De noite eu estava na cozinha comendo aqueles bolinhos salgados de novo enquanto assistia o noticiário me preocupando muito quando descobriram o corpo daquele garoto e a garota que eu ataquei naquela noite. Nenhum momento me mencionaram, mas mesmo assim eles falaram que a cidade está assustada, mas eu não me importava com isso. Tenho certeza que coisas piores acontece por aí a muito tempo de eu existi, de alguma forma fico assustada, não quero ser pega por eles de novo. Isso também não posso evitar, não consigo entender porque tenho essa natureza. Não sei de muito coisa sobre mim mesma ainda, acho que nunca vou descobri, se existem outros parecidos comigo... Só me lembro de um alguém que Lucy disse que não poderia me lembrar. Mas também não tenho lembranças específicas sobre isso, então acho melhor não tentar lembrar já que ela disse que ele não merecia. Que estranho, sinto aquilo de novo de ter perdido alguma coisa, mas não quero me esforçar para lembrar.
Peguei meu uniforme de trás da geladeira e para meu azar já estava seco, fiz uma careta ainda me lembrando do dia de amanhã, tenho que aguentar mais três dias até chegar o fim de semana, onde posso passar dois dias sem suportar aquilo. Isso é tão injusto, já basta passar um ano numa escola chata, só temos dois dias para descansar. Não entendo esses seres burros.
-você que deixou isso aqui na varanda?
Ele perguntou quando abriu a porta me assustando, na sua mão direita estava minha barra de ferro ainda manchada de sangue, eu não a deixei na varanda. Eu escondi embaixo do banco pra ninguém ver, achei que se deixasse dentro de casa ele poderia descobri.
-foi
Admitir cutucando o bolinho nas minhas mãos separando ele em dois pedaços comendo um e mastigando devagar sem olhar pra ele. Não sabia oque ele pensava sobre isso, mas apenas deixou a barra de ferro no chão e suspirou parecendo cansado de alguma coisa, eu o acompanhei com os olhos até ir para seu quarto fazer alguma coisa. Não poderia ter ido na casa dela porque eu fui lá assim que ele saiu daqui, eu esperei ele escondida quase uma hora, e ele não apareceu. Precisei fazer isso para me sentir melhor, ela também trabalha então só volta de noite, que é a hora que ele chega em casa. Então eu posso ficar tranquila porque não conseguir tirar aquela teoria da minha cabeça e jogar bem longe.
Fui para meu quarto depois que tinha terminado de comer, eu estava me lembrando dos deveres de casa que não eram poucos, eu acho que só consigo fazer as contas malditas.
Tomei um susto quando eu abri a porta e o encontrei de costas pra mim perto da minha cama, ele estava parado demais chegando a me assustar de novo. Ascendi a luz já me tremendo quando eu percebi que ele segurava alguma coisa e o banco da penteadeira estava vazio. Senti um instinto gritando dentro de mim para sair correndo o mais rápido que conseguia daqui porque eu não vou conseguir me defender sobre isso.
-alguma coisa me diz que essa jaqueta não é sua
Ele se virou usando uma voz assustadoramente normal e calma, segurava aquela maldita jaqueta com um dedo, que estava deformado só para me assustar ainda mais. Ele está fazendo isso de propósito, sua mão inteira estava daquele jeito, eu não conseguia ver até onde aquilo ia porque ele usava uma blusa preta de mangas. Mas mesmo assim eu não conseguia dizer nada por está congelada aqui, minha mão na maçaneta da porta... Só preciso me virar e sair correndo escada abaixo. Mas é claro que não é uma boa ideia, é mas... Não posso.
-é...
Parei quando percebi que minha voz estava falhando pelo medo, eu limpei a garganta e passei a mão na minha nuca largando a maçaneta e encostando a porta ganhando tempo. Ele trocou de posição ali em pé, uma posição que dizia que oque ele desconfia já tinha tirado a conclusão de que ele está certo. Abaixei a cabeça tentando pensar em alguma coisa mas não conseguia, meus pensamentos estão bloqueados com o medo de contar a única coisa que estava na minha cabeça.
Dei um passo para frente ficando perto da minha cama, onde me ajoelhei e sentei nos meus pés como fazia quando tinha que dizer algo difícil a ele. Quase como uma posição que eu usava para pedi piedade, mas agora acho que tenho chance de contar sem que ele fique tão braço comigo. Respirei fundo sem levantar a cabeça e comecei.
-eu estava voltando pra escola, e apareceu um garoto... Ele quis me proteger da chuva então me deu essa jaqueta... Ele é amigo meu
Mordi minha boca com força me encolhendo aqui, eu não sei porque tanta raiva de algo que não significa nada. Eu queria perguntar porque tanta preocupação com isso sendo que não é oque ele pensa.
-só isso?
-sim senhor
Respondi rápido aproveitando que percebi que sua voz estava calma de verdade agora. Levantei a cabeça devagar ainda tomando cuidado em encara-lo, mas ele estava normal... Apenas com raiva ainda segurando aquela jaqueta com sua mão normal também. Respirei aliviada quase desmaiando porque essa situação foi a pior que já passei na minha vida, e também a que conseguir convence-lo tão fácil. Isso está errado... Tem mais alguma coisa...
-vai me levar na escola amanhã não é?
-sim
Sabia. Nunca que ele iria deixar isso pra lá e simplesmente fingi que não aconteceu, eu não vejo tanto problema em ser acompanhada por ele amanhã. Mas mesmo assim eu sinto que ninguém pode se aproximar de mim com ele por perto, mas não tenho amigos e isso não é um problema... Eu acho.
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Uma garota sozinha na floresta
FantasyEu não tenho nome e nem sei direito oque sou. Eu tenho a forma de um ser humano, mas meu pai diz que não sou um. Meu "pai" porque ele quem cuida de mim. Eu quase não tenho muito contato com ele, vivo quase sempre sozinha andando pela floresta tentan...