeza se sentido culpado também por ter me feito chorar aqui. Mas a culpa não é dele, nem chega perto de ser.
-e agora, adivinha
Pedi unindo minha sombrancelhas, também sorrir gozando da minha própria situação. Ele não disse nada e ficou triste junto comigo, passei as mãos nos olhos antes de continuar.
-ela tá tentando se aproximar de mim, mas eu vou deixar isso acontecer, ela não vai entrar na minha vida e nem na do meu pai mais!!
Estava quase gritando e histérica, ele me olhava sério mais parecida entender isso. Mas acredito que não.

Uma garota sozinha na floresta Onde histórias criam vida. Descubra agora